Start the show!

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16 de setembro de 1961, sábado

Celine pov.

Os dois dias que se seguiram desde o meu "encontro" com Paul se passaram de maneira surpreendentemente rápida. Eu não o vejo desde quarta, mas Lizzie disse que enquanto eu organizava algo nos fundos da loja na quinta, ela o viu passar acompanhado de um amigo. Falando em Lizzie, ela me implorou para que eu a levasse ao ensaio, e de tanto ela pedir, eu aceitei a levar. Só pedi que ela não demorasse a se arrumar, pois não queria que nós fôssemos a causa do ensaio da banda começar atrasado. Faz meia hora que estou ouvindo ela gritar "Estou descendo!". E nada de Lorraine Lizzie May descer.

Enquanto eu a esperava, vendi três discos, li uma revista e ouvi ao novo single de um novo grupo de garotas americanas. Estava voltando para o balcão do caixa quando ouço o sininho da porta da loja tilintar, e vejo Paul McCartney entrar por ela.

Não que eu estivesse prestando atenção na aparência dele, mas ele estava até que bem bonito. A franja caia levemente sobre a testa, não usava a jaqueta de couro, mas sim uma blusa social e um suéter bonitinho de lã. Seus olhos; meio verdes, meio castanhos, tinham um brilho diferente. Ele me encarou por alguns segundos e disse:

- Bom dia Celine, como está? Vamos? O ensaio já começa.

Não sei o que me deu , mas meu cérebro precisou de alguns segundos  para "reiniciar". Parecia que eu estava em transe. Me senti boba agora.

- Oh, oi Paul. Bem, você poderia esperar alguns minutos? Lizzie insistiu que eu a levasse comigo, caso você e o resto da banda não se importassem...

- Ah, claro. Posso esperar sim, os rapazes não vão se importar, não se preocupem.

Um silêncio quase palpável se estabeleceu entre nós, e pela primeira vez em muito tempo fiquei desconfortável na presença de um garoto. Não era um desconforto ruim, era daqueles que faz parecer que existem borboletas em seu estômago. Dei graças à Deus quando ouvi o toc toc dos saltinhos de Lizzie enquanto ela descia as escadas rapidamente. Ela começou a dizer coisas como "Pronto, pronto, aqui estou eu. Tenho certeza que aquele tal de Paul ainda nem che..." e parou de falar na mesma hora em que percebeu a presença de McCartney na loja.

- Ah, olá Paul. - Ela diz, se dirigindo a ele e apertando sua mão - Ouvi falar bem de você, muito bem. Eu sou Lorraine Lizzie May, mas pode me chamar de Lizzie. Como vai?

Vi que Paul ficou um pouco surpreso com toda a fala rápida de Lizzie, mas depois abriu um sorriso gentil e respondeu aos seus cumprimentos.

Depois de eu ter os apresentado devidamente, saímos da loja. Nos sábados, a movimentação geralmente é alta, mas nada de que Charlie, nosso "gerente reserva" não dê conta.

No caminho, Paul nos explicou que o ensaio havia mudado de lugar.  Não seria mais em sua casa, mas sim na de John Lennon, guitarrista de apoio, vocalista e melhor amigo de Paul.

- Nossa banda é formada por 4 caras. John toca guitarra rítmica, e foi ele quem deu a ideia de fundar a banda, que antes se chamava "The Quarrymen". Depois mudamos de nome umas duas vezes, até que o antigo baixista da banda, Stuart Sutcliffe, sugerir The Beatles. E aí ficou assim.

- Também temos George Harrison, o guitarrista principal. O cara toca muito bem, faz solos como ninguém. Eu quem o indiquei para a banda, velho amigo meu. Depois, temos o baterista, Pete Best. Bem, digamos que achamos ele por ai. E por último, mas não menos importante, tem eu. No começo eu era guitarrista de apoio também, mas então Stu decidiu morar em Hamburgo com a namorada e então me obrigaram a tocar o baixo. Agora até que eu gosto. E como você sabe, eu escrevo também.

And I Love HerOnde histórias criam vida. Descubra agora