Capítulo 42

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Nicolas Campbell

5 meses depois

5 meses. Já faz 5 meses em que a Emilly encontra-se em coma no hospital, o desespero apoderou-se de todo o meu ser, e junto com ele o arrependimento. O medo cru e agudo em perdê-la bate constantemente dentro do meu peito. Sempre que posso venho visitá-la, mas ela sempre está nesse estado. Estável. Na sua boca continha um tubo que a permitia respirar e um fio ligado as suas veias hidratando o seu corpo com o soro.
Olho atentamente para o seu corpo magro na maca. Tão pálida! Todos os dias vinha conversar com ela, contar do meu dia a dia e como eu estava cuidando da nossa princesa. Dispensei a empregada e tomei as rédeas da situação. No entanto, a minha filha precisava da mãe. Todos os dias ela chorava a procura da mãe dela. Aquilo partia o meu coração. Porque eu não sabia o que dizer a ela. Porém sempre falo que a Emilly vai aparecer e cuidar da minha filha. Queria me convencer disso. De que tudo vai ficar bem.

- Meu amor, eu estou aqui, com a nossa princesa. Por favor, volte pra nós... precisamos de você. A sua filha precisa de você. - Sussurro triste, olhando a máquina que mostrava os seus batimentos cardíacos. Nenhuma reação. Continuava estática do mesmo jeito.

- Mama - A minha filha balbucia, olhando com seus olhinhos tristes para a mãe. Ela sabia que tinha algo errado.

Nicole olhava pra mãe esperando uma reação da mesma, mas quando ela viu que não teve nenhuma reação, começou a chorar, fazendo-me acalenta-lá.

- Calma filha, vai ficar tudo bem...a mamãe vai ficar bem! Estaremos sempre aqui pra ela!

Giro nos meus calcanhares saindo da sala. Abro a porta e deparo-me com o Lucas. Assim que ele olha pra mim, posso contemplar toda a raiva no seu semblante. Ele ainda está com raiva de mim. Mesmo sabendo que não matei a sua amada, ainda me odeia.

- O que está fazendo aqui? - Sussurro receoso, analisando-o atentamente.

- Vim visitar a Emilly, que por culpa sua está em coma no hospital. Percebe que por causa do seu orgulho machucou a todos que você diz amar? - Lucas fala rude, olhando-me irritado. Suas feições estavam duras.

- Eu sei que errei Lucas, mas talvez eu consiga o perdão dela, afinal não matei a Valentina.

- Poupe-me desse assunto Nicolas! - Lucas esbraveja recriminando-me com seu olhar severo.

- Você não entende que se tivesse falado que a Valentina estava viva, poderia ter evitado esse desastre? É tudo culpa sua! - Lucas esbraveja, olhando-me indignado.

- E onde está a Valentina agora? Está bem? - Pergunto, analisando-o totalmente.

- Para de fingir que se importa com ela, quando ambos sabemos que isso não é verdade! Mas graças a Deus ela esta bem. Depois que me falou que estava viva e deitada em um quarto qualquer,fui direto pra lá. Estava ferida mas conseguimos salva-lá.

- Fico feliz que ela esteja bem. Eu queria que a Emilly me odiasse, porque era mais fácil do que dar esperanças falsas. Fui um completo idiota. Meu orgulho fez a mulher que eu amo ficar em coma.

Lucas suspira profundamente, olhando-me avaliando a minha reação. Ele percebeu que encontrava-me péssimo. Já perdi a conta das vezes que não dormia, é uma verdadeira tortura. A dor na minha alma é muito intensa.

- Você sabe que se ela sair do coma, não vai ser fácil conquistá-la novamente certo? A magoou profundamente, testou todos os limites dela. Nem eu te perdoei totalmente Nicolas, aos poucos estou tentando, mas é difícil.

- Eu entendo que cometi muitos erros, mas agora eu realmente não consigo pensar em nada... apenas preciso estar ao lado da Emilly.

Depois que fiquei um tempo falando com o Lucas, sair do hospital indo até uma padaria que tinha perto do hospital.
Preciso comprar algo pra minha filha comer, ela quase não está comendo direito por está com saudades da mãe, e saber que eu sou o culpado da minha filha sentir falta da mãe me parte o coração.

Maldita hora que deixei meu orgulho falar mais alto. Pego um pedaço de pão,parto pra minha filha comer, aproveito e como junto também. Assim que terminamos de comer, começo a caminhar até chegar na sala de espera da emergência.

Deparo-me com a Valentina que está ao lado da maca onde a Emilly encontra-se deitada. Lágrimas descem lentamente sobre o seu rosto. Pra alguém que levou uma facada, ela estava muito bem, apenas com alguns curativos na costela.

— O que está fazendo aqui? – Pergunto rude, olhando pra ela furioso.

— Se eu perdoei a sua traição foi por causa da Emilly e não de você! Não deveria estar aqui!

— Se fosse por sua causa eu com certeza não estaria aqui, se vim ao hospital é por causa da minha amiga!
Afinal, ela não tem culpa de amar um monstro como você!

— Deixa a Valentina em paz Nicolas, já não basta tudo que causou? Nesse momento a Emilly precisa da amiga ao lado dela, não negue isso a ela. Se não quer fazer isso por nós, faça pela Emilly.

Suspiro profundamente.  Ele está certo, não vale a pena brigar quando a Emilly está nesse estado. Tudo que eu mais queria nesse momento, é que ela acordasse, nada mais importa.

(...)

Ficamos bastante tempo ao lado da Emilly e nada de acordar, já estávamos perdendo as esperanças. Todos estávamos desolados, praticamente sem chão. Os nossos olhos estavam inchados pelo choro e por não conseguir dormir direito.

— Lucas, leve a Valentina daqui. Vocês não estão mais aguentando. Posso ficar com a Emilly. Já estou acostumado a ficar sem dormir. Qualquer notícia eu aviso a você.

— Tudo bem, realmente estamos muito cansados. Então estamos indo, fique bem.

Lucas pega na mão da Valentina e juntos caminham até a saída do hospital. Sento-me na cadeira ao lado da maca da Emilly. Seu corpo estava pálido, no entanto sua face continuava angelical. Como um anjo.

— Desculpe-me meu anjo, você não merece um homem como eu que só te trouxe sofrimento. Mas eu prometo que se você voltar, eu vou mudar verdadeiramente, por você Emilly. Só por favor, volta pra mim meu anjo! Eu preciso de você. Sem você a minha vida não faz sentido.

Quando vejo seu corpo pálido ainda intacto, sem qualquer reação. Desespero-me e lágrimas escorrem lentamente pelo meu rosto. Se isso é uma punição então já fui punido o suficiente.

— Por mais que eu corra o risco de você nunca me perdoar, não me importo de pedir pela sua vida. Porque eu prefiro que não me perdoe a vê-la morta. Prefiro vê-la com outro e ser feliz do que ver o seu corpo sem vida e sem aquele brilho que eu tanto amo. Dizem que quando a pessoa fica em coma pode escutar qualquer coisa, preciso que escute-me nesse momento Emilly. Volta por mim e pela nossa filha meu amor.

Fecho os meus olhos completamente amargurado. A aflição atingia o meu peito, causando uma dor profunda e excruciante.

— Todas as pessoas que um dia eu amei de verdade se foram Emilly. Por isso não queria amar, o amor só me machucou. Perdi meu pai, minha mãe e agora você. É como uma maldita maldição! Eu já desisti da minha vingança a muito tempo Emilly, eu só não queria admitir. O orgulho não me deixou admitir.

Quando menos espero, começo a escutar um barulho e rapidamente meu corpo trava. Minhas pernas ficam bambas e meu coração bate descontroladamente. Olho com as pupilas arregaladas para o monitor que mostrava seus batimentos cardíacos. Não posso acreditar! Ela voltou! Meu Deus...ela voltou!

Olho para o seu corpo e vejo um dos seus dedos mexendo-se tentando acordar, parecendo estar em um sonho profundo.

— Emilly...meu anjo? Você está bem? – Pergunto preocupado, tocando no seu dedo. Fico a observando até ver os seus olhos castanhos abrirem-se lentamente.

Na mesma hora, fico estático. Assim que saio do estupor, aperto um botão chamando a médica, que aproximasse preocupada examinando a Emilly.

Quando termina de examinar e tirar o tubo, seus olhos brilham de felicidade e olha pra mim radiante.

— Alegre-se pois a paciente Emilly acabou de voltar!

Apenas escuto a voz doce e suave da minha filha, olhando pra mãe carinhosamente. Ela levantava os bracinhos e dizia docemente.

— Mama!

Vingança Fatal (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora