Capítulo I - Athena Angler

44 2 1
                                    

23/07/2012

Na casa dos Angler's naquela segunda-feira, final de tarde, Elizabeth e Robert terminavam os últimos detalhes para a festa de aniversário de sete anos de Kayel, que ocorreria no final de semana, quando as crianças chegaram da escola. Ao passarem pela porta começou-se a especulação.

- Cadê a festa? - Kayel perguntava.
- Nós já conversamos sobre isso - respondia Beth.
- Que saco! Pra que fazer festa? Vem tudo aquelas crianças chatas gritando - Athena dizia de modo dramático.
- Athena, para já de loucura!! - interrompeu Robert.
- Os dois já para o banho. Apesar de não ter festa hoje, vamos ter bolinho! - Elizabeth dizia animada, fazendo com que Kayel vibrasse.

Já era quase hora de cortar o bolo, quando Elizabeth subiu para verificar se os pequenos estavam prontos; ao abrir a porta do quarto de Athena, se deparou com a menina sentada na cama, ainda de toalha, a olhar pela janela.

- Athena! - exclamou Beth - Ponha já a roupa! E esses cabelos?! Cadê sua escova? Vou arrumar para você. - a mãe disse.
- Não quero fazer nada - a menina dizia emburrada.
- O que houve filha? - Beth perguntou preocupada com o comportamento da garota.
- Levaram fotos com a mãe hoje pra escola. Por que você não tem foto minha no hospital? Cadê minha pulseirinha? A carteirinha com meu pé?
- Por que toda essa preocupação agora?  - perguntou a mãe.
-  Mãe nós não somos nem um pouco parecida. Com ninguém aqui.
- Explique.
A garota revira os olhos.
- Esquece! Você não entende.

- Athena, por favor. - insistia a mãe.
- Mãe eu sou branca e ruiva. A família toda até a vovó, vocês são escuros sabe. Pretos.

Elizabeth, desconcertada, começou a escovar os cabelos longos e ruivos da filha, procurando as palavras certas a serem ditas.

- Você foi um presente Athena - a menina se vira para a mãe - eu e seu pai queríamos muito uma menina, mas a mamãe não conseguia engravidar. Orei diversas vezes para que ele desse uma para a gente - Beth se emocionava - Então, um dia, durante um domingo na igreja, chegamos para o
culto e você estava lá, toda embrulhada, nos braços do Pastor, cheia de pessoas te
olhando, quando eu te vi eu sabia, eu sabia que era você que era o que eu tanto
pedi, te trouxemos para casa e arrumamos a papelada para estar com você.  - Beth responde para a filha.
- Quem me deixou na igreja? - Athena pergunta olhando nos olhos da mãe.
- Não sei e não quis procurar. Mas é seu direito e quando estiver maior se quiser, procuramos.

Athena, sem questionar mais nada, com os cabelos já arrumados, colocou sua roupa, sorriu docemente para a mãe e desceu para comemorar o dia de seu irmão. Beth soltou um suspiro que nem percebeu que segurava.

Kayle e Athena estavam de mãos dadas na hora de assoprarem as velas, Kayle fez seu pedido e não conseguiu apagar a vela. Athena fez por ele.

Tão rápido quanto o sopro de Athena, fez- se um clarão forte na casa e em seguida houve uma queda de energia; a jovem gritou e a mãe sem poder enxergar devido a claridade forte que se fez, pediu calmamente para que ninguém saísse do lugar, pois Robert, tateava os móveis em busca de um celular, ou lanterna para resolver a situação.

Depois de alguns minutos, Robert, retornava para a cozinha onde estavam o restante da
família, ele se apressa ao ouvir um grito de Elizabeth e o choramingo de Athena. Ao adentrar na cozinha, a cena que se tinha era de Elizabeth com Kayle em seu colo e Athena ainda sem soltar as mãos de seu irmão.

Elizabeth disse quase que em um sussurro e aos prantos:

- Robert, ele não respira!

Enquanto os pais corriam em busca de ajuda para Kayle, Athena sentava-se ao lado do irmão estirado ao chão, sem soltá-lo, mesmo com suas mãos agora trêmulas.

O Despertar do ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora