❝A triste sensação de ser ignorada, e como isso me corrói. (Apesar de que meus amigos me consolam.)❞
— Mãe, mãe — eu disse, empolgada, a ela — deixa eu te mos...— Agora não, Lilith. Eu estou ocupada.
— Ah, claro... deixa pra lá, era só bobeira, nem era tão importante assim.
Desta vez, a hipocrisia nem era de Lilith, e sim das pessoas ao seu redor. Eles falavam que ela era não se abria e que era retraida demais, mas quando ela tentava falar, eles reclamavam que ela não calava a boca, mesmo quando ela estava respondendo o que lhe foi perguntado.
— Meu Deus, Lilith, você não cansa de falar não?
Ela não podia falar com ninguém sem ser ignorada, então segurava as palavras em sua garganta, assim como suas lágrimas.
Então Lilith ia para seu quarto, se trancava lá e ia conversar com seus amigos de Shambhala.
Tártaro, um deles, na maior parte do tempo era um mistura de raiva e ódio, realmente se estressava muito. Acabava sendo meio grosso e aparecia estar sempre irritado, mesmo quando a estava consolando. Às vezes, sem querer, Ele descontava sua raiva em alguém a sua volta, mas sempre pedia desculpas quando isso acontecia.
Eros sempre dava em cima dela — isso era o que provocava a maior parte das brigas de Tártaro com ele —, deixando a confusa, já que ela também a tratava como uma irmãzinha.
Era realmente impressionante como ele conseguia ser philia, eros, ágape e storge ao mesmo tempo.
Tinha também Oizus, que de longe era a mais triste dentre todos eles. Contudo, ela era a que mais a compreendia. Ela sabia, mesmo sem Lilith dizer, tudo aquilo que a machucava. Tudo o que a dava medo, tudo que a deixava, mesmo que só um pouco, triste e frustrada.
Euphrosyna, a quem ela chamava de Euph, era uma de seus amigos. Ela era feliz o tempo todo, mas não feliz como Lilith — que tomava seus doces e sucos de vez em quando para ficar feliz —, ela era feliz. Euph era o tipo de pessoa que te deixa feliz só de estar com ela, do tipo que faz seus temores desaparecerem.
Ela era a própria personificação da felicidade, assim como Oizus e Tártaro eram, respectivamente, da tristeza e raiva.
Claro, Lilith sabia que eles eram ilusões criadas por sua cabeça, mas nunca ousou falar isso para eles: afinal, mesmo que fossem só fantasias, eram os únicos para quem ela poderia falar sobre suas crises de ansiedade. Os únicos que não a mandavam calar a boca e que amavam a ver falando, feliz.
Era mesmo uma pena que as outras pessoas não pudessem vê-los, se pudessem, aprenderiam com eles.
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Minha cara hipocrisia...
Literatura FemininaLilith quer gritar, chorar e explodir. Em crises que mistiram raiva e medo, ódio e ansiedade. Lilith só quer ser feliz e que as pessoas ao seu redor sejam felizes, mas ela tem um problema: Sua cara e tão querida hipocrisia que não a deixa ser melhor...