Cap. 4

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- Podemos conversar? Digo, em particular.

As garotas se entreolharam e a senhora Stive assustou-se com meu pedido, pude vê-la me observar atentamente por alguns segundos. Sebastian permaneceu em silêncio, estava tão surpreso quanto elas.

- Oh... Claro, querido, acompanhe a senhorita. - Ela se manifestou diante do silêncio.

Ele abriu um sorriso forçado e me seguiu.

- O que houve Lores? Quer que descubram tudo? Colocaríamos tudo a perder, sabe disso . - Havia um tom severo em sua voz, e era tudo o que eu menos precisava.

Após constatar que estávamos sozinhos joguei meu braço em volta de seu pescoço abraçando-o e comecei a chorar.

- O que houve? - Ele perguntou, me afastando enquanto acariciava meu rosto e secava minhas lágrimas.

- Está tudo arruinado, o senhor Maxuel não poderá continuar me pagando, não tenho mais um emprego.

Ele deixou a marra de durão de lado e retribuiu o meu abraço enquanto eu soluçava em seu ombro creio que tenha percebido que eu não iria ali caso não tivesse um bom motivo. Ele emoldurou meu rosto com as mãos.

- Eu sinto tanto Lores, prometo pensar em uma solução e prometo que a acharei ... Mas ... Aqui é muito arriscado. Nos vemos na casa da árvore assim que escurecer, certo?

Fiz que sim com a cabeça, sem estrutura alguma para pronunciar nenhuma palavra. Bash beijou o topo da minha testa e retornou a sua casa, era visível que ele estava distante, talvez algo tivesse acontecido, ou talvez fosse apenas fruto da minha imaginação. Torci pela segunda hipótese, já estava abalada demais, não precisava de mais uma preocupação.

Sem coragem de retornar para casa fui até a casa da árvore, ainda não estava pronta para ver novamente a tristeza nos olhos de meu pai. Abracei os meus joelhos e passei horas ali, chorando e esperando que Sebastian viesse ao meu encontro. Adormeci no chão duro e fui surpreendida quando ele me balançou de leve.

- Lores, acorde.

Dei um pulo diante do susto, mas ao constatar que ele estava ali me lancei em seus braços.

- Você veio .- Sussurrei.

- Claro que vim, acha mesmo que a deixaria sozinha?

Ele acariciou meu rosto e se sentou ao meu lado. Me aconcheguei em seus braços, estava segura.

- Pensei muito, por toda a tarde pra ser exato. Tenho uma ideia, mas talvez você não goste. - Ele disse quase inaudível, voltei minha atenção a Bash. Fiz um leve movimento com a cabeça e ele prosseguiu. - A seleção...

O fitei enraivecida. Ele estava mesmo sugerido que eu tentasse me casar com outra pessoa? Me afastei com brutalidade.

- O ... que? O que está me sugerindo Sebastian? - Indaguei perplexa.

Ele coçou a cabeça.

- Lores ... Eu ... Fui aceito na guarda real. Eu não queria ter que te contar isso assim, num dia tão ruim. Mas em poucas semanas partirei. Minha aceitação foi mais rápida que o convencional graças a minhas experiências com luta.

Senti meu coração se apertar dentro do peito. Sebastian também iria me deixar? Fiz repetidos sinais de negação com a cabeça.

- Portanto quer que eu tente me casar com o príncipe, é isso? - Havia um certo desdém em minha voz.

- Não Lores, não é bem assim. Veja, há tantas garotas da sua idade, sequer sabemos se será sorteada, a chance é de uma em um milhão e você sabe, só de fazer a inscrição as candidatas recebem um auxílio dos governantes por contribuírem com o evento. - Ele disse calmamente.

Balancei novamente a cabeça enquanto tentava conciliar tudo em minha mente.

- E eu também não me perdoaria caso a impedisse de tentar ir atrás de uma vida melhor. Entenda, por favor, eu a amo mais do que qualquer coisa nesse mundo, e por isso quero o melhor para você.

- Eu não quero saber de nenhuma seleção Sebastian. Eu moraria com você até mesmo embaixo de uma ponte e você sabe disso. - Meu coração batia forte no peito e eu não tinha nenhum controle quanto a isso.

Ele acariciou minha mão e passeou os dedos pela pulseira que havia me dado.

- Por favor ... Não dificulte as coisas para mim. - Sussurrou.

- Está terminando comigo? - Mais lágrimas desceram.

- Estou te dando a chance de ter uma vida melhor, de ser feliz. Me perdoe Loren.

Ele se levantou, beijou minha testa e saiu dali, me deixando aos prantos. Bash não se importou com os grunhidos que eu emitia e nem com as lágrimas incansáveis que saiam de meus olhos, ou fingiu não se importar. Como ele pôde? Como pôde me jurar o mundo e depois me tirar o chão? Chorei feito uma criança por horas, era de fato indiscritível a dor que eu sentia. Eu não queria saber da seleção, não queria saber do príncipe Adam e não queria ficar sem Bash. Será que era difícil parar ele entender isso? Eu não queria uma vida melhor, eu queria uma vida ao lado de Bash e isso me seria o bastante.

Quando consegui recuperar minhas forças sequei o rosto e fui para casa. Estava um tanto quanto desnorteada e por mais que não quisesse precisava dar a notícia de que teríamos ainda menos dinheiro a minha família.

Ao abrir a porta papai estava sentado na poltrona . Ele se levantou e me abraçou.

- Olá, meu anjo. Que rostinho abalado é esse? - Ele perguntou enquanto me analisava.

Segurei para não me desmanchar em lágrimas, não podia. Senti vontade de contar tudo que havia escondido a anos, mas não tive forças, apenas o abracei forte.

- Perdi o emprego papai.- Choraminguei em seu ombro.

Senti seu coração acelerar.

- Não fique assim. Nós daremos um jeito.

Papai acariciou meu cabelo e aquilo foi o suficiente, desabei.

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