aviso: é nesse capítulo que o abuso infantil, a homofobia e o racismo aparecem. não é algo que acontece na fic em si, mas uma situação que aconteceu no passado e é discutida. quem leu a one sabe doq eu tô falando. e tbm, pra quem leu a one, n dê spoilers sobre a tatuagem do Draco
Naquela cidade ridícula, era como se Draco visse Harry pelo canto do seu olho ao menos umas duas vezes todo dia, agora que Draco sabia da existência e da cara do seu tatuador.
Eram só fragmentos aqui e ali, para ser honesto – uma risada tão horrível e alta que Draco a reconhecia mesmo à distância, um borrão de cabelos pretos tão bagunçados que eram inconfundíveis, olhos tão intensos que pareciam ser do único tom de verde realmente puro no mundo. Na maioria das vezes ele estava com alguém, mas quando ele não estava, ele tinha aquelas coisas brancas estranhas e com fios nos seus ouvidos, mexendo sua boca como se estivesse falando sozinho.
Draco nunca parava para o observar ou realmente prestar atenção na existência dele, muito ocupado tentando se ocupar, porque no momento ele não tinha muito o que fazer além de trabalhar, reclamar que estava trabalhando, ir para o hotel, deitar na cama e pensar nos seus pais e na guerra e em Voldemort e no quanto ele se odiava, sem conseguir dormir.
Apesar disso tudo, ele podia sentir a presença de Harry ao seu redor.
Um dia, ele entrou no trabalho de Draco.
"Ah, se não é o meu ex-membro de um culto favorito," disse, tirando as coisinhas brancas de dentro dos seus ouvidos enquanto se aproximava do caixa com um sorriso muito grande. Quando Draco só o encarou, meio chocado e indignado, Harry fez uma careta. "Muito cedo? Desculpa. Como está o braço? O meu desenho não sumiu, né?"
"Ainda não," disse Draco. Ele se perguntou se deveria o agradecer mais uma vez, antes de decidir que aquilo já era pedir demais e só deixar o silêncio entre eles crescer e se arrastar um pouco.
Harry pausou, agora parecendo um pouco desconfortável. Ele olhou pelas janelas.
"Hoje tá lindo, né?"
"Não," disse Draco. "O que você precisa?"
O rosto de Harry se iluminou com a pergunta.
"Bem," ele colocou suas mãos em cima da bancada, balançando seus dedos nervosamente, "é aniversário da minha irmã daqui a alguns dias e eu já tenho o presente dela, mas eu estava pensando em dar umas flores junto. Meu plano original era violetas, mas minha mãe me convenceu de que não era tão engraçado ou criativo quanto eu achava que era, e de qualquer jeito, o meu pai provavelmente iria as comprar já, então, sabe, eu não sei o que especificamente eu tô procurando."
Enquanto falava sobre a sua família, Harry tinha um sorriso torto no rosto, algo que conseguia ser ao mesmo tempo sarcástico e muito delicado, aquela expressão cheia de afeição que alguém tinha quando se lembrava de uma piada particular entre eles e seus melhores amigos. Pela segunda vez desde que o conheceu, Draco foi atingido por uma explosão de saudade tão grande que o fazia querer chorar, porque ele costumava ficar assim quando falava de seus pais também.
Ele olhou para os seus dedos, que estavam em cima do balcão, e os batucou rapidamente, fingindo estar pensando. Só quando se sentia um pouco mais firme que ele se voltou para Harry.
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spilled ink, DRARRY ✔️
Fanfictionconcluído! em que Harry é um tatuador sem magia, Draco é um puro-sangue com uma obsessão secreta por arte Trouxa e redenção é um caminho longo e cheio de crises filosóficas, tinta derramada e chá tomado no chão de uma loja de tatuagens vazia.