∞ Capítulo Doze ∞

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Por Júlia

A consulta com o neurologista foi um pouco tensa.

Ter que relatar tudo o que sinto quando a crise de enxaqueca me ataca, não foi fácil. Mas eu gostei do apoio do Doutor Luís ao segurar minha mão confortando-me.

Preciso me cuidar. Agora não posso fingir que não tenho nada ou que a enxaqueca não existe na minha vida.

Não deixo Dr. Luís marcar os exames, prefiro olhar isso depois quando tiver um tempo.

No restante do dia não o vi mais no escritório.

Na terça-feira mal fiquei no escritório, pois tinha uma pauta de audiências para realizar.

Já na quarta-feira o dia estava bem tranquilo. Antes do almoço resolvo, como de costume, levar alguns documentos para o Dr. Marcos assinar.

--Posso entrar? --pergunto ao Dr. Marcos.

--Claro, Júlia. Tudo bem? Como você está? O que tem aí para mim? --dispara a falar.

--Tudo bem sim e você? Preciso de sua assinatura nestes documentos. --falo lhe entregando os papéis.

A porta se abre e entra uma mulher loira muito elegante.

--Oi querido. Vim buscá-lo para almoçarmos juntos. --diz a mulher beijando de leve meu chefe.

--Querida, essa é a Júlia. Júlia essa é minha esposa Andréia. --Dr. Marcos faz as apresentações.

--Então você é a famosa Júlia? Prazer em conhecê-la. --ela diz e estica sua mão que aperto e sorrio.

--Você gostou do Doutor Simões Júlia? --pergunta ela, referindo-se ao médico neurologista que consultei no início da semana. --Ele é o melhor da região. Luís queria o melhor, e ele é referência na neurologia.

--Sim. Gostei muito. Obrigada. --respondo pegando os documentos que meu chefe terminou de assinar.

Agradeço e saio da sala rapidamente.

Não fiquei à vontade com o comentário da esposa do meu chefe. Talvez ela não falou por mal, mas fiquei muito constrangida nesta situação. Preciso tomar uma atitude e parar de depender das pessoas.


Na hora do almoço consigo marcar os exames que o médico solicitou. Farei a bateria na segunda-feira bem cedo, assim, envio uma mensagem para os meus pais pedindo para me acompanharem, o que eles confirmam de imediato. Vou fazer esses exames e vou no retorno com esse médico. E depois, procuro outro que eu possa pagar. Porque se esse é referência como me disseram, não quero nem imaginar o preço que foi a consulta. Os exames também não sairão baratos, vou gastar quase o meu salário do mês.

Na volta do almoço não vejo o Dr. Marcos para informar que vou me atrasar na segunda-feira, então deixo para falar amanhã.


Quando o expediente está quase acabando o telefone da minha mesa toca e o Dr. Luís me pede para ir até sua sala.

--Licença. Posso entrar? --pergunto na porta.

--Entra Júlia. --diz. --Quero te passar um processo para você conferir, por favor. Mas não é urgente, quando der você faz, tudo bem? --diz me entregando o processo.

--Ok.

--Como você está? Marcou os exames? --me pergunta.

Então resolvo falar com ele mesmo, já que Dr. Marcos não está.

--Eu marquei para segunda-feira bem cedo, e queria pedir para chegar um pouco mais tarde.

--Claro, Júlia. Sem problemas. Eu te acompanho. --se oferece na hora, mas dispenso.

--Não precisa Dr. Luís. Obrigada. Meus pais vão me acompanhar, obrigada.

Percebo que ele fica sem reação, mas eu não quero ele de um lado para o outro me levando nos lugares como se ele tivesse alguma obrigação de cuidar de mim.
Ele levanta da sua cadeira e dá a volta na mesa ficando próximo a mim, muito próximo na verdade.

--Eu só queria te ajudar Júlia. Se te assustei, me desculpa, não foi minha intenção. --fala bem baixinho, olhando nos meus olhos.

--Não é isso Dr. Luís, eu...eu...eu fico constrangida de você pagar as coisas pra mim. Você não tem obrigação de fazer nada por mim. Eu não posso deixá-lo gastar seu dinheiro e tempo comigo. Eu não me sinto bem com isso.

Resolvo esclarecer as coisas e parece que Dr. Luís entende o meu lado.

Ele concorda balançando a cabeça e aproveito seu silêncio para sair da sala.

Acho que agora eu consegui por um ponto final nessa história.

O restante da semana passa normal sem nenhuma novidade.

Na segunda-feira faço todos os exames que o médico pediu. Agora tenho meus pais, também, na minha cola. Eles acham que estou muito doente, mesmo explicando que são exames de rotina. Ocultei deles tudo que me ocorreu para chegar a fazer aquela bateria de exames.

Não quero preocupá-los com isso.


A semana seguia tranquila sem audiências e não voltei a ter qualquer sintoma ou princípio de enxaqueca.

Na quarta-feira, assim que chego no escritório vejo um bilhete em minha mesa.

É do Dr. Luís pedindo para ir a sua sala assim que eu chegar.

Acredito que deve ser sobre o processo que ele me pediu para fazer semana passada. Pego o processo e vou até sua sala.

--Bom dia! --entro na sua sala.

--Bom dia. --responde.

--Eu trouxe o processo. Conferi e está tudo certo.

--Ah que ótimo. --responde.

Aguardo o Dr. Luís falar mais alguma coisa, mas ele não diz nada. Fico sem entender porque me chamou. Após alguns segundos ele volta a falar.

--Hoje eu vou pra São Paulo. Se der, volto no domingo e...se sair os resultados do seus exames...é... você me fala, por favor. --pede ele meio constrangido.

--Claro. Eu te aviso sim. --confirmo sorrindo.

--Então é isso Júlia. --finaliza.

--Ok. Boa viagem --desejo a ele.

Vejo-o levantar vindo em minha direção abrindo os braços meio sem jeito e entendo que, talvez, ele quer um abraço. Sem pensar muito, me aproximo e colo meu corpo ao dele e repito minha última frase.


Dr. Luís agradece próximo ao meu ouvido.

Afastamos-nos um pouco só para olharmos nos olhos, ele ainda mantém nossos corpos colados e com uma mão ao lado do meu rosto ele abaixa um pouco a cabeça tocando seus lábios nos meus de forma leve. Não me afasto de seu toque. A sensação de estar em seus braços é muito gostosa. Bem devagar ele começa experimentar meus lábios e me deixo levar por aquela sensação gostosa. Uma das minhas mãos tem vida própria e toca seu peitoral e a outra permanece eu suas costas. Quando sinto o beijo se intensificar, recebo sua língua e começamos uma dança gostosa de lábios e línguas se descobrindo e se experimentando. Não quero que esse beijo acabe, ficamos nessa dança sincronizada por alguns segundos, até que meu chefe afasta nossos lábios em busca de ar. Daí então, nosso clima é quebrado e me afasto do seu corpo sem saber o que dizer.
Ele está do mesmo jeito que eu.

Então faço a única coisa que consigo nesse momento. Giro meu corpo e marcho para fora de sua sala.




INFINITO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora