08

73 26 4
                                    

— Bangchan, ela se foi. — Yoohyeon afirmou logo ao entrar na cozinha. Seus olhos estavam inchados, e olheiras eram visíveis. Era perceptível que passara a noite chorando.

— O que aconteceu, Yoohyeon? — Siyeon perguntou preocupada, antes mesmo que Bangchan respondesse. Todos se sentaram à mesa, tentando acalmar a princesa e descobrir o que a angustiava tanto.

As horas seguintes foram marcadas pelo desespero de Yoohyeon que, embora odiasse a benção, não saberia como viver sem ela. A surpresa para as amigas, no entanto, não fora sequer o desaparecimento da previsão, mas o fato da princesa conseguir realizar tal ato. Eles escutaram atentamente à sua história e, apesar de espantados, tiveram de seguir com a jornada.

Durante meses, todos fugiram, procurando uma solução não apenas para Dami, mas também para a benção de Yoohyeon. Sentindo-se inútil, a princesa decidiu pedir que Bangchan a ensinasse como manejar uma espada.

— O que disse? — O guarda perguntou, observando Yoohyeon aos poucos sair de seu abrigo, tarde da noite.

— Pedi que me ensinasse como utilizar uma espada.

— Não posso fazer isso, princesa.

— Por qual motivo? Apenas por ser a filha de um rei já morto? Acha que sou frágil demais? — Yoohyeon encarou Bangchan, sentindo-se subestimada.

— De forma alguma, princesa. Digo isso pois aprender a manejar uma espada não é fácil. Levam-se anos até você dominar a técnica, e além disso, temo que se machuque gravemente.

— Eu já matei milhares de inocentes apenas por existir, Bangchan. Não quero causar mais problemas a ninguém. Não quero ser aquela que é protegida, quero proteger quem amo pelo menos uma vez na minha vida. Quero passar os dias sabendo que serei útil caso formos atacados. Não quero que tudo acabe da mesma forma que antes. Eu lhe imploro.

E, apesar de um tanto hesitante, Bangchan cedeu, dizendo a princesa que apenas ensinaria algumas técnicas de defesa, distração e desarmamento. Conforme o tempo se passava, Yoohyeon — embora ainda se sentisse culpada — compreendia cada vez mais o que realmente significava liberdade e amizade. E não apenas isso. A princesa, de pouco a pouco, era capaz de prever alguns poucos acontecimentos, mesmo que por meio de borrões. Ela se sentia útil novamente.

olheiro futurístico; dreamcatcherOnde histórias criam vida. Descubra agora