O Homem do Terno Branco

PRÓLOGO

Olhei diretamente para dentro daqueles olhos escuros.

Não conseguia respirar direito enquanto encarava o meu aniquilador. Ele correspondeu o meu olhar como se estivesse realizado ao perceber que sua presa estava indefesa e entregue. Eu tinha sido dominado por ele. Sentia medo e ao mesmo tempo tinha a sensação de que não havia nenhum outro lugar no mundo que eu gostaria de estar. Eu queria senti-lo me dominando, me consumindo. Não queria ser nada além de ser uma parte dele. Sem dúvida, era a melhor forma de morrer. Eu tentava demonstrar todos os meus desejos sendo completamente submisso. Estava disposto a fazer qualquer coisa que ele mandasse. Estava grato, pois sabia que se eu nunca tivesse me mudado para Manaus, não estaria diante no êxtase do gozo da minha iminente morte. Não havia arrependido de ter deixado tudo para trás. Eu tinha encontrado nele tudo o que procurei durante toda a minha curta vida. Quando o destino te força a tomar uma decisão você precisa escolher entre se entregar ou fugir. Algumas coisas não são aceitas pela metade. Tudo precisa ter um fim. A vida é uma jornada que inevitavelmente nos empurra para o ponto final da nossa existência. Eu não poderia escolher diferente. Eu era dele.

O predador sorriu enquanto avançava para me devorar por inteiro.