Rio de Janeiro, Morro da Providência
São 4:30 da manhã, nem o sol alcançou o alto do morro ainda, mas eu preciso me apressar, ser professora de história não é lá tarefa fácil, principalmente no Brasil.
Nenhum chamado dos Vingadores, parece que ninguém quer destruir o mundo por enquanto, pelo menos posso dar atenção para a escola, afinal de contas, quem melhor para contar a história do Brasil do que quem vive, morre e revive nele a mais de 300 anos?
Tomo meu café, meus pais ainda devem estar dormindo, a casa deles é na rua de baixo, as reencarnações de Dandara e Zumbi hoje são uma professora de português e um professor de música. Dara e Kauan. Meus pais que já vi morrerem tantas vezes.
Tomo meu café e me apresso, até eu conseguir chegar ao fim do morro o meu ônibus já estará no ponto, queria usar o teletransporte, mas é melhor que não saibam que uma professora é uma Vingadora.Já são 18h, já posso finalmente voltar para casa. Subo o morro com passos lentos, mas firmes. Assim consigo olhar em volta com calma. Eu estava aqui quando os tarara vós de tantos moradores daqui foram expulsos dos cortiços e largados a própria sorte, tendo que erguer suas vidas nesse morro.
Passo por dona Neide e seus pastéis, seu Otávio jogando cartas com amigos numa mesa de bar, dona Odete mandando os netos subirem parar jantar, seu Joaquim vendendo mais um sorvete de sua carrocinha. Senhores e senhoras que vi crianças na minha 5° vida hoje me chamam de filha e dizem "que linda mulher se tornou Aya, puxou a beleza da mãe! E esses olhos menina, tão lilasinhos, parecem até de mentira".
Decido ir para a casa dos meus pais jantar. Minha mãe, é a mesma mulher forte e guerreira da época do Quilombo, mas bem mais cuidada. Seus cabelos crespos e longos brilham quando a luz bate. Meu pai, um homem mais forte mas mais calmo do que era no Quilombo, custou muito para acreditar que a estátua na Central do Brasil é a representação dele. Demoraram muito para entender a minha história, de como eu lembro de todas as minhas vidas, das bençãos dos orixás, principalmente de Iansã e de como eu sempre nasci deles, mas entenderam.
- Boa noite mãe! Boa noite pai! Tô exausta, esse morro acaba com qualquer um - digo entre risos.
- Então senta filha - diz minha mãe com seu sorriso sereno- eu ponho sua comida!
- Dia cansativo? - pergunta meu pai.
- Só o de sempre, ônibus lotado na ida e na volta.Após o jantar sentamos para assistir TV, até que algo me tira da imersão.
- Aya, - diz minha mãe- aquela sua pulseira de bolinhas está brilhando!
- O que? Respondo alarmada.
Fazia tempo que Wakanda não me chamava. Quando olho a pulseira, Okoye se materializa e diz:
- Precisamos de você em Wakanda agora, Aya! O Rei precisa da sua ajuda!
- O que houve dessa vez?
- Longa história, contarei tudo pra você quando chegar, mas por ora, entre na nave que está pairando o morro agora! Precisa salvar uma pessoa!
E depois desse chamado, me despedi sem dar muitas explicações aos meus pais, vou para a laje de casa e a nave se revela em minha frente.
E inspirada no capitão, eu digo:
-Avante, Aya!
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De Outra Vida
عشوائي#Marvel #Killmonger #PanteraNegra #Romance #Orixás Ao ser chamada por T'Challa para salvar a vida de N'Jadaka (Erick Killmonger), Aya, uma guerreira abençoada dos orixás relembra de sua primeira vida. Após a morte cruel dos seus pais, Dandara e Zum...