Capítulo 4

92 11 10
                                    

Eu não sei como, mas minha língua foi parar na boca de Juan.

Sei que teve um consentimento no meio disso tudo.

Num minuto estávamos dançando e no outro...

Agarrados dentro do banheiro.

Culpei meus tropeços e tontura pelas luzes vibrantes em neon.

Deslizei minhas mãos pelo macacão de fazendeiro dele, parte de sua fantasia de espantalho, tentando tirar sua roupa e abaixar sua calça quando alguém bateu, ou melhor, esmurrou a porta do banheiro. Em meio a música alta, era única maneira de escutar algo.

— Eu preciso usar o banheiro!

Antes que eu agisse, Juan abriu a porta, e lá estavam Isadora e Ana Carolina com suas maiores caras lavadas do mundo.

— Ocupado, Chul? — Carol me lançou um sorriso malicioso, e eu abri a boca para responder, contudo, Juan me empurrou para fora do banheiro com uma de suas mãos em minha cintura.

— Por que tenho a impressão que elas não vão usar o banheiro para fazer xixi?

Ele mordeu o lóbulo da minha orelha.

— Porque a gente também não fez isso.

Eu soltei um risada, enquanto passávamos por Rafa e Ty, quando o loiro deu um grito.

— EU SABIA! Me deve 10 reais, Tyler. Aposta é aposta.

— Eu não tenho dez reais. — O garoto de cabelos castanhos respondeu.

— Então vai ter que me pagar de outro jeito... — Rafael chegou beijando seu pescoço e ambos se encostaram na porta do banheiro e começaram a se pegar.

Entendi que havia chegado naquela parte da festa que todos estão com um fogo no cu danado e está tão calor que nem parecia que o mundo ameaçou acabar em água mais cedo.

— Acho que o banheiro é o novo cabaré. — Juan falou.

— Sem dúvidas.

— Alguém disse cabaré? — Rebecca apareceu de mãos dadas com João Pedro, fazendo uma dança sensual com o que seja lá o que for que estivesse tocando, porque eu não sabia. Meu cérebro virou geleia e não processa mais nada.

— É o banheiro. — Respondi. — Tem uma ótima ambientação se desconsiderar o cheiro de urina e vômito.

Ela fez uma careta.

— Está ruim assim?

— Suportável.

— Sorte que não sou eu que vou limpar.

— Provavelmente eu ou o Tyler ficaremos com essa missão.

Rebecca suspirou.

— Ok, chega de pensar no amanhã. Bora mexer essa raba!

Ela me arrastou junto com Juan para pista de dança.

Tyler tinha razão. Rebecca era mesmo muito legal.

Perco a noção do tempo. Tudo se torna flashes em minha memória entre suor e brilho, ainda que aquela casa estivesse habituada para ser assustadora, eu estava radiante. Estou radiante. Como se realmente vivesse na Terra do Nunca e jamais fosse crescer. Sem preocupações com o futuro ou qualquer outra merda da vida adulta que está por vir.

Essa noite, eu sou Peter Pan.

Dancei com meu corpo colado no de Juan, Ty, Rafa e quem quer que estivesse por perto. Isa e Carol não demoraram a se juntar com nosso grupo, depois de usarem "devidamente" o banheiro.

Eu sou Peter Pan | Conto de HalloweenOnde histórias criam vida. Descubra agora