Capítulo II - Lights in the darkness

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No dia seguinte, acordo ainda no sofá minhas costas doem pela posição em que dormi.

Olho pela enorme janela de vidro e não há sinal do caçador.

- Por que dormiu na sala? -  Lucy pergunta.

- Nada.

Subo para me aprontar.

Estava com Lucy, tomando café da manhã. Na verdade, praticamente a forcei comer comigo. Ela trabalha demais, sempre está perguntando se eu preciso de algo, como estou, cuida das minhas coisas e de mim, então as vezes faço ela relaxar um pouco.

Meus pais já haviam saído para trabalhar, mais cedo do que o comum, sei muito bem o motivo. Eles sempre fazem isso, todos os anos, nessa mesma data, aliás há uma rotina para esse dia.

- Eu tenho que ir para a faculdade, por favor termine o seu café, e não quero ver você aqui depois do seu horário de ir embora. - digo enquanto largo mais da metade da fatia de bolo.

Saio de casa e o caminho não é para a faculdade.

Após algum tempo, chego onde queria. Pego meus canudos, minha mochila e saio do carro.

Estou em um parque de diversão, agora abandonado, onde eu e Kayle costumavámos vir brincar.

Todos os anos eu faço a mesma coisa nesse dia e hoje não seria diferente.

Sento em um brinquedo onde pude apoiar meus papéis e comecei a terminar meus projetos.

Estar aqui me lembrava do meu irmão, de quando brincávamos, quando eu não tinha despertado isso dentro de mim, quando tudo era normal.

Afasto meus pensamentos e emoções que queriam aparecer colocando os fones e me concentrando na música. Ainda não era hora.

...

Sem que eu perceba o tempo passar, o sol estava quase se pondo, com poucos raios de luz sobrando.

Guardo minhas coisas e entro no carro. Hora de ir pra casa.

Chego e conforme o esperado, meus pais estavam se arrumando. Minha presença é notada.

- Você está toda suja. Onde estava? - minha mãe pergunta horrorizada.

- Não importa onde estava, importa para onde vai. Você tem 40 minutos para se aprontar - papai interrompe.

- Claro! Estou empolgada para o grande evento - falo em tom de deboche.

- Todos os anos você toma a mesma postura! Se isola! Não é capaz de descer do seu pedestal nem mesmo em um dia de luto. Athena, está na hora de encarar a vida, os problemas, a dor, sentir o luto! Crescer! - esbraveja Robert, vulgo papai.

Todo ano a cidade faz um evento em homenagem a Kayel, por meus pais serem importantes na cidade. Eles lançam lanternas flutuantes de noite no céu. Seria explêndido se não fosse por algo trágico.

- Athena, por favor não vamos discutir sobre isso de novo. Você vai e ponto final! Já está grandinha, não tem porque ficar em casa e ignorar a data  - minha mãe diz, e reviro os olhos.

- Não! - grito - Vocês tem razão. Estou grandinha, já posso escolher o modo que sofro e com certeza não será acendendo luz! Não será com pessoas que nem conheceram o Kayel! Não será fazendo da morte motivo pra festa. Se jogar balão pro céu conforta vocês, ótimo! Façam! Mas não esperem que isso faça sentido, ou sirva de consolo pra mim! - meus pais me olham enfurecidos. Mamãe contém um choro.

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