Capítulo 1

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Helô? Filha, os músicos já chegaram lá, vem logo!! Seu irmão já te espera faz mais de 1h aqui em baixo. - minha mãe me chamava pela quinta vez naquela noite.
Hoje era o aniversário do meu irmão, a comemoração seria na Tienda do Juanito, que por sinal é um cara muito legal. O cara era um engenheiro mega conhecido que simplesmente deixou tudo o que construiu em Nova York para vim morar aqui em Cartagena. O maluco virou nosso vizinho e abriu um bar há uns 600m daqui de casa.
Pois bem, trabalho lá na Tienda como cantora às quintas e sábados, e às vezes ele me chama pra trabalhar como garçonete; normalmente em alta temporada, como agora, sou bastante requisitada por lá.

Termino por passar o batom, pisco para minha própria imagem refletida no espelho e analiso minhas curvas. Tudo em mim está lindo, nada é capaz de detonar minha autoestima  hoje, disso tenho certeza! Concluo com 3 borrifadas do meu querido  Miss Dior EDP, e caminho até a sala.
Lá está o meu irmão, sorrindo com a tela do celular, isso só pode ser M&M... ou é meme ou mulher.

- Caramba, Heloísa... hoje tu tá bonita! Hoje é a tua chance  de conseguir um 'Véio da lancha'.
- Hahaha, meu amor, a tua sorte é que hoje nada vai me tirar do sério. E também, por ser hoje o teu aniversário vou deixar pra zuar com a tua cara amanhã. Pensa que eu não sei que o 'Vovozinho Francês' botou pressão em ti ontem?- saio gargalhando horrores, satisfeita após ver o rosto dele mudar rapidamente de deboche para raiva.

Já dentro do carro Guto me pediu para não contar nada pra ninguém caso eu notasse sua falta, talvez se ausentaria lá pras 1h da madrugada. Ficamos combinados assim, mas essa ele fica devendo, já até perdi as contas de quantas vezes acobertei as saidinhas noturnas dele.

Quando chegamos, o Guto recebeu muito carinho de todos os amigos e conhecidos, na verdade, notei que até algumas desconhecidas bêbadas se jogavam contra ele, que as segurava firme impendindo-as de se espatifar no chão.
Segui sozinha para a parte interna do bar, fui até o Juanito, que conversava com a minha mãe.
 - Helô, já ia colocar sua mãe pra subir no palco e substituir você- Juanito com sempre um exagerado. Rolei os olhos e exigi minha água. Água era o meu combustível para permanecer no mini palco cantando e dançando por mais ou menos 3h.
Mirei o visor do celular e vi que se aproximava das 22h, me preparei para começar enquanto via uma movimentação de caras novas no local, todos turistas, certeza.
Percebi meu irmão entrando no salão e vinha falando animadamente com um trio de homens altos, dois brancos e um negro, quem seriam aqueles? Pela minha habilidade de leitura labial, falavam português... brasileiros?
Senti alguém me 'cutucar' com os cotovelos, era o Juanito que já estava com o microfone em mãos, como fazia sempre ia dar as boas vindas ao público e eu lá parada feito uma estátua. Afastei-me um pouco e após as formalidades...dá-le cumbia e reggaton.

