🚪Batendo Em Sua Porta🚪

146 6 4
                                    

A menina virou as costas e saiu correndo, literalmente deixando seus problemas para trás.  Seu pai a conhecia muito bem, sabia que em breve ela voltaria e que não adiantaria nada correr atrás dela, principalmente porque nesses 30 segundos passados ela deveria estar a cinco quarteirões longe de casa.

Alix correu, era tudo que podia fazer agora, correr era sua solução imediata.  Ela não tinha nem um plano de para onde ir e nem o que fazer. A noite estava escura mesmo iluminada pelos postes de luz nas ruas, não havia lua ou estrelas pois estavam escondidas atrás das nuvens e as primeiras gotas de uma chuva começavam a descer do céu e se espatifarem no chão ou em qualquer superfície que encontrasse, incluindo a cabeça de Alix, que estava sem seu boné.

O rosto da garota estava vermelho, mas não era de choro e sim de raiva. Ela precisava descontar essa raiva em alguém e quem melhor para ser seu saco de pancadas senão... Kim!!!

Assim que o garoto veio em sua mente Alix correu para a casa dele e bateu forte na porta 3 vezes. Depois de alguns segundos sem respostas ela bateu mais umas 10 vezes bem alto e rápido, foi quando ouviu a voz dele vindo lá de dentro: "Já vai, já vai, também não precisa derrubar a porta!"

Foi quando Alix parou para pensar "O que estou fazendo!? Kim não tem culpa de nada, eu não posso simplesmente chegar na casa dele no meio da noite e começar a brigar com ele sem motivo algum". Então ela virou as costas e começou a andar em direção à rua, a chuva estava começando a ficar mais forte, suas pernas tremiam estavam ardendo, mas elas não podiam vacilar agora, Alix precisava sair dali o mais rápido possível, antes que Kim abrisse a porta.

Seus pensamentos voltaram para brigar e seus sonhos destruídos, para o seu sentimento de culpa por querer descontar em Kim e para a saudade que sentia de sua mãe, então todos os sentimentos tristes que ela havia guardava durante anos resolveram retornar e chegaram no seus olhos, enchendo de água. Foi quando ela ouviu a porta, alguns metros atrás dela, ser aberta e Kim dizer:

Kim~ Hey Anão de Jardim, porque está plantada aí fora como um enfeite no meio das Flores?~ ele disse em um tom um zoeiro que Alix já estava acostumada, mas a garota não disse nada, ficou ali parada de costas para ele, então ele entrou na chuva e começou a andar lentamente em direção a ela.

Kim~ Alix?~ ele a chamou novamente.

Kim sabia que algo não estava certo, Alix não vinha a sua casa, nunca! Normalmente ela ligaria ou mandaria mensagens, mas Kim estranhou mesmo o fato de ela não ter revidado a provocação dele.

Enquanto o rapaz ia se aproximando Alix sentiu como se estivesse segurando um navio nas costas, e se ela se mexesse ou falasse algo esse navio cairia e a esmagaria, com medo disso acontecer a garota ficou imóvel, como uma estátua, olhando para o chão de cabeça baixa, prendendo a respiração. De certa forma, ela torcia para que Kim ignorasse ela ali fora e voltasse para dentro, ou que ela ficasse invisível, ou qualquer outra coisa que o mantivesse longe dela.

Ela não aguentava mais, soltou o ar e deu uma suspirada fracionada mas rápida, dessas que a gente dá quando chora.  Suas lágrimas estavam a um fio de escaparem, então ela sentiu Kim relar em seu ombro esquerdo, enquanto ele ficava de frente para ela.

Kim~ Hey, o que acont... ~  a voz dele falhou, ele colocou a mão no queixo da amiga e ergueu a cabeça dela.

Quando ele fez isso, as lágrimas tomaram vida própria e escorreram pelo rosto de Alix, se misturando com as gotas da chuva. Kim não disse nada, apenas abriu os braços e esperou Alix.

Sem pensar duas vezes, ou melhor, sem nem pensar, Alix se jogou no peito do amigo e começou a chorar desesperadamente. Agora era definitivo, o navio havia caído. A chuva ficou mais forte e agressiva, Alix não se importava, pelo contrário, o barulho da chuva, do vento, a camisa de Kim e seu abraço apertado ajudavam esconder seus soluços angustiados.

Uma grande reviravolta Onde histórias criam vida. Descubra agora