1. Bem-vindos a Nabia

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Bem-vindos a Nabia. Amélia Jones é como me chamam. Estamos no primeiro ano do século vinte e, apesar de muita coisa já ter mudado, ainda temos a figura de um rei como chefe de Estado.

O Rei Conrado Beaumont é conhecido pela sua simpatia e generosidade, assim como a sua esposa, a Rainha Esther. Seu único filho, o príncipe Charles, escolherá sua futura esposa este ano. Essa escolha será através de uma famosa competição.

Por esse motivo, minha irmã caçula Kiara, entrou em meu quarto logo cedo. Ela estava entusiasmada e com uma fotografia do príncipe.

Kiara - Por que não posso participar da Seleção? Adoraria me casar com um príncipe.

Amélia - Porque você tem apenas seis anos, Kiara. Não deve se preocupar com garotos agora.

Kiara - Mamãe diz que o sonho de toda garota deve ser se casar.

Amélia - Depende dos sentimentos. Você é uma criança, tem que obedecer nossa mãe, mas com o passar dos anos descobrirá que nos sentimentos ninguém manda.

Kiara - É tipo quando eu quero muito um brinquedo e a mamãe não pode comprar?

Amélia - Quase isso.

Não quero que Kiara cresça pensando que deve aceita qualquer rapaz como pretendente, mas também não quero tirar sua inocência.

Kiara - Por que está falando assim? Não vai se inscrever para A Seleção? Não deseja conquistar o coração do príncipe?

Amélia - Não decidi ainda.

Na verdade, eu não posso desejar ter o coração do príncipe, pois o meu já pertencia a outro.

Kiara não sabe disso, mas foi graças a ela que conheci o meu primeiro e único amor. Algum tempo atrás, numa tarde ensolarada, eu e minha irmã fomos entregar a roupa que minha mãe lava para fora e lá estava Joaquim Morgan. Sempre cruzava com ele, mas não tinha coragem de cumprimentá-lo, mal o conhecia e somos de vilarejos diferentes. Eu pertenço ao sexto, enquanto Joaquim pertencia ao sétimo e penúltimo vilarejo. As pessoas dos dois últimos vilarejos são as mais excluídas da sociedade, ficavam com os serviços mais pesados, algumas vivem em extrema pobreza.

Naquela tarde, enquanto olhava discretamente para Joaquim, Kiara se afastou. Quando ouvi o seu grito de socorro, olhei ao redor, até perceber que ela havia caído em um poço.

Amélia - Como você foi parar aí? Fique calma.

Kiara - Eu estou dentro do balde, me puxe para cima.

Amélia - Está bem. Se segure.

Coloquei toda a minha força na corda, mas não parecia adiantar. Até que outra mão segurou na corda perto da minha. Era Joaquim, ele estava atrás de mim, senti a sua respiração em meu pescoço.

Joaquim - Vamos. Puxe!

Juntos conseguimos levantar o balde. Kiara pulou em meus braços bastante assustada.

Amélia - Nunca mais faça isso. Muito obrigada.

Agradeci a Joaquim, que me respondeu com um sorriso, ele estava um pouco sujo por causa do trabalho, mas o seu sorriso o deixava mais bonito.

Joaquim - Tenham uma boa tarde.

Amélia - Não vai se apresentar?

Joaquim - Não sou ninguém importante.

Amélia - Salvou a minha irmã, agora é importante para mim.

Nós apresentamos e desde aquele dia nos tornamos inseparáveis. Kiara voltou a falar da Seleção, chamando a minha atenção.

Digna da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora