13 de setembro de 1961, quarta feira
Até meu pai e meu irmão estranharam o fato de eu chegar cedo em casa depois da noite de show ontem. Mike até achou que a banda tinha acabado. Naquele momento, eu apenas ignorei os comentários e subi para dormir.
Eu não costumo ir muito no Cherry's. Não é o tipo de lugar que eu frequente, mas acho que já levei Dorothy lá uma vez. Acontece que Dorothy é passado, meu presente agora é outro. Espero que ele seja com a Celine. Aliás, já que toquei nesse assunto, tive sorte de hoje não ser um dia em que tocamos no horário de almoço do Cavern. Assim não preciso chegar suado e atrasado, posso me arrumar tranquilo, pra não causar uma má segunda impressão, já que a primeira não foi tão boa assim. Faltam uma hora para as 14:30, mas já vou sair agora. Talvez eu passe na casa de John antes de ir para o Cherry's.
A verdade é que eu estava tão ansioso que simplesmente não passei na casa de John. Olhe, eu juro que não costumo me sentir assim, sempre sou muito seguro em relação à encontros, relacionamentos e coisas do tipo. Mas quando o assunto é Celine, eu não sei. Fico confuso. Acabei de a conhecer, mas sinto algo diferente em mim. Tenho vontade de olhar para aqueles olhos verdes o dia inteiro. E é por isso que estou sentado numa mesinha perto da janela à meia hora. Eu sei que era eu quem estava adiantado, mas, no fundo, eu tinha uma sensaçãozinha de que ela não viria, e aquela sensação não era nada boa.
Só que essa sensação morreu assim que eu a vi entrando pela porta. Meu Deus, como ela estava linda.
Ela estava usando um vestido rodado, vermelho com bolinhas brancas, e continuava com seus óculos escuros, mas dessa vez ela os colocou na bolsa, deixando os olhos verdes à mostra. Ainda bem.
Ela não teve dificuldades para encontrar a mesa, já que peguei uma mesa de apenas dois lugares do lado da janela de entrada. Assim que ela se aproximou, me levantei para cumprimenta-la e puxar sua cadeira para que sentasse.
- Eu não estou atrasada, estou?
- Não, fui eu quem cheguei cedo. Como está?
- Estou bem. Então quer dizer que você é baixista?
-Não só baixista como guitarrista e talvez compositor.
- Você compõe?
- Digamos que sim. Quem sabe um dia eu te mostre.
- Ficaria lisonjeada. Eu também toco, mas sou mais adepta ao piano e ao violão.
Essa é a primeira garota que eu conheço que toca, e isso me fez gostar ainda mais dela. Alguém que divide o mesmo amor que eu pela música, má pessoa não é. Depois disso, decidimos pedir milkshakes, dois de chocolate. Num momento de distração minha, ela roubou a cereja do meu milkshake. Eu a encarei e vi que ela havia corado. Eu simplesmente ri e roubei a dela também. O clima entre nós não poderia estar mais tranquilo, apesar da conversa um pouco constrangedora que tivemos mais cedo. Estávamos terminando os milkshakes, quando eu a ouvi cantarolar a música que estava tocando na jukebox:
Stupid Cupid you're a real mean guy
I'd like to clip your wings so you can't fly
I am in love and it's a crying shame
And I know that you're the one to blame
Hey hey set me free
Stupid Cupid stop picking on me- Sua voz é muito bonita. - eu disse, a fazendo corar
- Não mais do que a sua. - okay, agora quem está corado sou eu.
- Essa é minha música favorita. - ela continuou - Parece que foi escrita pra mim.
- Por que diz isso?
- Por que o Cupido é um cara muito estúpido. Ele me faz me apaixonar por estranhos assim, sem mais nem menos!
Nossos olhares se encontram e ela parece se arrepender do que acabou de dizer. Tenta voltar atrás, mas eu a corto:
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And I Love Her
Romance"Bright are the stars that shine, dark is the sky. I know this love of mine will never die. And love her" Em uma noite no Cavern, Paul conhece uma garota que pela primeira vez, não corresponde aos seus flertes logo de primeira. Ao tentar conhecê-la...