1 ; my eyes want you more than a melody.

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        Era para ser uma sexta ordinária para Harry Styles, um simples estudante de Ensino Médio. Ele acordaria com os berros de seu alarme, iria para a escola depois de tomar café com seus pais e sua irmã, armazenaria algumas coisas inúteis, comemoraria ao soar do sinal e voltaria para sua casa para ter algum sossego. Naquela sexta-feira, não foi bem assim. Na verdade, depois daquele dia, a última coisa que ele estava tendo era sossego, marcando aquela sexta-feira como a que mudaria todas as outras pelo resto de sua vida.

        Ele estava passando seu tempo vendo aleatoriedades no Tumblr, porém viu o reblog de uma foto que o chamou a atenção - até demais. Deitado sobre lençóis alvos, estava o corpo que o tiraria de órbita. Uma mãozinha tão pequena e macia segurava com força a barra de seu moletom-cropped pêssego, com vergonha, mostrando uma faixa da pele beijada pelo Sol de sua barriga; a saia soltinha da mesma cor com alguns babados no cós começava em sua cintura e perdia-se em algum lugar de suas pernas, fazendo Harry arfar com a imaginação de tudo que não foi captado, de tudo que podia ser mostrado, de tudo que foi ocultado por aquela roupa.

        Decidiu seguir o usuário que havia postado aquela foto, stalkeando todas as outras, cada uma delas trazendo uma fisgada mais forte entre suas pernas, até seu pênis latejar e ele não ter outra opção se não aliviar-se, pensando no que vira. Foi aí que começou o inferno pessoal de Harry. Por causa de igotthedagger, um garoto crossdresser que devia ser apenas mais um no Tumblr, mas que, por algum motivo, chamou sua atenção; a atenção de uma pessoa que nem tinha fetiche nisso e nem sabia por que aquilo estava acontecendo.

        No início, ele não via como uma obsessão, mas apenas como uma admiração, um passatempo, até analisar o mundo ao seu redor. Até perceber que o mundo ao seu redor tornara-se um user em uma rede social que ele conhecia do pescoço para baixo; até se tornar um hábito esperar pelos posts do garoto desconhecido, decepcionar-se profundamente quando ele desaparecia (e, se fosse por mais de três dias, preocupar-se verdadeiramente) e desse hábito, ele simplesmente não conseguia ter outro pensamento se não fosse ele. Uma incógnita, um mistério que Harry desejava solucionar; seu segredo mais precioso e pecaminoso, escondido dentro de peças tão delicadas.

        Niall Horan, seu melhor amigo, tentara um par de vezes levá-lo a festas para arranjar alguém para que ele passasse a noite e esquecesse sua paixão, que ele se negava a dizer o nome (ele não tinha o nome, de qualquer forma), mas afirmava que era platônica. Harry, para não decepciona-lo, chegou a ir para cama com dois em noites diferentes, mas não funcionava mais. Ele estava viciado. Em sua mente, só se passava uma pessoa.

        Porra, quando menos viu, já tinha decorado tudo que podia saber sobre ele. Sabia da pequena protuberância em sua barriguinha, como um buchinho, da sua preferência por conjuntos de cores clarinhas, de como suas coxas eram firmes e grossas, de como sua bunda deveria ser ainda maior sem aqueles tecidos, de como seus braços eram fininhos e seus dedinhos pequeninos e gordinhos.

        Em meio a todos esses detalhes sobre seu garoto, o único que o aproximava de um nome era uma tatuagem: um J tatuado em letra script em seu pulso direito, bem desenhado, redondo e escuro. Depois que a viu, Harry a procurava em todos os garotos minimamente parecidos com ele, em busca de uma resposta para seu dilema. Mas não havia. Aquela tatuagem estava em apenas uma pele, logo abaixo de uma constelação triangular de três pintinhas.

        Era como se sua vida dependesse disso; sua vida dependia da boa vontade de um desconhecido, que provavelmente estava ali apenas para construir um espaço seguro longe de julgamentos, e não para conseguir um estranho que decorasse cada um dos seus detalhes como se fossem os seus próprios, que almejasse torná-lo seu a cada respiração. 

put you on repeat (play you everywhere i go) | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora