Beomgyu tentou girar a maçaneta. Estava trancada. Deu um fraco estalo com a língua. Acendeu o isqueiro que trazia consigo. Sua luz amarelada iluminava o rosto de Taehyun fracamente. Beomgyu se dirigiu até o lado direito da porta. Lembrou que havia uma janela logo ao lado. Apagou o isqueiro. Puxou a janela com delicadeza, fazendo o mínimo de barulho possível. Estava emperrada. Com dificuldade, finalmente conseguiu puxar a janela, fazendo um pequeno rangido. Seu corpo paralisou. Aguardou alguns segundos, certificando-se de que ninguém havia ouvido. Nada. Continuou. Finalmente, a janela estava completamente aberta. Era estreita, porém comprida. Os dois passariam tranquilamente.
Decidiam que Taehyun iria primeiro, depois Beomgyu. A janela era pouca coisa mais alta que Taehyun, então Beomgyu o ajudou a subir. Não ouviu um barulho sequer quando Taehyun pousou do lado de dentro. Deu leve salto e se colocou debruços na janela, logo caindo do lado de dentro. Fez um rangido ao colocar os pés no chão de madeira. Segurou a mão de Taehyun, que tremia, assim como a de Beomgyu.
Como os garotos passaram anos de suas vidas naquele lugar, conheciam exatamente cada parte da casa. Davam um passo de cada vez, lentamente. Beomgyu contou o plano que havia bolado para Taehyun durante a tarde. Assim que entrassem no interior do orfanato, se esconderiam e tirariam algumas fotos. Logo sairiam de lá.
Os dois decidiram ir ao antigo quarto que usavam. Talvez não tivesse alguém por lá. Andaram sem fazer barulho. Beomgyu quase podia ouvir o batimento de seu coração. Quando estavam próximos ao quarto de destino, ouviram passos pesados. Logo uma luz iluminou o começo do corredor e seguiu para o lado oposto dos garotos, que estavam paralisados.
Com agilidade, Taehyun e Beomgyu entraram no quarto. Beomgyu colou as costas contra a porta, fechando-a. Acendeu o isqueiro, iluminando o quarto fracamente. Viu a expressão assustada de Taehyun. Acariciou-lhe os cabelos. Olhou em volta. O quarto parecia estar absolutamente do mesmo jeito de quando morava lá. As luzes de natal ainda estavam penduradas no teto. A sua cama estava arrumada. Beomgyu colocou uma cadeira contra a maçaneta da porta, impedindo que alguém a abrisse de fora.
Beomgyu sentou em sua antiga cama, e Taehyun logo se juntou a ele, agarrando seu braço. Beomgyu descansou a cabeça na de Taehyun.
— Você quem arrumou a minha cama?
— Sim. É que eu dormia na sua cama.
— Na minha? Por quê? — Beomgyu sorriu.
— Por causa... Do seu cheiro. — Taehyun respondeu encabulado. — Por incrível que pareça, seu cheiro ainda estava impregnado nesse quarto.
Beomgyu virou o rosto de Taehyun e beijou seus lábios brilhantes, iluminados pela fraca luz amarelada que o isqueiro emitia.
Os dois teriam de esperar até amanhecer, acordados. A cada momento, um não deixava o outro fechar os olhos. Fosse brincando ou beijando.
Logo o primeiro raio de sol bateu contra as cortinas desbotadas. As vozes pelo corredor começaram a soar. Passos barulhentos faziam o corpo de Beomgyu ficar elétrico.
— Vamos dar uma olhada por aí. Quero pelo menos tirar umas fotos da arma da sala dela.
— E se não estiver mais lá? — Taehyun pegou na mal de Beomgyu.
— Vai ser um azar. — sorriu em resposta. — Vamos torcer pra nada ter mudado.
Após as vozes diminuírem totalmente, Beomgyu abriu a porta com cuidado. Segurou Taehyun pelo pulso. Saíram para o corredor. Estava mal iluminado, mas qualquer um que virasse a esquina dos corredores, iria se deparar com os dois garotos. Começaram a aumentar a velocidade dos passos. Passavam pelos quartos, apenas dando uma rápida olhada.
Algumas vezes, quase toparam com uma ou outra criança. Por sorte, eles sempre encontravam um ligar para se esconderem. Enfim, conseguiram chegar na sala de Hilda fácil e rapidamente. A porta estava entreaberta. Beomgyu olhou para o lado de dentro. Ninguém. Abriu a porta lentamente e puxou Taehyun para dentro. Diferente da última vez que Beomgyu estivera naquele lugar, agora haviam mais e mais tipos de armas. Diferentes tipos e tamanhos. Todas penduradas na parede. Beomgyu apressou-se e começou a registrar tudo.
— Isso não vai ser o bastante. Nós precisamos de algo mais. — Beomgyu sussurrou enquanto olhava para as fotos. Até que, em um momento, seu corpo congelou. Ouviu passos pesados se aproximando da porta. Cada vez mais perto. Olhou para Taehyun. Apontou para um estreito armário no canto da sala. Taehyun caberia nele. O garoto entendeu o sinal e esgueirou-se para dentro dele. Beomgyu correu e escorregou para debaixo da enorme mesa de madeira no centro. De onde estava, podia enxergar uma fina fresta aberta por Taehyun. Pôde ver os olhos brilhantes e assustados do garoto. Logo a porta da sala foi aberta com um forte estrondo. O corpo de Beomgyu se arrepiou. Estava dolorido por conta da posição em que estava.
— Essas crianças infernais. Hoje eu acabo com aquele maldito. — a voz irada de Hilda soou pelo cômodo. Os passos cessaram quando Beomgyu avistou um par de pernas parados em sua frente. Pensou que esse seria seu último respiro. Mas ao invés disso, as pernas viraram-se. Ouviu Hilda pegar alguma arma. Logo a velha saiu da sala, fechando bruscamente. Beomgyu soltou o ar que estava segurando.
Beomgyu saiu debaixo da mesa, caindo de costas no chão de madeira. Respirou fundo, acalmando seu coração. Taehyun saiu de seu esconderijo e acaricou a mão de Beomgyu.
— Vamos. Essa é a hora perfeita. Ela vai fazer alguma coisa. — Taehyun se pôs de pé. Beomgyu fez o mesmo.
— Vamos nessa.
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Juntos {Continuação de Órfãos} - FINAL
FanficDepois de muitos anos, Beomgyu e Taehyun se encontraram após fugirem do orfanato. Taehyun, que havia se sacrificado por seu melhor amigo, atingira a maioridade, assim sendo mandado embora do orfanato. Então, como havia sido libertado, seguiu a proc...