Panquecas e ovos fritos

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Eu estava deitada em minha cama, meu quarto estava com a luz apagada e tudo que conseguia pensar era naquele dia... Olhos verdes, ele tinha olhos verdes... Coloquei meu braço em cima de meus olhos, tentando ocupar minha mente com qualquer outra coisa... Minha madrinha bateu na porta e disse que o café da manhã estava pronto, eu coloquei minha blusa preta e uma calça jeans, saí do meu quarto, passei pelo corredor e entrei na cozinha, só tinha minha madrinha e eu, minha mãe sempre estava em reuniões de trabalho então só ficava eu e minha madrinha praticamente, o dia estava nublado e parecia que logo chuva caíria, puxei a cadeira e me sentei a mesa, no meu prato havia panquecas e ovos fritos, em minha frente estava minha madrinha claro, aproposito, o nome dela é Fernanda, começo a comer em silencio, e então ela pronuncia:
- Amanhã a vizinha vai dar um churrasco e nos convidou, acho que seria legal se fossemos.
Olhei confusa pra ela e respondi enquanto dava uma garfada em um dos ovos:
- Madrinha, você sabe que não como carne vermelha né?
Ela ficou um pouco corada e retrucou:
- De toda forma é bom sair sabia?
- Eu to sempre saindo.
- Sabe oque eu quis dizer, Anne.
Viajar no tempo já não é suficiente? Eu tenho que sair aqui tambem? Fala serio...
- Pelo menos está animada para o primeiro dia do segundo ano?
Ela perguntou me encarando e eu assenti com a cabeça, de repente se ecoa um barulho, era alguem batendo na porta e eu sabia muito bem quem era, e estava feliz em ir vê-lo
- Deixa que eu atendo, deve ser o Rafa.
Rafael é meu melhor amigo desde a sétima serie, me levantei animada e corri para a porta, era mesmo ele, dei-lhe um abraço forte e ele diz com um sorriso bobo:
- Tambem é bom te ver!
- Eu só vou pegar minha bolsa e já vamos.
Ele assentiu, saímos de minha casa e logo ele pegou seus fones de ouvido.
- Cara da ultima vez que colocou esses fones eu fiquei o caminho toda calada, ao menos me dê um tambem.
Ele estendeu um dos fones e coloquei na orelha e ele fez o mesmo, e então começou a tocar Tame Impala, meu Deus, não tinha outra música mais corna que aquela.

Mas admito que tem uma vibe muito boa, e continuamos o caminho escutando essa música, é engraçado ouvir musicas com o Rafa, ele sempre acaba cantando descontroladamente as músicas, e foi o que fez, comecei a rir e tudo ficou leve e feliz, então ele para e percebo que um garoto de cabelos vermelhos e olhos azuis se aproximava de nós, eu olhei para Rafa como quem diz "quem é ele?", então o garoto nos comprimenta e diz
- Oi, eu sou novo por aqui, podem me dizer onde é a escola? Estou meio perdido.
- Ah... Na verdade estamos indo pra lá, se quiser pode vir com a gente.
Eu respondi tentando ser amigavel, ele sorriu e retrucou se colocando ao meu lado:
- Valeu mesmo, meu nome é Dominic mas pode me chamar de Blud.
- Por que Blud?
Perguntou Rafael pausando a música e tirando os fones para prestar atenção no garoto, e Blud responde:
- Porque eu gosto, nem tudo precisa de um motivo especifico.
Rafa me olhou de um jeito muito estranho quase que engraçado e disse:
- Tá bom então, Blud.
- Blud é legal
Eu retruquei e continuamos nosso caminho, não queria que aquilo continuasse silencioso, era uma tortura e perguntei:
- De onde você é Blud?
- Sou de 84... - ele arregala os olhos como se tivesse peecebido o que disse e continuou - Quer dizer, sou de um lugar pequeno e... Distante.
Rafa me cutucou e sussurrou:
- Esse garoto é estranho, Anne.
Eu ponderei por alguns instantes, ninguém sabe que posso viajar no tempo, acho... O que Blud disse me deixou pensativa, mas logo chegamos a escola e me destraí com algumas de minhas amigas me comprimentando.
- Bom diaaa, o sol já nasceu na fazendinha nha!
Essa era Laura Marciano, todos a chamavam por Marciano, ela era uma de minhas melhores amigas, sempre estava de alto astral e me passava essa energia incrivel.
- Meu Deus, Marciano, são oito da manhã, não dá pra ser menos... Você?
Essa que parece ser rude mas é um pão de mel é a Gabrielly Torres, todo mundo a chama de Gaby, bom, de manhã ela pode ser estressada mas é uma otima companheira e tem os melhores conselhos.
Depois de falar com elas o sinal toca e cada uma foi para sua aula, minha primeira aula era de historia junto com o Rafa, mas estranhamente ele não veio pra essa aula, depois que falei com as meninas ele simplesmente sumiu, talvez esteja matando aula atrás da bancada, as vezes ele faz isso só para dormir mais um pouco, não o julgo, se minhas notas não estivessem no buraco com certeza faria o mesmo.

Durante a aula senti alguem cutucar meu ombro, me virei para trás e era Lili, não eramos tão proximas mas ainda sim gostava bastante dela.
- O que foi?
Sussurrei
- Dominic disse que precisa falar com você, na sala de instrumentos, disse que era urgente.
Osh, entendi foi nada, por que Blud iria querer falar comigo? A aula havia acabado de começar, que cara estranho, admito.
- Sabe por que?
- Não, ele não disse.
Levantei e mão e o professor perguntou num suspiro
- Diga senhorita Black.
Nossa, era esquisito ouvir alguem me chamar pelo segundo nome.
- Eu posso ir ao banheiro, senhor? É... Urgente sabe?
E fiz um sinal com a mão de algo descendo, ele assentiu e eu corri pra fora da sala, o que que esse garoto quer? Aquele horario do dia não teria ninguem na sala de instrumentos, caminhei até la e empurrei a porta, peguei Blud mexendo em um dos violinos, quando notou minha presença se afastou do instrumento e levou seu olhar até o meu.
- O que quer Blud? Eu estava no meio de uma aula, droga.
- Anne Black, não é? - ele me encarou profundamente - Eu sei o que você pode fazer, e preciso da sua ajuda.
Sabe aquela cara de sem graça? Foi a que eu fiquei, paisagem.
Ele se aproximou de mim e disse baixinho
- Eu preciso voltar para 1984, Black.

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