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Juntos, Miles e Hettie, caminharam por quase todo o parque, a garota conversou com ele por todo o tempo, para que Miles não prestasse muita atenção à decoração, ou às criaturas que estavam por todo lugar. Estavam agora na área de alimentação, Miles se recusou a comer qualquer coisa que Hettie ofereceu, todas as comidas tinham formas e aparência tenebrosas, sem falar nos nomes suspeitos que levavam.  Hettie desistiu de tentar fazê-lo comer alguma coisa, estavam seguindo caminho, quando um morcego, muito maior do que deveria, parou de frente para o casal.


-Olá Hettie. - Disse o morcego, com uma voz fina e animada.

um estalo baixo ressoou e num instante o morcego se transformou em uma garotinha de oito ou nove anos, Miles dá um passo pra trás sobressaltado, a menina usava um vestido cheios de babados preto e antiquado, parecia ter saído do século passado, seu rosto, a única parte descoberta do corpo, era redondo e pálido como papel, os cabelos, lisos e pretos, chegavam quase na cintura dela. Lembravam uma daquelas bonecas góticas de porcelana assustadoras.

-Olá Macbeth. - Respondeu Hettie igualmente animada.

-Quem é seu amigo? - Perguntou Macbeth olhando para Miles de cima a baixo.

-Este é Miles, é sua primeira vez no parque. - As duas garotas soltaram um risinho cúmplice. 

-É um prazer Miles. Eu sou Macbeth, uma vampira. Mas não tem com que se preocupar, eu não bebo sangue humano, tem muito colesterol sabe? - Disse a pequena vampira casualmente. Miles forçou sorriso e assentou para a menina. - Tenho que ir. Até mais Hettie.

Macbeth vira morcego novamente e sai voando, Miles tinha ouvido dizer que as criaturas do parque eram reais, mas ele não acreditava totalmente nisso. Bom, não acreditava até agora. Ele ainda estava um pouco perplexo. Um grande receio cresceu dentro do seu peito e o fez duvidar de sua segurança no parque. Hettie viu seus pensamentos estampados em seu rosto.

-Ei, não pira tá? Nenhuma criatura do submundo pode matar ou machucar fisicamente os visitantes. Eles seriam banidos do parque caso acontecesse, aparentemente nenhum deles quer ficar presos ao submundo durante essa noite. Então todos se comportam. - Explicou Hettie. Eles voltaram a caminhar.

-Ouvi dizer que o parque se alimenta do medo, é verdade? - Miles pergunta ao se lembrar dos comentários dos seus colegas de turma.

-Não necessariamente. Toda essa região é banhada em magia, o parque funciona a partir dela, porém existem três grandes potencializadores de magia: o ódio, o amor e o medo. As duas primeiras opções são muito específicas, só restando então o medo como combustível para o parque. 

-Eu devo ser um excelente combustível então. - Miles suspira derrotado. Hettie ri.

-Sabia que o medo e um instinto primitivo do seu subconsciente. Então pense assim: o medo é só um grito de autopreservação. Seu medo te mantém vivo, ao menos em teoria.

-Mas não deixa de ser inconveniente no meu caso. 

-Isso é verdade. - Concordou ela. - Nós já andamos por quase todo o parque, o que acha de enfrentar os brinquedos agora?

Hettie para estendendo os braços no ar, como se apresentasse a montanha russa. Miles olha horrorizado para o brinquedo que tinha os carrinhos em forma de crânio, ele balança a cabeça em negativa já ficando pálido. 

-Tudo bem, foi uma péssima primeira escolha. - Hettie procura em sua mente um brinquedo que não atiçaria a fobia do garoto. - Já sei! Vem por aqui.

Hettie o puxa pela mão mais uma vez. Deram a volta no carrossel de cavalos demoníacos vivos, passaram por uma bruxa vendedora de souvenir ambulante, e por fim, pararam de frente a uma cabine em formato de abóbora de Halloween, nos olhos crepitavam duas chamas verdes e da boca escorria líquido vermelho como sangue.

-Essa é a nossa versão de roda gigante. - Informou Hettie apontando para cima, no céu havia mais duas abóboras idênticas a que estava no chão, elas flutuavam no alto percorrendo toda a área do parque dando uma visão mais que privilegiada. - São abóboras voadoras nada assustadoras. Primeiro os cavalheiros. - Disse ela dando passagem para que Miles entrasse primeiro, não dando a chance de ele desistir.

O jovem rapaz entrou um tanto relutante mas logo que a cabine começou a se mover esqueceu-se de que estava numa abóbora e se admirou com a vista, tudo estava tão distante que já não era tão assustador. Hettie o observava, procurava algum sinal de medo ou desconforto, mas tudo que ela viu foram olhos brilhantes de uma criança maravilhada com a magia. Ela sorriu satisfeita. 

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(Palavras: 751)

Parque Esquecidos do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora