Capítulo Único

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Anime: Owari no Seraph
Casal: Unilateral!Yuu x Guren
Gênero: romance & drama
Quantidade de palavras: 1053
Data de edição: 26/10/20
Advertências: nenhuma

Nota: Assim como "Poder", essa one foi publicado no spirit fanfic. Entretanto, a diferença da outra, essa eu não encontrei salva nas minhas notas. Porém, eu me lembro um pouco do plot, e a partir disso fui reescrevendo esse bb. Eu sou apaixonada por Guren x Yuu, é um casal que superou meu amor por Mikaela x Yuu. Precisava, então, escrever mais sobre essa OTP.

. . .

Guren respirou fundo ao ver que, novamente, Yūichirō se encontrava aprisionado a memórias maléficas do passado. Se passaram quatro anos desde o incidente, mas ainda sim o seu subordinado relembra o seu trauma constantemente. E como não? A morte da sua família está registrada em sua carne. Enquanto ele viver, essas sombras continuarão atormentando-o, devorando suas esperanças e felicidades até que não lhe reste nada além de uma casca vazia. Por isso, Ichinose sempre se atreve a perturbar a bolha que Yuu formou, pois ele sabe que se não atuar, o adolescente jamais conseguirá sair dessa melancolia.

Guren compreende a dor dele mais do que ninguém. Desse modo, é a pessoa mais indicada para consola-lo, ainda que o próprio Yuu não queira.

— Eu disse que amanhã eu comerei. — anunciou e, como Guren previu, Yūichirō estava coberto até a cabeça. Nostálgico, pois esse comportamento nunca mudou: ainda que ele tenha 16 anos, conserva determinadas ações de quando criança. — Pode ir, Guren, eu sei que você tem trabalho a fazer.

Guren detesta vê-lo tão... abatido, fragilizado. Ele não é assim. É doloroso, é doloroso ver o menino tão ativo e motivado comportando-se como um cãozinho ferido. Mas, se o próprio tenente-coronel se mostrar angustiado, como poderia resolver as aflições de Yūuchirō? Ele, como o mais velho e responsável, deve engolir seus próprios sentimentos para ajudar aquele que realmente precisa.

— Eu não quero soldados anêmicos na minha equipe, tá' legal? — Guren disse, dando uma risada irônica. Não mudaria seu modo de agir, precisava se manter firme se quisesse ajudar Yuu. — Se você é incapaz de comer, tampouco poderá sacar sua espada para matar vampiros.

Um ponto sensível.

Ichinose notou, pela movimentação da coberta, que Yuu estava chorando.

— SAI DAQUI! — ordenou, em meio a um soluço sôfrego. Tanta dor, tanta tristeza para um jovem de 15 anos suportar.

— ... Por que ultimamente você está querendo me afastar? — indagou, com uma seriedade anormal quando o assunto engloba Yuu. — Essa não é a primeira vez que você me afasta. Isso está ocorrendo sempre que você tem uma decaída. Me afasta como se fôssemos completos desconhecidos.

Naturalmente, tal simpleza não deveria afeta-lo. Se Hyakuya quer se fechar, Guren deveria deixá-lo se virar por conta própria. Porém, ele não consegue enganar o seu próprio coração: esse pirralho idiota é uma pessoa importante para si. No momento que aqueles bracinhos enroscaram-se na sua cintura e o derrubaram na neve, Guren soube que havia adentrado em águas profundas. Ele prometeu não se apegar a uma ferramenta, porém falhou. Falhou de uma forma tão patética ao ponto de que pessoas de fora sabiam da importância de Yuu na sua vida. Uma parte do coração do solitário militar foi preenchida por sentimentos fraternais gentis, e isso deve-se a esse moleque encrenqueiro.

Esse garoto mudou-o, o fez desenvolver facetas que Ichinose pensou ter perdido há muitos, muitos anos. Dessa forma, como poderia deixá-lo na mão, sendo ele o motivo de tantos sentimentos formosos?

— Se eu fiz algo de errado, peço-te perdão. Eu sei como sou... difícil, mas você é uma das poucas pessoas que me entende. E, bem, eu também sou uma das pouquíssimas pessoas que te compreende também. — Guren começou a dialogar de uma forma delicada, o que é inusual vindo dele. Tanto que, Yuu virou-se e abriu uma brechinha para olhá-lo. — Se tem alguém que pode te ajudar a passar por isso, esse sou eu. Agora, eu preciso que você me permita ajudar-te, Yuu.

Essa é a primeira vez que Guren se abriu para ele desse jeito. Normalmente quem desabafa é o próprio garoto magoado, mas dessa vez os papéis se inverteram. Por isso, o tenente-coronel soube que a razão por trás da melancólica de Yūichirō era outra. Com cautela, arrastou a cadeira para ficar mais perto da cama. A distância foi rompida e ele aproveitou para retirar o macio lençol de cima dele.

Os olhinhos verdes estavam brilhantes, assustados e agitados.

— Eu nunca, em nenhum momento, brinquei verdadeiramente a respeito de ser seu pai. — quando Yuu escutou-o, seu semblante torceu-se em uma careta de desespero, mas Guren pensou que ele só estava chocado demais por ouvir sua afirmação. — E você sempre aceitou-me dessa forma. Não precisa se envergonhar, sabe? Eu jamais me envergonharia de ter você como um filho.

Quanto mais reações Guren via, mais ele achava que estava conseguindo ajudá-lo. Quanto mais o semblante neutro se desfazia, mais Guren achava que estava conseguindo trazer Yuu de volta.

— Poderia, então, me dizer o que te atormenta? Como pai, é meu dever te proteger. Até de você mesmo. — finalizou, encarando-o com puro afeto.

Yūichirō se sentou na cama, com uma aura completamente distinta da anterior. Por um instante, Guren até pensou que ele estava possuído por seu demônio, todavia descartou a hipótese ao ver que os olhos dele estavam normais. Permaneceram assim, se encarando, baixo a uma atmosfera hostil. O adulto hesitou, havia dito algo ruim? Ele apenas se abriu com sinceridade para Yuu, por que a mudança assustadora de emoções? Para piorar sua confusão, ele segurou a sua camisa e estendeu o punho, ameaçando desferir um soco no rosto do militar. Em resposta, Guren limitou-se a fechar os olhos e aguardar. Se ele havia cometido um erro, permitiria que o seu subordinado descontasse sua raiva nele. Depois, pediria explicações, mas agora seria o consolo que Yuu tanto necessitava.

O que ele sentiu, contudo, foi uma textura macia e molhada em seus lábios.

Guren se afastou imediatamente, com uma expressão de surpresa e horror. Em contraste, agora era Yūichirō quem mantinha uma seriedade anormal.

— Esse é o motivo pelo qual eu estive te distanciando. — falou, ao perceber que Guren não conseguiria se pronunciar. — Eu não quero que você seja meu pai, Guren, tampouco quero ser seu filho.

Rapidamente, Yūichirō se inclinou para poder se aproximar do ouvido de Guren, para assim sussurrar:

— Porque filhos não beijam, Guren.

Estando em um estado de terror e confusão, a única coisa que Guren fez foi afastá-lo e sair do quarto. Ele não tinha resposta para essa declaração, sequer sabia como processar o fato de que––

Yuu cobriu-se com a coberta de novo.

Ele acabara de arruinar tudo mais uma vez, como sempre faz.

Filhos não beijam { GurenYuu / Owari no Seraph }Onde histórias criam vida. Descubra agora