Amar é mais do que dizer do amor
Suspirei sentindo meu corpo pesar, quase como se o cansaço dos últimos dias me atingisse de uma vez só e sem nenhuma compaixão. Deixei minha testa bater contra a porta fechada do apartamento dela, e resmunguei quando o movimento me causou uma leve dor, fechei os olhos e apertei as mãos fortemente tentando pensar no meu próximo passo.
Toda a adrenalina e euforia que senti até chegar aqui, se esvaiu no momento que meus pés pararam em frente a porta branca, passei bons minutos com a mão levantada criando coragem para bater. Bem, a coragem não chegou, fazendo com que o sentimento de covardia se apossasse de mim, deveria entrar e conversar com ela, deixar-me falar e ouvir o que ela tem a me dizer, mas o medo de como a situação se desenrolaria me deixava paralisada.
Respirei fundo tentando controlar os batimentos cardíacos, e antes que cogitasse sair dali o mais rápido possível, senti meu corpo ceder quando a porta abriu de uma vez, tropecei para dentro do apartamento e quando pensei que cairia de cara no chão, dois braços rodearam minha cintura.
Infelizmente não era quem eu esperava encontrar ali, o aroma forte de perfume masculino me enjoou, os braços musculosos soltaram meu corpo e ao levantar a cabeça encontrei Caon me encarando com um olhar brincalhão, forcei um sorriso ao perceber que não tinha maldade em suas ações.
"Você quase levou um belo tombo." brincou, colocando a mão no meu ombro e apertando. "E ainda ia me causar um leve ataque cardíaco, quase me mata de susto."
"Desculpe." sussurrei em um fio de voz, o toque dele começava a pesar demais, me afastei e Caon me encarou confuso mas não questionou minha ação. "A Rafa tá aqui?"
"Sim, no quarto céu." deu de ombros colocando as mãos no bolso da calça, senti seu olhar me analisando dos pés a cabeça e aquilo me deixou um tanto desconfortável. "Ela anda meio pra baixo esses dias, sabe me dizer o porquê?"
"Não." menti. "A gente não conversou muito nesses últimos dias, o trabalho nos afastou um pouco mas estou meio que lutando pra manter nossa amizade intacta."
"Trabalho?" Caon parecia desconfiado. "Você é sócia da ByRK, não apareceu nas festas de lançamento e nem nas reuniões que ocorreram durante a semana. Não tem como o trabalho afastar vocês sendo que têm um projeto juntas."
"Meu trabalho nos afastou." corrigi encolhendo os ombros. "Estou tendo dificuldade em concluir meu álbum e isso está tomando todo o meu tempo, ainda estou tentando conciliar..."
"Ela me contou que você teve um recaída." seu tom era um tanto ácido, mas o deixei continuar. "Rafaella passou horas no telefone e quase deixa todo mundo louco tentando evitar que fotos suas bêbada na entrada de uma balada fossem parar na internet."
"Não foi minha intenção." passei a mão pelo rosto sentindo a garganta arranhar.
"Ela teve que vazar uma informação dos próprios projetos para que o tal do Léo Dias não postasse uma matéria sobre seu alcoolismo." Caon começava a demostrar sua raiva, mas ele não era o único irritado com aquela situação, seu tom acusatório começava a me fazer querer explodir e xinga-lo. "Rafaella colocou a corda no próprio pescoço para evitar que colocassem uma no seu."
"Onde quer chegar com isso?" questionei sem paciência, me sentia uma idiota por imaginar que quando cheguei aqui não conseguir notar maldade em suas ações.
"A pergunta certa é até onde você quer levar isso?" dei um passo para trás ao notar que estávamos próximos demais. "A grande Manoela Gavassi prefere deixar que a melhor amiga perca trabalhos do que admitir que é uma viciada."
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Cinco Dias [Ranu]
FanfictionOnde Manu leva cinco dias para aceitar e entender seus sentimentos por Rafaella Kalimann.