01; La vie en rouge

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Andam sonhos cor do mar

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Andam sonhos cor do mar

Nas minhas quadras, imersos,

Se queres comigo sonhar,

Canta baixinho os meus versos.

(A quadras d'ele I, Florbela Espanca, 1916)

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Brilho, luzes, cores quentes e glamour. Os tons de vermelho faiscando sob os olhos, fazendo as íris castanhas de Jimin se tornarem cor de sangue vivo.

A contemplação do ambiente tornou-se natural, definitivamente o Moulin Rouge emanava tudo o que tinha a ver com o momento de transição que a sociedade vivia. Já não era mais tudo tão antiquado e em tons opacos de preto, bege, branco e cinza. Haviam tons crus de vermelho, roxo, rosa e laranjado, cores quentes que vibravam e cobriam a pele de quem passava por ali com suas nuances que pareciam brasa.

Valentin parecia estar familiarizado com tudo, e logo puxou Jimin para dentro como uma espécie de guia. Por dentro do grande salão de espetáculos tudo era luxúria, jovens mademoiselles circulavam por lá, com roupas nada comuns para o dito "politicamente correto". Algumas poucas moças usavam vestidos tão curtos que com o mínimo movimento poderiam aparecer-lhes as roupas de baixo, enquanto outras usavam vestidos longos com algum retalho faltando, que deixava vez ou outra escapar algum detalhe das pernas, alguns decotes nos bustos fartos e cheios de vigor — plenamente convidativos a quem quer que gostasse —, peles coradas e maquiagens fortes. Lábios rubros e olhos negros, brilhos e uma série de plumas coloridas nos adornos de cabeça e também pelas fantasias extravagantes.

No mesmo instante, Jimin reconheceu todas as referências dos quadros Toulouse-Lautrec, que inclusive quando vivo, amava passar as noites se divertindo por ali, pelo bairro mais boêmio da Cidade-luz e até mesmo no próprio Moulin Rouge e em outros cabarés. Podia ver os traços finos e despojados, com a estilística impressionista que fumegava com a art nouveau, repleta das cores quentes que Jimin pôde finalmente ver de perto.

Já havia apreciado algumas das pinturas do autor sobre suas impressões do Moulin Rouge, não era como se nunca tivesse ouvido falar do cabaré mais famoso de Paris, apenas nunca imaginou que fosse viver aquilo na própria pele, como se Toulouse-Lautrec estivesse ocupando seu corpo ali, ainda que Jimin não quisesse ter o mesmo fim desleixado e prematuro.

O salão era repleto de mesas, lotado de pessoas de idades diferentes, a maioria se tratavam de velhos ricos que faziam questão de esbanjar seus dotes como se isso fosse algum tipo de convite para que as mademoiselles se aproximassem com mais facilidade. Ainda assim, tudo era festa ao seu ver.

amour en rouge; vminOnde histórias criam vida. Descubra agora