3. NAVALHA

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Caída no chão frio do estacionamento, Rute não parava de receber chutes e socos . Durante todo esse tempo mesmo temperamental, ela nunca pensou que ele chegaria a esse ponto. A pobre garota não conseguia mais distinguir qual era a dor nas costas e qual era dor das agressões.

- Era isso que você queria não é ?! Estou te dando ! Está gostando, meu amor ?!

Berrava Isaque, com uma satisfação assustadora na voz.

-  Eu não me importo com o que vai acontecer comigo depois daqui, mas te darei seu fim !

Continuou.

Foi então que Rute sentiu algo ascender dentro dela, a chama de um ódio incontrolável. Ela não podia deixar- ló vencer, era muito provável que Isaque saísse  impune de tudo aquilo, ele era homem, rico, branco e hétero afinal. Quanto tempo ele passaria preso ? Ela se perguntou. Dois anos ? No máximo e lá estaria ele atrás de outra mulher.

Imaginou também o quanto sua imagem seria destorcida por ele, que claramente faria questão de mata-la moralmente. Pensou em toda dor, sofrimento e perseguição que sua família e amigos passariam quando o caso viesse átona. Preocupou- se com as futuras vítimas de seu atual agressor.

Tomada por uma fúria a qual lhe corroía os ossos a garota tomou a decisão de que não podia deixar Isaque viver. Sentiu então a dor de seu dorso rasgando se intensificar de forma alucinante,soltando um grito tão grande que até mesmo seu agressor se assustou e parou com os pontapés. De repente, tudo se acalmou e o único barulho presente no ar era o de uma navalha extremamente afiada cortando seu primeiro pedaço de carne.

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