Capítulo 2: O Pôr do Sol

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- O nome dele é Erick Stevens, Killmonger, N'Jadaka, sinceramente, tanto faz - dizia Okoye entre bufos - pensamos que ele tinha matado nosso rei, causou uma tremenda instabilidade em Wakanda mas mesmo assim, T'Challa o quer vivo.

- Oxalá! Mas por que ele o quer vivo? - eu disse confusa

- Eles são primos, esse homem é filho de N'Jobu, que morreu em 1992, pelo T'Chaka. Ele deixou a criança sozinha e agora ele é um monstro.

Eu fiquei calada, não poderia julga-lo pois o entendo perfeitamente, é a mesma história que aconteceu comigo na minha primeira vida. Certamente quando seus pais morrem de forma cruel, você vira um monstro.
Eu já sabia a um tempo que N'Jobu morreu pelas mãos do próprio irmão. No final da minha quinta vida, T'Chaka me confessou, mas não disse nada sobre criança alguma.

E, Aya - Okoye me tirou dos pensamentos - Ele matou o Zuri e uma das minhas.

Essas palavras me chocaram, foi para proteger Zuri que T'Chaka matou o irmão, no final das contas ele pagou uma vida pela outra. Agora uma Dora!? Ele devia ser muito habilidoso, até em meus treinamentos com elas eu precisava me esforçar muito para não perder. Sim, esse homem é um grande problema.

Após um tempo, finalmente chegamos a Wakanda. A vista era a mais linda de todas, confesso que até meu Rio de Janeiro ficava um pouco atrás das belezas desse país.

Desci da aeronave e fui recebida pela Shuri.

- Minha guardiã favorita, como que você tá?
- Olha, cansada e um tanto quanto alarmada sobre esse tal primo de vocês.
- Ah, nem fala, ele fez com que meu Lab fosse destruído! E ainda matou pessoas!
- Okoye me disse, sinto muito.
- Obrigada, mas vem, o maninho não pode ver você agora, mas logo vai, vamos na minha mãe.

Caminhamos até a entrada do palácio, passando pela porta do salão do trono eu escutei as discussões entre as tribos e T'Challa, até M'Baku estava ali, realmente, esse homem bagunçou tudo.

Chegamos até o salão da rainha mãe, era lindo. Uma grande parede de vidro que mostrava toda a Wakanda, panos e decorações coloridas com cores vivas e símbolos há muito tempo criados. O chão era vermelho e macio e o teto era de um negro aconchegante.

- Minha rainha - disse Shuri fazendo graça.
- Não começa, Shuri - disse prolongando a voz - Bem vinda de volta, Aya! É sempre um prazer ter você conosco.
- Eu que agradeço - sempre fico sem graça quando me tratam de forma como se eu fosse um ser celestial, não que eu não seja de fato, mas não é da forma como acham - Como está? Algo aconteceu a você?
- Não querida, enquanto houve toda a batalha eu estava nas montanhas, no palácio de M'Baku, ele foi muito gentil e salvou a vida de meu filho.
- Ele é um bom homem realmente.
- E apaixonado por você - disse Shuri rindo.
- Nah, é totalmente impressão haha. Mas, por que exatamente eu fui chamada aqui?
- Para tentar salva esse homem - disse a rainha Ramonda com pesar - mas não acredito que seja possível.
- Há muito tempo atrás eu também não achava possível que eu seria salva, mas eu fui, de certa forma, eu fui - disse remoendo um passado tão distante.

Okoye entrou na sala, me tirando desses pensamentos e me informando que T'Challa me esperava.

- Fala meu rei! A quanto tempo, nunca mais apareceu num samba no Rio, estão sentindo sua falta.
Eu conheço T'Challa desde criança, ele pode até ser mais velho que eu nessa vida, mas eu sou bem mais, experiente, então sempre o ganhava nas pequenas disputas que costumávamos travar.
- E você a muito que não me aparece aqui! Esqueceu dos velhos amigos?
- Não, só não tomei partido entre a briga do Tony e do Steve, então voltei a lecionar no Brasil.
- Bom, é uma ótima professora, mas sem mais enrolação, preciso da sua ajuda. Na verdade, preciso que ajude um homem.
- Eu soube, mas você acha que tem como eu fazer isso?
- Se não puder você, peça aos orixás, mas acredito que você dê conta, são de mundos um pouco parecidos.
- Entendo, então me mostre meu paciente!

Saímos do salão e fomos para a prisão de Wakanda. Diferente da maioria das prisões pelo mundo, lá as pessoas realmente saiam melhores, mas eram pouquíssimas. O índice de criminalidade em Wakanda era quase nulo, eu poderia contar de 40 a 50 presos, e Wakanda era só um pouco menor que o Rio de Janeiro.

A cela onde ele estava tinha as paredes inteiramente de telas que mostravam as paisagens de Wakanda. Do lado de fora não dava para o ver até Okoye acionar o sistema e fazer as telas virarem um vidro transparente. E foi nesse momento, quando vi aquele homem, olhei aqueles olhos...
Eu tive a certeza, era ele, na verdade, a reencarnação dele! N'Jadaka era Bomani!

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