A casa amarela, espaçosa, com janelas brancas de madeira, duas garagens e um jardim bem florido na frente, havia sido vendida para uma alegre família, no dia quinze de novembro de 2001, em uma quinta feira.
Aquele bairro da cidade de Barbacena era tranquilo e também era cenário da passagem de aviões da Força Aérea pelos céus.
O casal Renato e Gabriela estavam felizes com a chegada de uma filha não planejada: Carolina, que era a caçula, enquanto estavam acompanhados de Miriam, esta havia já oito anos.
Eles estavam um pouco atrapalhados com a mudança, pois era a primeira vez que o casal havia conseguido sair da casa que moravam no quintal de Jordana, a avó paterna de Carol.
Uns rapazes carregavam em seus braços alguns móveis mais pesados enquanto Renato e Miriam transportavam as caixas pelos cômodos. Haviam alguns papelões que estavam com etiquetas que discreviam para qual cômodo seriam encaminhados:
"Filha." Disse Renato calmamente ao agachar e olhar para a filha mais nova: Miriam. Ele estava ofegante, vestia uma bermuda jeans azul, calçava um par de chinelos pretos e estava sem blusa.
"Oi, papai." Respondeu a criancinha loirinha, que havia puxado o pai na cor de cabelo e dos olhos, estes eram azuis. Miriam vestia um vestidinho vermelho e uma sandália marrom.
"Preciso que você leve essa caixinha lá para o quarto que fica no final do corredor. Ele vai ser seu e da sua irmãzinha." Disse Renato com um sorriso no rosto.
"Tudo bem, papai." Disse Miriam com sorriso. Ela era uma criancinha fofa de cabelos trançados e rechonchuda.
Ela levou as caixas para o andar de cima. O corredor da cara era um pouco grande: do lado direito haviam um banheiro e uma suíte, do lado esquerdo um quarto menor e, no fim do corredor, um quarto grande.
O patriarca estava animado com toda essa mudança e dentro de seu carro velho e prata, especialmente no porta malas do veículo, ele tinha comprado algumas tintas para renovar os cômodos.
Ele começou a ordenar Miriam a como seria a arrumação das caixas e, junto dos ajudantes dele, começou a montar os móveis e a separá-los das paredes de alguns cômodos.
O senhor Renato começou a pintar o quarto das garotas: a cor escolhida por Miriam foi amarelo(em um tom bem claro). Ele a deu um pequeno pincel para que ela se distraísse. Em menos de cinco horas, eles haviam montado os móveis e pintado a parede que seria das crianças.
Enquanto isso, a senhora Gabriela, que era uma mulher de vinte e seis anos, estava balbuciando para pequena Carol no berço, este ficava à direita da cama de casal, que ficava no centro do cômodo.
"É bem vantajoso morar em uma casa de móveis planejados." Disse Renato com um sorriso enquanto olhava para a sua filhinha pintar as paredes. "Você e a sua irmã terão até um closet."
"Eu tô gostando bastante da casa nova, papai." Disse Miriam sorrindo. "Acho que a Carol também."
"Que bom!" Fico feliz por isso." Disse Renato com uma voz aconchegante.
Os brinquedos de Miriam foi desempacotados em seguida e ela ficou brincando um bom tempo sozinha. Ela tinha oito anos, já sabia ler e era uma criança bem agitada, enquanto a sua irmã, mais quieta.
"Eu sou uma Winx!" Disse Miriam enquanto dançava de frente para uma televisão que ficava em uma estante de seu quarto. Ela ficava muito animada assistindo desenho.
Os pais dela conversavam sobre a nova vizinhança e eles comentavam a respeito do futuro.
"Você está feliz, não é, menininha?" Disse Gabriela calmamente enquanto via o seu neném esboçar um pequeno sorriso.
O senhor Renato conseguiu arrumar os principais móveis e eletrodomésticos da casa, pois era necessário realojar a família. E, dia antes, o jovem pai lavou toda a casa acompanhado de sua filha primogênita.
