Prazer, Jake.

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Edward chegara em casa pensativo, não queria conversar. Queria um tempo para si mesmo, um tempo para poder organizar seus sentimentos e refletir. A voz agora se calara, porém nunca a tinha ouvido tão claramente. Não podia mentir para si mesmo, estava assustado. Estaria ficando louco?

Sua mãe Hannah, o recebeu com um sorriso e o acompanhou subindo a escada até seu quarto, o interrogando de maneira incansável:

- Como foi Edward? Fez algum amigo? No meu tempo, eu era líder de torcida... foi a melhor época de minha vida.

- Mãe, não estou me sentindo muito bem. Vou tirar um cochilo, okay?

Hannah preocupada sentiu a temperatura em sua testa e o deixou sozinho no quarto para descansar.
Em uma tentativa de esquecer o início de uma jornada que duraria mais alguns anos, pegou no sono.
De repente, estava em um trem, uma mulher de cabelos vermelhos roncou ao seu lado fazendo ele acordar. Ainda confuso, viu sua imagem refletida no vidro sujo de poeira no vagão. Um homem em torno dos 30 anos, barba bem feita e olhos penetrantes o encarava. Fazia muito frio, e a mulher ao seu lado encostou sua cabeça e se aconchegou no seu ombro. A próxima estação chegara e a mulher acordou de maneira súbita.

- Jake? - Sussurrou sua doce voz para ele.

Edward acordou suando, o coração batia forte, e sentiu seu rosto para se certificar que estava acordado. O que tinha acontecido? Ele sentiu o frio, e o doce perfume de jasmim da pessoa ao seu lado e as pessoas conversando ao seu redor. Por um instante, não foi mais o Edward.
Foi o sonho mais vivido que tivera em toda sua vida, chegou a ficar enjoado e decidiu levantar logo.

Se apressou a descer a escada já crente de que tinha perdido a consulta com sua psicóloga. Sua mãe o tinha obrigado a ir, e essas consultas tinham começado no ano anterior, depois de seu pai... foi indicação da própria escola.

- Já ia te acordar Ed. Vamos, vou te esperar no carro. - avisou sua mãe pegando seu casaco já que estava frio lá fora.

No carro sua mãe o entreteve contando sobre seu dia. As receitas que tinha aprendido e pretendia fazer para eles, o jeito do vizinho novo que não se mostrou muito simpático quando a senhora Dolores foi se apresentar para ele, coisas que eles tinham que comprar no mercado. Edward sabia que sua mãe estava tentando distrai-lo, já que inicialmente ele foi contra as sessões com a doutora.

- Mãe, o papai também tinha algum problema psicológico?- Perguntou sem rodeios.

- Você não tem nenhum problema Ed, nos vamos na psicóloga para ajudar você...

- A me ajustar?

- Só quero que você seja feliz Ed.

- Eu não lembro do que aconteceu mãe, eu juro.

Ano passado tinha sido o pior ano da vida de Edward, já que seu pai tinha falecido. Mal ele sabia que esse ano seria ainda pior.
Ele e sua mãe nunca falavam do acontecido, e nem em como se sentiam nem indiretamente. Talvez Hannah achasse que não falando, doeria menos.

O mais perturbador era que Edward não lembrava como acontecera. Quando confessou a sua mãe não lembrar, ela foi incisiva na terapia, mesmo não querendo contar pra ele do ocorrido.

O despertar de EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora