Capítulo 02

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Passava das 18hrs e XingChen ainda estava na biblioteca, ele aproveitava o silêncio das férias para usar sua barulhenta máquina de escrever em braile e seu aplicativo de leitura de livros, uma ferramenta que seu irmão havia desenvolvido pensando nele que consistia apenas em posicionar a câmera do celular nas páginas de qualquer livro, que o próprio software leria o que estivesse digitado ali, bem, haviam algumas falhas de leitura dependendo da fonte ou se o papel fosse velho ou estivesse danificado, mas era de grande ajuda, e claro, depois de passar nos testes do mais novo, a empresa da família começara a comercializar também. 

-Oh, XingChen, ainda está por aqui? – perguntou seu orientador aparecendo na biblioteca – Vá para casa, rapaz. - ele olhou a mesa, repleta de papéis, recipientes e sacos vazios de comida e lanches, e os livros que ele ajudara o jovem a escolher pela manhã.

-Olá, professor! Já estou terminando essa parte, vou logo, logo. – o sorriso estava lá, mas sequer tinha força, o mais velho podia imaginar que por baixo dos óculos escuros seus olhos estavam caídos e sonolentos, ele estava claramente exausto.

-Você se esforça demais, jovem. É digno de ser o aluno número 1 do nosso departamento. Vamos, vou te ajudar a guardar as coisas, a biblioteca já vai fechar.

-Obrigado, professor. 

O homem jogou as embalagens no lixo enquanto o rapaz separava as folhas que ele escrevera dos livros que já havia “lido” e marcava os que ainda estavam pela metade.

-Vai levar esses? – perguntou vendo que o rapaz separava os livros em duas pilhas.

-Sim, estes eu ainda não terminei.

-Certo, certo. Sua carteirinha de aluno não vai passar durante as férias, mas a minha de professor passa, cuide bem deles, tá?

-Pode deixar. Obrigado. 

-Não me agradeça tanto. É um prazer ser orientador de um aluno tão bom. Seus pais devem ter muito orgulho de você.  

-Não faço ideia do que eles pensam sobre mim. – ele deu uma rápida risada.

-Com certeza se orgulham de você. Vou guardar os livros que você já terminou, certo?

-Certo. Obrigado mais uma vez. – o homem se afastou para colocar os livros de volta nas prateleiras correspondentes enquanto o rapaz arrumava sua bolsa.

-Já conseguiu alguém para digitar seu trabalho?

-Ainda não procurei, mas vou começar amanhã mesmo! 

-Vai entregar digitando e em braile?

-Sim, senhor. Quero publicar dos dois modos. 

-Muito bem, muito bem. – parabenizou orgulhoso. Podia-se dizer que XingChen era amado por todos os professores, o que fazia os outros alunos implicarem ainda mais com ele – Vamos? – perguntou observando que o rapaz já tinha guardado tudo.

-Vamos. – respondeu pescando a guia de dentro da bolsa abarrotada e desdobrando-a. 

-Vai esperar alguém?

-Hm... – ele pareceu pensar por um instante, ainda não estava no horário que havia combinado com ZiChen e não queria incomodá-lo, então decidiu que iria voltar sozinho e fazer uma surpresa dizendo “Viu? Estou inteiro, não precisa ficar de olho em mim 24hrs por dia”, ele sorriu divertido ao pensar naquilo – Não, não. Vou Sozinho.

-Tem certeza? Posso te dar uma carona.

-Não se preocupe, eu moro ao lado do campus.  

-Tudo bem, cuide-se. Tenha uma boa noite.

Incoincidência [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora