O conforto da chuva

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Na noite do baile, eu estava no meio da rua, era quase meia noite, estava chovendo, em meio as gotas de chuva escorriam também minhas lágrimas, caminhava para casa calmamente tentando apagar da minha memoria o que eu vi, senti meu coração morrer por dentro.

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- Não precisava ter dormido no chão, poderia ter me chutado da sua cama.
Disse Aidan arrumando a ordem da playlist do Ipod, ele gostava de ouvir os rock's no inicio e as músicas suaves no fim, quando baixei elas estavam todas em ordem aleatoria.
- Tudo bem, eu não queria ter te acordado.
Respondi deitada na minha cama enquanto lia Crepúsculo, sim eu gosto de Crepusculo. Então Aidan coloca o Ipod em cima do criado mudo e se deitada na minha cama apoiando a cabeça nas minhas pernas, sabe? Eu estava com os joelhos dobrados e ele apoiou a cabeça nas minhas pernas, ah, deu pra entender tanto faz. E então ele pergunta:
- Se você pudesse escolher qual seria a cor do céu, que cor escolheria?
Fechei o livro e franzi as sombrancelhas pensando.
- Hum... Acho que roxo, ficaria legal eu acho. E você?
Aidan ergueu as mãos no ar e respondeu:
- acho que roxo também... Se você fosse um animal qual seria?
- Ah,  com certeza um gato. Por que essas perguntas?
Retruquei.
- Sei lá, tava tentando puxar assunto. A gente não pode sair? Não aguento mais ficar no quarto.
- Hum... Tudo bem, onde quer ir?
Perguntei me levantando e ele também.
- Não sei, qualquer lugar serve.
- Ok, vamos ao centro, acho que vai gostar.
Coloquei meu tenis e ele tambem, levei ele ao centro da cidade, havia muitas coisas legais lá, Aidan sempre admirava a forma como todos se vestiam agora, como tem um "estilo legal" como ele mesmo disse kk, foi tão fofo ver ele apreciar coisas tão simples. Acabei comprando algumas coisas para ele, como uma luminaria em formato de lua com nuvens (Cristo que coisa cara, meu rim foi embora depois da compra), ele parecia até uma criança quando ganhava um doce, comprei algumas roupas, ele queria que comprasse um violão para ele.
- Ah não, Aidan, isso custa caro, não vou comprar.
Ele me olhou com cara feia e respondeu:
- Vou prender a respiração até você comprar ele pra mim.
E ele prendeu...
- Você é uma criança ou quê Aidan?
E ele segurou.
- Aidan para.
Revirei meus olhos, ele começou a ficar vermelho, é serio que ele tá fazendo isso? Ele começou a ficar roxo.
- Aidan?
E caiu no chão no meio de todo mundo, arregalei meus olhos e corri para vê-lo
- Tá bom, tá bom! Eu compro! Eu compro!
Ele levantou na mesma hora, respirando agora, e estava sorrindo feito um bobo... Deus por favor não me diz que eu realmente fiz isso.
Entramos na loja onde vendiam varios instrumentos, ele pegou um violão simples, e eu paguei... Nunca mais trago essa pessoa abençoada pro centro.  Saímos da loja com ele dando pulinhos de alegria e eu com a mão nos olhos me arrependendo amargamente de traze-lo ao centro.
- Obrigado, Anne!
Disse Aidan sorrindo e me abraçando por trás, aquele abraço fez meu coração acelerar e me lembrar do quanto gosto de Aidan, é melhor eu esquecer essa paixão logo...

Depois desse dia a semana foi passando normalmente, não que ter um garoto morando no meu quarto seja normal, mas, nada de muito diferente aconteceu, até chegar sexta, o dia do encontro com Aidan e Hanna, ele havia aceitado o convite na quarta, eu o ajudei a se arrumar, ele estava realmente muito bonito, ele iria buscar a Hanna na casa dela onde eu disse que era, arrumei sua camisa passando a mão, segurando as lagrimas e então disse:
- divirda-se...
Ele agradeceu e saiu pela janela, nem me lembro o que eles iam fazer ou onde iam... Logo depois disso suspirei e me joguei na cama de bruços, olhei para o lado e vi o violão de Aidan encostado na parede, ele estava aprendendo a tocar rápido, e então deixei as lagrimas rolarem... Chorei até pegar no sono.
As dez eu escutei um barulho de algo batendo nas janelas, me levantei com a cara toda vermelha quase que inchada e fui ver o que era, era Aidan jogando pedrinhas na janela, a abri, Aidan subiu até meu quarto, ele não parecia o que chamo de feliz mas não parecia triste tambem, então eu perguntei evitando olhar para seu rosto:
- Como foi?
- Ah, foi normal eu acho, ela é muito chata, só falava de si mesma...
Ele respondeu tirando o tenis, ele parecia cansado, se eu tivesse que ouvir a Hanna falar dela mesma por três horas e meia tambem ficaria.
- Hum, que pena...
- Ela não falava sobre alienigenas, ou sobre música, ou de filmes...  Nem apreciava coisas boas... Só consegui pensar numa coisa.
- O quê? - perguntei franzindo a sombrancelha.
- Em como você é divertida e como as horas voam com você.
Eu corei e senti minhas mão tremerem, ainda desviava o olhar, e então ele disse:
- Tenho que te contar uma coisa.
- Fala.
- Eu... Eu não sei dançar... Sabe o baile é amanhã.
- Não precisamos dançar.
Respondi me sentando na cama, e ele insistiu:
- Mas não quero deixar você sentada na arquibancada enquanto todos dançam. Por favor Anne me ensine.
- Tudo bem.
Respondi, liguei a tv e coloquei uma música da qual gostava muito.

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