Maktub - Spin-off Layla (EM PAUSA)

Prólogo

De todas as surpresas, aquela era a mais grandiosa e inimaginável na vida de Layla. Anos viajando por diversos países e reinos, uma caminhada árdua longe do palácio de Omã, aventuras e dificuldades não a prepararam para ouvir as palavras proferidas por Safira em seu discurso.

Enquanto caminhava lentamente sobre a tapeçaria vermelha, Layla parecia reviver todos os momentos que a trouxeram até aquela manhã ensolarada nas terras árabes. Os olhares dos presentes, embora não totalmente familiares, a acompanhavam a cada passo, cada ação, cada decisão tomada. Todo o anonimato que sempre teve estava se desvanecendo. Ela tremia por dentro, o nervosismo exalava por seus poros, e o vestido esverdeado parecia apertar seu corpo inteiro. Ela tentava se acalmar, mas quanto mais se aproximava, mais sentia o peso da responsabilidade.

A visão de Safira em sua abaya festiva azul marinho era impressionante. A cor transmitia um poder que Layla nunca imaginara possuir. A irmã, com cabelos louros e olhos brilhantes, parecia perfeita para aquele momento. A abaya, repleta de pedrarias brilhantes, contrastava com a capa de cor vinho que Layla começava a vestir. Safira, segurando a espada de Osman, aguardava do púlpito dourado. A espada, um artefato sagrado da tradição árabe, simbolizava que o sultão estava acima de todos, exceto Allah.

Layla respirou fundo ao segurar a mão de Zayn, que a esperava no altar montado no castelo. Apertou os dedos dele com força, um gesto de nervosismo, e recebeu um sorriso compreensivo do comandante. Mesmo com o nervosismo, ela admirava o quão bem o tempo havia feito a Zayn. Seu cabelo longo e a túnica escura em tons de roxo davam-lhe uma aura misteriosa e temida. Layla sentia que o tempo passava rápido demais entre eles, como se Zayn estivesse em outro nível, e ela mal conseguisse acompanhar.

— Está pronta? — Safira perguntou, tirando-a de seus devaneios.

Layla fixou a espada diante de si e olhou para a plateia, ansiosa. Suas lágrimas ameaçavam transbordar, e seu coração batia frenético. Suas mãos suavam, e sua respiração estava descompassada.

— Eu não posso fazer isso, Safira — disse Layla, olhando para a irmã. — Eu não... eu não sei... eu não posso.

— Layla — Safira insistiu, a voz firme — Está errada. Você é a única que pode fazer isso. Tente se acalmar, por favor.

Layla tentava encontrar uma saída para o caos em seus pensamentos. Sua respiração estava irregular e o ar parecia faltar.

— Layla... — a voz de Zayn sussurrou perto de seu ouvido. — Habib, apenas faça. Você consegue. Apenas pegue a espada.

Fechando os olhos, Layla suspirou profundamente e tomou a espada das mãos de Safira. O peso da arma era sentido em seus antebraços, mas o verdadeiro peso do artefato a atingiu quando ela olhou para o povo.

Aproximou-se do púlpito dourado, levantou a espada o mais alto que pôde e esperou. Safira, ao lado, retirou a coroa azul cintilante e a colocou na cabeça de Layla.

— Pelos poderes investidos a mim, que recebi o título de Sultana do reino de Omã como herdeira legítima do trono dos Al-Amin, é com toda a honra que passo a minha coroa e a espada sagrada para minha irmã — Safira declarou, enquanto os criados colocavam a capa de cor vinho sobre os ombros de Layla. — Layla Faruk Yasin Al-Amin, princesa de Omã, a você são concedidos todos os poderes, terras, servos e criados, povo e exército.

— Viva a sultana! — gritou alguém na plateia, e logo todos ecoaram. — Viva a Sultana Layla!

— Layla, Sultana do Reino de Omã — Safira concluiu. — Que seu caminho seja abençoado por Allah.

As duas se abraçaram forte, reafirmando o laço de amizade que sempre tiveram.

Quando os reinos foram reconstruídos, Safira percebeu que tinha tudo o que desejava. Amber estava em seus braços, os gêmeos corriam e alegravam o palácio, Said ao seu lado, Layla, Soraia, até mesmo Zayn se tornaram parte de sua família. Mas a princesa compreendeu que o sultanato a afastaria de tudo o que havia conquistado. Layla, mais do que ninguém, merecia usufruir do que fora privada um dia.

A história de Layla estava apenas começando, ou será que já acontecia há muito tempo? O destino tem seus momentos de felicidade. Era fácil ver que aquele era um dia feliz, ao ver os olhares de Zayn e Layla brilharem toda vez que se encontravam. Tantos anos vivendo no mesmo palácio não foram suficientes para que se enlaçassem. Mesmo sem esquecer os beijos trocados, não conseguiam dar um passo adiante. Talvez o destino os tivesse machucado demais, o suficiente para temer machucar um ao outro. O passado havia sido difícil, mas quem poderia prever o futuro? Para chegar ao fim, é necessário conhecer o começo.

Maktub, estava escrito.