Dia seguinte, já estava na aula de Urbanismo.
Pela primeira vez estava bem concentrada no que o professor dizia, quando um garoto aparece na porta e pede licença, sendo ignorado por todos.
A falta de atenção fez com que o menino ficasse parado na porta, fazendo ficar entreaberta.
Era um homem um pouco mais alto que eu, com cabelos ondulados, quase lisos, com roupa formal, porém a vestimenta e os sapatos sujos, o rosto vi de relance, traços marcantes mas sutis ao mesmo tempo, percebi que ele me encarava, desviei o olhar.
Ele não saia da porta e eu sentia seu olhar fixo sobre mim, o que me deixava desconfortável. Ninguém parecia reparar na sua presença constante ali.
O sinal da próxima aula ecoa no corredor. Pego minhas coisas, que mal fiz questão de tirar da bolsa e me direciono a porta dos fundos da sala, confesso, me esquivando dele para sair.
Ao me virar em um dos corredores vi o homem a uma distância próxima, o mesmo que me encarava na porta minutos atrás.
Apresso o passo para chegar na outra sala e ele acompanha.
Psicopata.
...
A cada troca de aula, refeição, caminhada pelos corredores da Universidade, esse homem me acompanhava, estava começando a ficar desconfiada e assustada.
Já no estacionamento, entro no carro, olho ao redor, finalmente livre dele.
Enquanto ajusto o cinto, checo os retrovisores, quando checo o do meio, assusto e grito, solto o cinto pronta para sair correndo, porém o homem me segura pelo braço.
- Me solta! - gritei, tentando me esquivar mas minha tentativa é inútil - que tipo de psicopata é você? Se você tentar alguma coisa eu te mato aqui mesmo!
- Então você está me vendo mesmo! Não tô louco! - ele diz para si mesmo - Psicopata não, Ezra. Lembro de você, mas obviamente você não se lembra de mim né. - ele disse solenemente, continuando a me segurar.
- Lembro de onde garoto?! Eu hein! Ezra, não psicopata, me solta! - forço o braço, dessa vez me soltando.
- Desculpe - ele fica sem graça - sou filho do Reitor. Você ficou no auditório, apenas para me parabenizar - um sorriso ladino surgiu em seu rosto.
- Ah! O nerd da escola. O que você quer? Parabéns?! Agora só ano que vem fofinho. - debocho.
- Quero explicações.
Estava olhando para o estacionamento, seu pedido me deixa confusa e então olho finalmente fixo para seu rosto. Nossos olhares se encontram, belos olhos, olhos azuis como safira.
Meu Deus!
- Obito... - sussurro.
- Que?! - ele diz estridente. Eu gelo e não consigo falar - Quem é Obito?! Garota, você tem déficit de atenção?! Falo dez coisas e você responde uma - ele parece irritado.
Minhas mãos estão suando, minha cabeça gira, aí meu Deus ele tá morto! Eu mesma enterrei. Só eu vejo ele?! Foi isso que ele disse? Fico mais tonta. Ele gesticula as mãos em frente meu rosto tentando atrair atenção. Enjôo. Abro a porta do carro e não consigo conter a ânsia.
- Aí que nojo! - Ezra resmunga.
Me recomponho.
- Você está me seguindo o dia todo. Eu lembro vagamente de você - digo calmamente.
- Então, passei o dia sendo ignorado por todos, tentei falar com meus amigos e é como se eu não tivesse lá. Não me vejo em espelhos. E - ele prolonga dando ênfase - não estava te seguindo, eu passo mal se fico longe de você. Tipo não vômito igual você, mas, sei lá, inexplicavelmente fico muito mal.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Despertar do Apocalipse
FanfictionAthena, nascida da guerra, agora vive em North Collins, uma cidade no interior do Canadá, junto com seus pais adotivos. A jovem, guarda o segredo de que é capaz de controlar o mundo a sua volta com a energia poderosa que carrega dentro dela. Privad...