Terminei a apresentação satisfeita, nunca tinha visto tanta gente balançando o esqueleto como hoje.
Me sentei próximo ao balcão e pedi um mojito.
Logo, vejo Guto caminhar em minha direção sendo seguido pelos três escoteiros.
- aqui sua bebida, guapa! Hoje é por conta casa para todos os funcionários, ordens do Juanito. - É hoje que eu só chego amanhã nessa porra de casa, disse para mim mesma em pensamento.
Senti um cheiro conhecido se aproximando, era o Guto chegando. Ele me abraçou de lado e tratou de fazer as devidas apresentações.
- Amigos, essa aqui é a minha encantadora irmã Heloísa, podem abracá-la mas com respeito- fingiu ciúmes, coisa que ele não tem. Mas fingiu bem.
- Señorita Heloísa, es un placer conocerla. Sou Raphael, seu mais novo fã, você é uma artista completa. Como pode você ser tão babaca e ter uma irmã maravilhosa dessa?- disse o moreno mais alto dentre os três ao me depositar um beijo na bochecha esquerda.
Obrigada, Raphael, também virei sua fã por lançar verdades na cara do Guto. É um babaca mesmo- meu irmão me olhou perplexo e indignado, por essa ele não esperava mesmo.
Nós quatro sorrimos da cara dele, foi sensacional.
- Cara, tu não têm moral nem com a tua irmã, pelo jeito o senso de humor é de família. - o loiro se aproximou e me deu um abraço- Meu nome é Willy, mas pode me chamar de patrocinador de novinhas.
Vi os amigos dele caírem na risada e soltarem um "esse cara é muito atrevido, pô".
-Ata. Muito bonito esse teu codinome, podia ter trazido uma plaquinha e usar no pescoço. O que mais tem aqui é puta querendo ser patrocinada. - respondi rapidamente usando o meu talento, 100% fluente em português e debochada.
Olhei para o último a conhecer, e ele estava sério, parecia um pouco tenso, mas era o homem, esse sim eu teria prazer em conhecer. Alto, musculoso, tinha uma tatoo que ultrapassava um pouquinho a gola camisa que   usava. Me amarro em caras tatuados, e esse eu quero pra mim.
-E você? Tem nome?- perguntei divertida com um sorriso no rosto.
Pra minha sorte ele abriu um  lindo sorriso, e ainda fez um mini suspense, tomou um gole de cerveja, tirou a mão  direita do bolso da calça branca, que lhe caia super bem, e me beijou uma das mãos. Estava vidrada naquele cara, acompanhava todos os seus movimentos atentamente.
- Me chamo Vicenzo, muito prazer.
Ai ai... se ele soubesse que o prazer vem depois 🔥

Virei de uma única vez o que restava do meu Mojito, pedi outro e segui com os quatro rapazes até a mesa em que eles estavam.
Engatamos em uma conversa bem legal, e de cara gostei bastante dos três, Willy se mostrou o mais palhaço, mas eu sempre que podia mostrava a ele que era a dona do circo. Era hilário vê-lo decepcionado por não conseguir completar a piada. Mas depois relaxei, ele continuou falando muita merda, mas eu já tava meio tonta. O relógio marcava 1:45h da madrugada, Guto tinha acabado de sair pro 'esqueminha' dele, segundo Raphael, subiram três francesas na caminhonete com ele. Vi que o Vicenzo saiu do bar, acho que foi atender uma ligação. Fiquei sozinha na mesa, olhando o movimento, já tinha diminuído um pouco, mas tinha uma galera muito louca dançando. Bebi mais uma caipirinha alí sozinha e comecei a sentir tudo girar, tentei levantar e fiz um grandioso esforço em piscar os olhos, se os fechasse dormiria alí mesmo na cadeira. Naquela hora me deu uma vontade de ir ao banheiro, minha bexiga estava quase estourando de tão cheia.
Caminhei lentamente até o banheiro, ia me apoiando nos móveis e paredes que encontrei. Aliviei a bexiga, e em seguida lavei as mãos e arrumei com as mãos o cabelo, estava alinhado ainda. Ia saindo, do banheiro, andando pelo corredor pouco iluminado, quando ouvi quatro tiros e gritos desesperados. Fiquei paralisada, calada, sem reação, até que alguém me puxa com força pela cintura , me forçando a voltar ao banheiro feminino. E os tiros continuavam a ser disparados.
- se quiser ficar viva, não grita.- o homem sussurrou em meu ouvido e colocou a mão sobre a minha boca.
Mas, calma aí... Eu conheço essa voz. Queria morrer naquele momento.

Iniciando...
Hasta la vista baby 😄


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⏰ Última atualização: Oct 22, 2020 ⏰

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