Sobre amor e crianças

Parte 3: O Tal Encontro

Caso dissessem duas semanas atrás para Madara que ele sairia com o pediatra substituto do seu sobrinho, ele riria em uma proporção total e completamente inexplicável. O Uchiha mais velho odiava admitir, mas apesar de ainda não saber se possuía algum tipo de sentimento pelo Senju, sabia que ele era interessante ao seus olhos - mesmo odiando o fato de ele ter um cabelo tão sedoso e perfeito, Madara se perguntava qual o preconceito que os céus possuíam consigo.

O docente tem estranhado os últimos dias, o tempo e o clima pareciam ter dado uma trégua em relação às travessuras que faziam com sua pessoa, mas Madara sempre foi uma pessoa desconfiada, então se mantém um pé à frente para tudo. E a ideia de baixar a guarda era algo que ele sequer cogitava fazer, claro, isso se ele soubesse que já havia baixado.

Naquele instante, o Uchiha arrumava a gola de sua camisa social, era noite e naquele sábado, seria o tal encontro que havia combinado com Hashirama dez dias atrás. De acordo com o acastanhado, iriam para o restaurante favorito do pediatra e aconselhou o amigo a ir com a roupa que se sentisse a vontade, mas Madara não era do tipo que andava com qualquer roupa, sem contar que era outono, então uma camisa social de mangas compridas cairia bem para a ocasião.

O docente calçou o tênis social preto e saiu do quarto. Entrou no quarto de Izuna e foi para o banheiro dele para arrumar seu cabelo. O moreno olhou-se sério para o espelho, criando rugas em sua testa ao notar as olheiras em volta de seus olhos, naquele momento, Madara sentiu-se feio e insuficiente, se achava velho para aquele tipo de coisa, afinal possuía vinte e sete anos, o pique já não era o mesmo da adolescência.

Sequer percebeu Izuna observando sua expressão decepcionada, encostado na porta do banheiro, sabia que a situação do irmão era deplorável, mas ainda assim, quis rir. Izuna observou por um longo tempo as paranoias de Madara, pareciam um pouco mais intensificadas, afinal teria um "encontro' - obviamente, o docente não falou que se tratava de um, apenas uma saída entre amigos, mas o universitário não era idiota e sabia que o pediatra possuía algum interesse por seu irmão mais velho.

- Vai criar mais rugas ainda se continuar assim. - Izuna disse, finalmente, indo até o docente que o olhou assustado.

- Desde quando você está aí? - Madara indagou surpreso.

- Ah, desde quando você fez assim - o universitário franziu a testa igual Madara - com sua testa. - explicou, concluindo.

- Eu mereço. - Madara revirou os olhos

- Deixa de drama, irmão. - Izuna pediu - Falta uma hora para o Hashirama-san vir aqui e você neste estado deplorável. Total e completamente desnecessário, sabia? - retrucou.

- Também é "total e completamente desnecessário" jogar algo que eu sei, na minha cara. - o Uchiha mais velho interveio.

- Vem cá, vou arrumar seu cabelo. - Izuna chamou, pegando a escova.

-Por que está me tratando igual uma garota? - o docente arqueou as sobrancelhas, estranhando toda a situação.

- Porque você está parecendo uma. - sorriu para o irmão, mas ao invés de receber outro em troca, recebeu um tapa - Filho da mãe! - choramingou.

- Você mereceu. - Madara acusou irritado.

Estava nervoso e odiava admitir, mas seu irmão já havia notado e disfarçar não funcionaria. Madara cedeu e deixou Izuna cuidar de seu cabelo, que apenas amarrou as pontas com uma liga, um charme aos olhos do Uchiha mais velho, mas jamais admitiria.

Após Izuna terminar de ajudá-lo, ambos saíram do quarto do Uchiha mais novo e acabaram encontrando Obito no corredor esperando pelos dois, o mais novo olhou-os com certo receio, como se estivesse vendo zumbis.