Cap. 1

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Maya corria animadamente pela casa enquanto balançava uma carta.

- A inscrição chegou Lores, você deve participar. - Ela disse decidida.

Revirei os olhos.

- Sabe bem que não tenho interesse algum.

Maya era três anos mais velha do que eu, já havia passado da idade de inscrever-se para a seleção, portanto, queria desesperadamente que eu o fizesse.

- Sabe bem que precisamos. Eles pagam por sua estadia, por favor, ao menos pense no assunto. Imagine, ser a princesa de Áquila, céus, porquê não nasci um pouco depois?

Ela juntou as mãos fazendo uma súplica. Ri de sua atuação.

- Certo. Mas tenha em mente, eu não quero ser a princesa do príncipe Adam. Agora se me permite, a floricultura me espera, afinal, só me pagarão por minha estadia lá caso eu trabalhe.

Ela fez língua e após lhe mandar um beijo, sai pisando duro.

- Dê um beijo em Stef por mim, por favor.

Maya, Stefane, eu e papai vivíamos em uma situação financeira não tão boa, apesar de ele se esforçar ao máximo as coisas eram extremamente difíceis. Fazíamos parte de uma das castas mais baixas da sociedade. Raramente arrumávamos um emprego, éramos de certa forma "excluídos" por nossa pobreza. Eu havia arranjado um trabalho de meio expediente e tentava conciliar os estudos, mesmo que fosse extremamente cansativo, não havia um modo de vivermos sem o meu salário. Enquanto isso Maya ficava responsável por tomar conta de Stefane, que apesar dos dez anos ainda precisava ser olhada. Papai trabalhava em tempo integral, portanto mal parava em casa. Me lembrava vagamente de minha mãe, eu tinha apenas sete anos quando ela faleceu devido a complicações no nascimento de Stef, e lembro-me desde então vivermos em uma situação complicada.

Caminhei até a floricultura em passos lentos, carregava um livro em mãos e o lia mesmo em movimento. Leitura sempre foi um grande vício para mim, era como se eu pudesse estar em todos os lugares que lia, era como se de fato eu me transportasse para lá, portanto, eu já havia estado em milhões de lugares magníficos e tido diversos amores, bom, ao menos na literatura. Na realidade, eu nunca havia saído de Áquila e tinha um namoro escondido que já se estendia a dois anos. Bash sempre fora um bom amigo, desde que perdi minha mãe lembro-me dele ao meu lado, mesmo que fossem vagas lembranças. Mamãe era muito amiga da mãe de Bash e quando ela faleceu a senhora Steve e seu marido nos fora de grande ajuda. Anos mais tarde, seu pai também veio a falecer e eu fui seu apoio.

Ele estava ainda uma classe abaixo de mim, se fosse para nos separar por números eu diria que eu seria o cinco e ele estava próximo do sete, e esse era o motivo de nosso relacionamento escondido. Era quase uma lei que garotas de classe tão baixa como eu se casassem com rapazes da quatro ou três, raramente encontrávamos algum dois ou um que nos quisesse, mas levando em conta que o um era parte da realeza, com a seleção isso se tornava algo mais fácil de acontecer. A Seleção se consistia em : Uma tradição do reino de Áquila que já se estendia a séculos. No intuito de mostrar ao povo "a importância da população inferior" a realeza levava ao palácio 25 garotas e lá, mesmo as de classe mais baixa tinham a chance de tornar-se a próxima rainha, uma tremenda bobagem.

Estava tão distraída que sequer vi o rosto de quem meu corpo se chocou, tomei um imenso susto quando o livro que eu tinha em mãos caiu. Ele se abaixou rapidamente e me entregou.

- Olhe por onde anda mocinha.

Ouvi sua voz e meu coração bateu mais rápido, mesmo com os anos todas as sensações que ele me causava eram indescritíveis. Ergui a visão, e lá estava ele me fitando com seus lindos olhos azuis transmitindo a saudade que também sentira, o cabelo caia levemente em sua testa e sua barba estava por fazer. Bash havia acabado de voltar de uma viagem que fizera a procura de emprego. Céus,como havia sentido sua falta. Minha vontade era de jogar meus braços em volta de seu pescoço, beija-lo e abraçá-lo ali mesmo.

- Você voltou. - Eu disse animada.

Ele fez que sim com a cabeça enquanto um sorriso doce permanecia em seu rosto.

- Após seu expediente, na casa da árvore.

Bash tocou minha mão discretamente e deu de ombros. Todos os dias - ou quase todos - nos encontrávamos escondidos na casa da árvore em que costumávamos brincar quando éramos crianças.

Continuei meu caminho enquanto suspirava pelas ruas. A floricultura já estava aberta e o senhor Maxuel já me esperava na entrada.

- Bom dia senhor Maxuel.

Saudei o homem que por sorte havia me dado a oportunidade de trabalhar. Não era comum que mulheres trabalhassem, ou estudassem, a maioria de nós sequer sabia ler, mas eu não gostava da ideia de ser leiga e tampouco ter que depender apenas de meu marido quando me casasse. Até mesmo porquê, eu não me casaria com um quatro, tampouco com um três, dois ou um. Eu me casaria com um quase sete.

- Bom dia senhorita Caster. Não se esqueça de aguar as roseiras, diante do tempo seco vejo que estão quase implorando por um refresco. - Ele sorriu e se retirou deixando-me com bastante trabalho a ser feito.

Apesar de um pouco severo, ele era um bom homem, havia perdido a esposa a poucos anos e como sua homenagem abrira a floricultura e a chamara de Stela.

Ps: No final de cada capítulo vou colocar uma citação.🥰

Vou postar esse capítulo para dar um gostinho, os demais vão ser postados quando o livro estiver concluído

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Vou postar esse capítulo para dar um gostinho, os demais vão ser postados quando o livro estiver concluído. ❤️

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