Conflitos

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POV King

Deixamos o meu prédio rumo a faculdade. Ram me deu uma carona em sua bicicleta, indo até o prédio que eu teria aula.

O percurso foi silencioso. A minha cabeça estava um turbilhão e eu queria fazer milhares de perguntas a ele mas, além de não saber como fazê-las, algumas respostas me assutavam.

Desci da bicicleta ajeitando a mochila nas costas. Desde o incidente da manhã, com Ram saindo sem camisa do banheiro e acariciando meus cabelos, eu não consegui olhar em seus olhos. Era como se eu sentisse que olhando nos olhos dele, ele poderia me ler assim como posso lê-lo. Mas isso seria algo ruim? Eu lutei tanto para conseguir compreendê-lo e fazer com que ele confiasse em mim e me entendesse... Qual era o problema comigo? Aqueles sentimentos eram cofusos e eu não tinha tempo de processá-los ali naquele momento, mas não poderia ir embora sem me despedir dele. Ao olhar para ele, percebi que me encarava aguardando que eu dissesse algo.

- Obrigada pela carona. Te vejo na hora do almoço? - perguntei sem planejar.

Ele acenou de forma positiva e foi saindo com a bicicleta. Não era bem aquilo que eu queria dizer. Na verdade, eu não sabia o que dizer. Deveria perguntar o motivo das reações dele? O que aquele beijo significou pra ele? O que nós éramos afinal?

- Espera! - falei parando a bicicleta com as mãos e impedindo que ela se movesse.

Ram se assustou com a atitude e me olhou meio assustado. Meu coração estava acelerado e o encarei por alguns instantes. Aqueles olhos...Eu não me lembro desde quando aquele olhar se tornou tão claro pra mim. Desde quando eu comecei a conseguir ler suas emoções e respostas por eles. Queria encontrar todas as respostas das minhas perguntas alí, mas porque era tão dificil perguntar?

Derrepente as palavras da minha avó voltaram à minha mente "Descobrir os sentimentos dos outros é tão complexo quanto descobrir os seus próprios". Como eu poderia tentar entender o que ele sentia se eu não tinha certeza do que se passava dentro de mim? Eu precisava entender todas essas emoções e sensações que Ram despertava em mim primeiro.

- P'King? - Sua voz me tirou do meu transe e só consegui falar.

- Boa aula! - sorrindo de forma desconcertada.

Ele sorriu e agradeceu com um gesto das mãos enquanto saía com a bicicleta.

Aquela conversa iria ter que esperar até eu descobrir o que eram todos aqueles sentimentos.

As aulas daquela manhã foram extremamente turbulentas, o que manteve minha cabeça ocupada todo tempo. A tarefa da última aula tomou mais tempo que o planejado e, ao olhar pro relógio, eu vi que já se passavam 40 minutos da hora que havia combinado com Ram. Apressadamente juntei as minhas coisas e desci as escadas do prédio correndo e digitando no celular.

(- Ram, me atrasei, desculpa. Você já almoçou?)

Acabei esbarrando em algumas pessoas e me desculpei sem parar de correr, chegando ofegante na saída. Parei derrepente ao vê-lo encostado na pilastra olhando para o celular. Olhei para o meu e ele estava digitando. Não me aproximei aguardando sua mensagem.

(- Tudo bem. Ainda não.)

Era engraçado como ele só respondia exatamente ao que era perguntado. Não poderia já ter dito logo que estava me esperando na portaria? Sorri balançando a cabeça e o chamei

- Cool boy!

Ele se assustou surpreso por eu aparecer derrepente. Somente ao me aproximar dele foi que percebi a sacola de plástico em seu braço.

O que será de nós? [RamKing] [pt Br]Onde histórias criam vida. Descubra agora