Ao despachar o caminhão de mudança e os seus ajudantes, às 18:40, Renato foi cumprimentado por um homem que andava de bicicleta.
"Olá, vizinho!" Gritou Pastor José animado. Ele era um homem negro, calvo, alto e que estava vestindo um terno preto e calçados engraxados.
"Oi!" Respondeu Renato ofegante.
Depois de deixar Carolina dormir tranquilamente no berço do quarto de cima, Dona Gabriela foi para os jardins da frente podar e regar as plantas.
"Com quem você está falando?" Perguntou Gabriela curiosa. A jovem mãe era muito bonita: ela possuía cabelos curtos, castanhos, olhos castanhos e pele branca.
"Com um vizinho!" Disse Renato empolgado.
Pastor José sentiu-se à vontade para começar uma conversa, então estacionou a sua bicicleta preta na calçada e se aproximou do homem que despachava o caminhão.
"Vocês que são os novos moradores? Sejam muito bem-vindos!" Ele disse com um sorriso simpático e depois entendeu a mão direita para cumprimentar Renato.
"Somos sim." O homem respondeu empolgado. "O senhor é daqui?"
"Sim, eu moro nessa mesma calçada, em uma casa branca duplex, é só seguir direto uns 70m." Explicou José pacientemente.
Gabriela andou devagar e foi cumprimentar o vizinho, ela possuía em suas mãos uma rosa que havia podado da roseira. E, em seguida, Miriam havia descido correndo às escadas para falar com a sua mãe, então a encontrou na calçada e a acompanhou para conversar com Pastor José.
"Olá." Disse a jovem e tímida mãe. "Eu me chamo Gabriela." Sorriu.
"Eu me chamo José." Então ele estendeu a mão para um cumprimento.
Os dois apertaram as mãos e depois soltaram. Miriam estava se escondendo atrás do vestido branco e florido de sua mãe.
"É linda." Disse Pastor José aleatoriamente. Ele parecia estar muito admirado com alguma coisa.
"O que?" Perguntou Gabriela demonstrando desconfiança.
"A rosa que a senhora está segurando, moça." Respondeu gentilmente.
"É... Eu só a arranquei por ter ela ter muitos espinhos e ficar em uma altura bem próxima de Miriam... Ela é a minha primogênita." Disse enquanto ria. "Me dá muito trabalho."
"Imagino!" Disse Pastor José enquanto gargalhava. "Bem, eu vim convidá-los a assistir o culto de sexta-feira. Quase todos os moradores dessa rua frequentam a minha igreja e vai ser um prazer ter membros novos." Disse com um sorriso simpático.
"Bem, eu não sei se vamos ter tempo. A nossa casa está um pouco bagunçada ainda..." Disse Gabriela enquanto fazia carinho na cabeça de Miriam.
"Ah, tudo bem..." Disse José enquanto tentava convencê-los, depois disso ele entregou um folhetim nas mãos de Gabriela.
"O que é isso?" Perguntou Gabriela. "Ah! É a sua Igreja... Parece bonita e organizada. Qual é a religião de vocês?"
"Qualquer pessoa pode assistir aí nosso culto e será muito bem-vinda. A única condição é que a pessoa se entregue de coração e alma ao Deus vivo." Respondeu com um sorriso. Diante disso, ele andou até a bicicleta, subiu nela e se despediu da família.
"Que senhor simpático." Pensou Gabriela.
"A vizinhança parece ser muito acolhedora." Disse Renato. "Talvez a gente se dê muito bem por aqui."
"No folhetim diz que os cultos são nos domingos. Acho que irei em um, vai ser bom para conhecer as pessoas da região." Disse Gabriela. Em seguida, ela se aproximou de seu latão de lixo e descartou a rosa que segurava em sua mão.
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TRAÍDA PELA CONFIANÇA
RomanceUm jornal sensacionalista noticiou que um corpo havia sido encontrado carbonizado. Paralelamente a isso, estava a família de Carolina que esperava que um dia a caçula voltasse para a casa. Isso não aconteceu. A família está em cacos e clama por Just...