Capítulo 32

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Diana: Como assim você está aqui?

Automaticamente surgiu um largo sorriso em meu rosto. Meu coração palpitava rapidamente. Eu realmente não conseguia raciocinar, a felicidade era imensa, parecia exalar. Enfim eu estava completa, enfim eu tinha alguém com quem eu poderia contar para enfrentar esse momento tão difícil.

Luíza: Vai ficar ai parada ou vai vim me abraçar? - disse abrindo os braços.

Dei os dois passos que faltavam para chegar até ela vagarosamente, como se ainda não acreditasse. Tinha a sensação que a qualquer momento eu iria acordar e ela desapareceria. Quando a abracei e senti seu toque soube que não estava sonhando e sem perceber estava chorando baixinho em seu ombro.

Diana: Eu preciso tanto de você. - digo baixinho.

Luiza: Ei, eu venho para ficar com você e você está chorando? Vou embora assim... Achei que você ia ficar feliz.

Diana: Eu estou tão feliz, que estou chorando. Você deveria se sentir feliz de ter uma amiga que chore ao te ver.

Ela se afastou e encarou o grande corredor atrás de mim. Me virei lentamente para poder ver o mesmo que ela, e com uma camisa social rosa bebê com as mangas arregaçadas, uma calça skinny preta, e um sorriso simples estava Enzo. O clima ficou denso no corredor e eu senti meu rosto corar. Ele seguiu olhando nos meus olhos e quando parou as uns três passos de distancia me mediu e por fim disse:

Enzo: Bom te ver também Diana. - disse com uma das mão no bolso, a outra segurando o cabo de uma mala, e por incrível que pareça o sorriso em seus lábios era tímido.

Diana: Oh, me desculpe. Achei que as surpresas parariam na Luíza. Mas seja bem-vindo de volta. - disse de forma simples e então houve alguns segundos silêncio. Quando já estava prestes a afundar minha cara no chão ele quebrou o silêncio.

Enzo: Bom este é "o meu quarto" certo? - me perguntou fazendo aspas com o dedo.

Diana: Acho que sim...

Enzo: Bom, então vou tomar um banho. Foi bom te rever Diana. - Fez um aceno com a cabeça e entrou.

Puxei Luíza para meu quarto e tranquei a porta atrás de nós e dei um longo suspiro, tive a sensação de que não estava respirando. Luíza me olhava atentamente como se conseguisse ver a confusão que estava a minha mente naquele momento. Eu queria me abrir com ela, eu precisava ou ia ficar louca, mas não sabia por onde começar...

Luíza: Você pode começar a me falar agora ou vou ter que implorar? - diz sentada na cama, batendo ao seu lado, sinalizando para que eu me sentasse.

Diana: Eu nem sei por onde começar. - disse franca, e me deitei em seu colo.

Luíza: Que tal pelo começo? Ou pelo o que mais te aflige? - diz acariciando meus cabelos

Diana: Bom... Eu estou com medo de sexta feira, não de que ele não seja condenado, eu sei que será. Meu pai me contou que acharam mais duas meninas que foram vítimas dele e uma delas ele chegou a... estupra-la, e elas vão testemunhar contra ele e também deram queixa. Mas, a questão não é essa... Enquanto eu estava em NY eu conseguia esquecer isso e fingir que nada aconteceu, porém desde que cheguei aqui a cena se repete na minha cabeça. E se o Enzo não chega? Eu sei que ele não chegou a me penetrar, mas toda vez que lembro que ele me tocou eu sinto me corpo queimar, é horrível! Eu não queira nunca mais ver ele! - digo e já não sei a quanto tempo estou chorando.

Luíza: Meu amor, eu não sei o que te dizer, eu não sei como te ajudar, mas acho que antes de ir para a audiência, você deveria conversar com uma terapeuta. E acima de tudo lembre-se que depois disso, você não precisará mais vê-lo e nenhuma outra mulher passará por isso. - Ela diz e eu apenas assinto com a cabeça concordando com ela.

