Eu sinto como se te conhecesse a anos

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- Mas oque que acabou de acontecer?
Perguntou Aidan assustado e sem entender absolutamente nada... Droga, na hora do desespero acabei o trazendo para o meu presente, ainda é o primeiro dia de aula, estavamos atrás da escola perto das arvores a onde havia estado com Blud minutos atrás, eu arregalei os olhos pensando na droga em que me meti o trazendo aqui e tentei de todas as formas explicar para ele o que aconteceu e o que está acontecendo. Ele se sentou no chão se encostando na parede e perguntou olhando para o nada incredulo:
- Deixa eu ver se entendi, você tem poderes de viajar no espaço tempo e veio para o futuro que no caso é o presente, você viu uma criatura e me trouxe com você porque "sente" que algo iria acontecer e você deixou Dominic, Nádia e Maria lá?
Engoli seco e respondi me sentando ao seu lado:
- É.
Ele me olhou de forma calma novamente e disse:
- Ok... Tudo isso é muita muita loucura mesmo... O que vamos fazer agora?
Eu pensei em dizer que o levaria de volta, mas a imagem daquele monstro se colocava a repetir em minha mente, minhas mãos começaram a tremer e as escondi atrás de mim e respondi:
- Vai ficar tudo bem, eu posso te levar de volta... Só não agora... Eu preciso ir para minha casa pegar meu celular, vem comigo.
Me levantei e puxei seu braço, ele meio confuso pergunta:
- O que é um celular? Eu sei o que é um telefone mas isso eu não sei.
- Celulares não foram criados na decada de 50? - perguntei o olhando enquanto andavamos.
- Eu moro numa cidade pequena e afastada, pra mim celular é coisa de gente muito rica, então eu nunca vi um.
Ele respondeu me olhando de volta e apertei o passo, alias, a cada passo que davamos ele olhava para todos os lados, acho que ele desejara ter olhos a mais naquele momento para não perder nada de vista, estava quase em casa quando pela tristeza do acaso eu me encontro com Laura Marciano, ela se aproximava toda sorridente quase que pulando até mim e pergunta:
- Oi Anne! Quem é esse?
- A gente não meio que acabou de sair da escola? Como você aparece aqui do nada?
Tentei destrai-la.
- Ah... Eu estou voltando para a escola, esqueci meus livros lá e preciso deles. Como você trocou de roupa tão rápido depois de sair da escola?
Perguntou ela sem desviar o olhar de mim olhando de cima a baixo, e novamente perguntou:
- Por que que ele se veste assim?
- Ah... É retrô, ele gosta de coisas assim. E, eu estava com esse vestido no meu armário, no armário da escola...
Respondi gaguejando e ela finalmente se despede e puxo Aidan ainda mais forte e rápido, Aidan olhou para si mesmo e perguntou:
- O que tem de errado com a minha roupa?
- Cara, é 2019, ninguém se veste como se fosse trinta e cinco anos atrás, e eu também preciso trocar esse vestido, a gente dá um jeito!
Respondi, já estavamos na rua da minhs casa, finalmente chegamos a varanda, peguei a maçaneta da porta e a girei, a porta estava trancada, então me abaixei até um vasinho de plantas artificiais que estava ali como decoração, Aidan apenas me observava, ergui as flores do vaso e peguei uma chave que estava escondida no fundo, minha madrinha Fernanda sempre dizia "pare de usar seus poderes atoa, você sabe que tem uma chave reserva", ela era a única que sabia sobre meus poderes, isso antes de eu conhecer Blud.

Coloquei a chave na porta e a abri com cuidado e lentamente, não queria fazer Fernanda me perguntar mil e uma coisas quando visse um garoto em casa, revirei-me para Aidan e fiz um sinal com o dedo em meus lábios para ele fazer silêncio, a porta de entrada ficava em frente as escadas para meu quarto e a direita a cozinha, e a esquerda a sala de estar onde estava minha madrinha lendo o que devia ser provavelmente um livro de romance, ela sempre me falava dele muito animada, mas nunca tive a oportunidade de lê-lo.
Aidan e eu andamos lentamente até a escada passando reto a entrada da sala, quando eu ia botar o pé no primeiro degrau, ela pergunta da sala sem tirar os olhos do livro:
- Anne? É você querida?
"Droga" eu disse apenas movimentando os lábios, agarrei Aidan e o empurrei em minha frente e disse sussurrando:
- Meu quarto fica no fim do corredor, vai!
E então minha madrinha pergunta mais alto e mais confusa:
- Anne?
- Oi, madrinha, sou eu sim, acabei de voltar da escola.
Respondi colocando minha cabeça para dentro da sala, e ela diz revirando o olhar para mim:
- Venha cá, quero te contar uma coisa.
Olhei para um lado engolindo seco tentando esquecer que tem um garoto escondido no meu quarto, bom, me sentei ao lado dela no sofá e perguntei:
- O que foi?
- É uma boa notícia, Anne! Sua mãe disse que vai voltar pra casa mais cedo e vai poder falar com você!
Uau, ela vai poder falar comigo... Que empolgante ter uma conversa de meia hora com uma mulher que se diz minha mãe mas que trabalha o tempo inteiro e quase nem nota minha existência ao decorrer dos dias, realmente me empolga, foi o que pensei naquele momento, mas não queria chatear minha madrinha e disse sorrindo:
- Que maravilha, madrinha! Ela vai chegar as dez?
- Vai sim! Que bom que está feliz.
Ela respondeu passando os dedos em mechas do meu cabelo, minha madrinha era mais minha mãe do que minha própria mãe... Sabe? Isso não me incomoda, as coisas estão bem assim. De repente se ecoa uma música abafada pela casa, eu arregalo meus olhos pensando que só podia ser Aidan mexendo na televisão do meu quarto, Fernanda franzi as sobrancelhas e pergunta:
- Que barulho é esse?
Eu pigarreio e respondo:
- Aah, deve ser minha TV, aquela coisa com certeza está quebrada, vive ligando sozinha, bom, e-eu vou lá arrumar!
Me levantei depressa sem deixar ela pronunciar mais nada e subi as escadas correndo, passei depressa pelo corredor e entrei em meu quarto, o maluco estava lá, plenissimo com minha televisão ligada ao som de Wallows dançando no meio do meu quarto, tipo, é serio isso? Minha cara era exatamente essa olhando para ele:

The Time GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora