capítulo único.

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N/A: avisos de gatilho: morte e gore.

boa leitura! 💕

•••

“Frank.” Gerard mal podia enxergar pela falta de iluminação, mas percebeu quando o menino deixou de observar as estrelas para prestar atenção no outro. “O que você sonhava em ser antes de toda essa merda acontecer?”

Frank sorriu. “Eu queria ser músico,” ele disse. “Tocar guitarra numa banda. Fazer minhas músicas serem conhecidas. O foda é que meu avô e meu pai eram bateristas. Eles sempre me olhavam de um jeito estranho quando eu escolhia praticar guitarra em vez de bateria. Meu pai, quando eu disse que queria entrar numa banda, ficou puto. Disse que eu devia estudar e focar só na escola.” Ele riu, voltando a olhar para o céu estrelado. “Enfim, o que você queria ser antes de tudo?”

“Eu também queria ser artista. Criar minhas próprias hq’s. Eu amo histórias em quadrinhos, você não tem ideia do quanto. Quem me deu a minha primeira foi minha vó. Daí, eu me apaixonei. Comecei a ler mais e mais delas, e quando eu vi já estava planejando ir ’pra faculdade de Arte lá em Nova Iorque.” A voz de Gerard carregava saudade e amor e, honestamente, Frank entendia. Ele se sentia da mesma forma.

“Eu já ouvi você falar da sua avó antes. Ela era muito especial pra você, não era?” Frank perguntou gentilmente. Ele sabia que esse era um tópico sensível para Gerard, e não queria ver o amigo chorar.

“‘Pra caralho. Foi ela que me ensinou a me envolver mais com arte. Ela me incentivava, me apoiava em tudo.”

Um silêncio desconfortável se instalou entre eles. Frank entendia bem até demais a dor de Gerard, mas ele ainda não queria falar sobre seu avô. Ele provavelmente não conseguiria falar duas palavras sobre ele sem começar a chorar descontroladamente. Fazia pouco tempo desde sua morte e ele ainda não estava pronto. Então, em vez de dizer algo, ele apenas pegou a mão de Gerard e entrelaçou seus dedos com os do outro.

O céu ficava mais claro com cada minuto que passava. Os dois estavam deitados no chão, esperando o sol nascer e conversando para passar o tempo.

“Então, Frank… Você disse que seu pai não queria que você entrasse numa banda. Eu imagino que você não escutou ele?”

“Lógico que não!” Frank riu, levando seus joelhos ao peito. “Tocar numa banda era meu sonho desde pequeno. Digo, eu estudei muito, quando a gente ainda ia pra escola. Quanto tempo faz isso, mesmo?”

“Uh… Acho que já fazem pouco mais de dois anos desde que as nossas vidas viraram um filme de terror barato. Por aí.”

“Caralho. Não fazia ideia. Acho que o tempo passa rápido quando a nossa única preocupação é sobreviver.” Frank escutou Gerard murmurar sua concordância e lembrou de algo. “Ah, e falando em filme de terror barato, eu sempre soube que se não fosse músico, eu iria fazer monstros em filmes de terror. Tipo, atuar e essas merdas.”

“Essa é nova,” Gerard riu. “Você parece ter uma obsessão não muito saudável com qualquer coisa que envolva terror. Por quê?”

“Cara, eu nasci no Halloween. Cresci tendo festas de aniversários à fantasia e saindo ‘pra pedir doces e  travessuras. Eu assistia tantos filmes de terror com, tipo, uns 10 anos. Acho que isso responde sua pergunta.”

“É como se você tivesse saído de um livro, eu juro.” O mais velho disse, balançando a cabeça.

Eles continuaram conversando e logo a única estrela visível no céu era o sol. Gerard se sentou — ficando levemente desapontado quando não sentiu mais o calor da mão de Frank na sua —, abriu a mochila e tirou seu caderno de anotações de lá. Ele folheou o mesmo até chegar nos calendários e checou o dia. 30 de outubro. Suas sobrancelhas se arquearam por si próprias e ele percebeu, de boca aberta, que o aniversário de Frank era no próximo dia.

tragic sunsets over monroevilleOnde histórias criam vida. Descubra agora