Diana: Você pode me explicar o que você esta fazendo aqui hoje e com Enzo?- digo me sentando na cama e olhando para ela.

Luíza: Bom eu e Enzo somos testemunhas, o que é óbvio, mas viemos antes porque teve algum problema na sociedade do seu pai e de Enzo e tivemos que vir de ultima hora para uma reunião.

Diana: Eu já imaginava que ele viria para audiência, mas imaginei que ele ficaria em um hotel... como ele ainda tem coragem de ficar aqui? Fora que em alguns dias o Guilherme chega, o clima vai ficar uma merda!

Luíza: Aparentemente seu pai o convidou para ficar aqui, mas ele poderia negar... enfim, a parte boa é que também vou ficar com você por esses dias.

Luíza foi para seu quarto e eu fui me arrumar para tomar café da manhã. Tentei pegar uma roupa simples, mas, em algum momento me vi me perguntando qual roupa mais chamaria a atenção de Enzo. Desviei meus pensamento rapidamente e optei por um vestido branco, de alcinha e rodadinho. Deixei meus cabelos soltos e molhados, no rosto só hidrante e protetor solar. Passei no quarto de Luíza e ela já não estava mais lá. Quando estava chegando na escada alguém me chama.

Enzo: Ei Diana, me espere. - disse me fazendo parar e caminhando em minha direção.

Diana: Ah, você esta precisando de algo? Pode me dizer que peço Lúcia para providenciar. - disse enquanto descia os degraus.

Enzo: Oh não, está tudo perfeito! Quero mesmo é conversar com você depois do café. Terei alguns minutos antes de sair com seu pai e gostaria de trocar algumas palavras com você. Prometo não tomar muito seu tempo!

Diana: Tudo bem! Pode ser no jardim? - sugeri um lugar aberto pensando no quando seria constrangedor está em quatro paredes a sós com ele.

Enzo: Claro, onde preferir.

Dito isso seguimos em silêncio até a mesa.

Tomamos um café agradável, e percebi que meu pai e Enzo estavam se tornando grandes amigos, já tinham até piadas internas. Eu e Luíza contamos algumas das nossas travessuras de quando erámos crianças, por exemplo: Uma vez queríamos brincos de bolinhas rosa bebê e como não tínhamos fizemos com chiclete e colamos a goma nas orelhas, mas no final da brincadeira nossos cabelos se embolaram com o chiclete e como se fosse uma ideia brilhante pegamos uma tesoura e cortamos. Todos na mesa riram, e Enzo disse sobre um primo seu que também era como um irmão para ele, ele não citou nomes, mas liguei os pontos e fiquei um pouco sem graça quando me dei conta que era de Douglas que ele estava falando.

Após o café fiquei para ajudar a tirar a mesa e usar como desculpa para que ninguém me visse indo para a mesma direção que Enzo foi assim que se retirou da mesa.

Andei vagarosamente em direção ao jardim, eu não fazia ideia do que ele poderia querer comigo. O avistei de longe em um dos bancos em baixo de uma árvore mais distante. Fui até ele e sentei ao seu lado deixando um espaço de mais ou menos dois palmos entre nós. Ficamos alguns segundos em um silêncio que já parecia durar anos, o vento balançava as folhas e trazia seu perfume amadeirado na medida certa até minhas narinas. Confesso que esse perfume parecia ser melhor nele do que em qualquer outra pessoa, já que por acaso Guilherme também usava um desse. Enzo finalmente quebrou o silêncio.

Enzo: Sabe o que é mais irônico nisso tudo? - disse e me olhou, eu apenas neguei com a cabeça. - Que eu, que sempre fui um cara de poucas e certeiras palavras, estou nesse momento procurando as palavras certas para falar com você.




Recadinho para vocês: Amores, não existe abuso ou estupro culposo, não devemos nos calar diante dessa situação! Só quem já viveu uma situação como essa ou parecida sabe o terror que te assombra-ra pro resto da vida! NÃO SE CALEM!! Justiça por Mari Ferrer!

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