Oie!!! Domingo será o nosso dia de encontro aqui no wattpad!!
Venha se envolver nessa história intensa entre Carina e Adam.***
Carreguei o balde cheio de água em uma mão e o rodo na outra enquanto caminhava pela academia do meu pai. Não era o que eu tinha planejado para uma sexta-feira à noite, apesar de dar a mesma satisfação. Ficar em casa assistindo séries na televisão era minha opção, mas, ninguém negava as ordens do senhor Átila. Apesar do seu título de pai, ele nunca gostou de ser chamado assim, até porque, ele tinha vergonha de ter uma filha da minha idade.
Ele e minha mãe se relacionaram na época do colégio e no parto, minha mãe se foi e eu fiquei aos cuidados dele, ou melhor, da minha avó. Quando tive idade suficiente para limpar meu próprio quarto, meu pai me levou para a academia e ajudava lá também, afinal de contas, precisava pagar minha escola ou roupas.
Cresci vendo homens fortes, lutas e contusões, muitas delas. Aos finais de semana, meu pai promovia lutas clandestinas, que fiquei sabendo apenas quando completei dezoito anos, há um ano. Cada vez mais me escondia atrás de roupas largas e cabelos bagunçados, fazendo-me passar despercebida por entre alunos e associados nojentos, que já tive o desprazer se escutá-los nos banheiros fazendo sexo.
Arrepiava só de lembrar, porque também já tinha visto meu pai, quando adolescente e isso me traumatizou por uma vida. Até hoje não consigo me aproximar direito de nenhum homem, mesmo estando sempre cercada deles. Queria estar longe daqui, cursando uma faculdade ou mesmo curtindo minha vida jovem, mas estava fadada a esse buraco enquanto um milagre não acontecesse.
Entrei na sala que precisava de limpeza e fiz uma careta antes mesmo de acender a luz ao sentir o cheiro ácido de sangue e vômito. Alguns dos lutadores do final de semana treinavam até a exaustão e sempre sobrava para que eu ajeitasse tudo. Só a água não resolveria, precisaria de reforços químicos.
Deixei tudo no lugar e quando saí às pressas para o depósito, esbarrei em alguém e caí, já que nunca olhava para cima. Quando deixei meu cabelo sair do rosto, percebi que era meu pai e seu olhar não demonstrava felicidade em me ver.
— Onde pensa que vai? Os filhos da puta bagunçaram a outra sala também, preciso disso limpo antes que as lutas da madrugada comecem. — Com seu jeito bruto, pegou no meu braço e me ergueu sem nenhum cuidado. Vivia com roxos por conta desses toques, minha pele era branca demais e me fazia lembrar o quanto eu parecia mais minha mãe do que ele. — Entendeu? É na sala cinco, do fundo. — Merda, a maior de todas.
— Sim, Átila. Estou indo buscar os produtos para limpar e tirar o cheiro — respondi no automático, porque as lesões dos seus apertões eram mais fáceis de lidar do que os socos e pontapés quando não cumpria suas ordens.
Sim, meu pai demonstrava seu amor com dor, se é que era possível isso.
— Rápido! — gritou, apenas pela satisfação de fazer pressão psicológica.
Era bem claro que não daria tempo, mas executei sem levantar a questão. Com o estômago embrulhado, busquei outros dois baldes com água, pano e um produto para limpar a bagunça. Equilibrando tudo isso, fui até a primeira sala e lá fiquei até terminar. Tive que fazer mais três viagens para trocar a água e limpar meus itens de limpeza. Era nojento, fazia-me perder a fome e, aos poucos, apagava uma luz que existia dentro de mim.
Cada dia mais deixava de acreditar que minha vida poderia ser diferente. O medo de fugir e ter meu pai atrás de mim me fazia continuar nesse ritmo, além de sempre ter na minha mente que, apesar de tudo, ele me dava comida e um teto sobre a minha cabeça.
Deveria bastar, mas nunca achei o suficiente.
Quando fui para a segunda sala, olhei as horas no meu velho relógio de pulso e inspirei fundo assustada. Fazer isso não era bom, porque o cheiro era ainda pior do que da outra sala e, com certeza, daria o dobro do trabalho.
Deixei todo o material no chão, segurei a respiração e fiz o que dava no primeiro momento. A boca aberta era uma tentativa para não mais embrulhar meu estômago. Apesar de não ser a primeira vez, nem sempre tínhamos esse tipo de limpeza. O sangue fazia parte sempre, não essa outra particularidade.
Recolhi tudo, carreguei dois baldes para repor a água e demorei mais tempo do que antes com a esfregação do chão, porque o cheiro parecia impregnado.
— Você ainda está aqui? — Átila apareceu na pequena área de serviço do lado do depósito de material de limpeza. O aperto no meu couro cabeludo me fez gemer de dor e logo foi substituído pelas lesões nas costas, porque me jogou contra a parede. — As pessoas já estão chegando, porra!
— Tô indo — resmunguei me levantando e sentido pontadas agudas nas costas. Lágrimas escorreram e do jeito que os panos estavam, coloquei-os nos baldes e saí carregando sob o olhar raivoso dele.
Esse dia tinha que acabar!
Andando como sempre e esquecendo que pessoas estavam entrando na academia, acabei trombando com alguém e molhando um sapato brilhante. Pelo visto, hoje seria meu fim.
— Oh, céus, me desculpa! — implorei.
Ergui o rosto com preocupação e o homem parecia indignado com o que tinha acontecido. Encolhi os ombros e me preparei para o impacto, apanhar por qualquer coisa era rotina. Fechei os olhos e nem percebi o movimento que teve antes de alguém tirar um balde da minha mão.
— Eu te ajudo. — Escutei assustada e percebi que me conduzia para mais próximo da parede, onde o movimento de pessoas era quase nulo. — Está tudo bem.
Nunca estaria tudo bem na minha vida, a não ser que esse moço fosse o meu milagre tão esperado, alguém que me protegeria até de mim mesma. Forcei a pegada do balde e nem respondi, dando as costas e me apressando para a sala que precisava da minha atenção. A última coisa que necessitava era que meu pai me visse conversando com alguém dos seus convidados especiais.
Enquanto finalizava a limpeza da sala, a voz do homem que parecia ter me ajudado começou a ecoar na minha mente. Como se a ficha tivesse caído apenas agora, senti meu corpo se arrepiar e meu coração acelerar com suas palavras, eu te ajudo.
Será que era realmente possível? Apesar de ter uma leve chama da esperança acesa, hoje não era um bom dia para aumentar seu fogo. Na verdade, ela parecia uma vela teimosa de aniversário, um que nunca celebrei, mas já vi nas séries de televisão que assisto. Quanto mais assoprasse, mais ganhava força para reascender.
A vibração dos gritos de vitória ecoou pelo lugar. Precisei de duas viagens para levar meu material de limpeza até o depósito. Normalmente, seguia para casa, a dois quarteirões daqui, mas hoje, mesmo cheirando pior que um esgoto, mudei de direção para espirar o que acontecia na arena subsolo. Não seria a primeira vez que assistiria, uma forma de me sentir forte, fazendo algo que meu pai não gostava e ele nunca saberia.
Saí da academia, dei a volta no quarteirão e entrei em um terreno baldio que dava acesso a parte de trás da academia. Era meu esconderijo e, também, meu lugar secreto. Não sabia quem tinha feito aquela passagem, mas era perfeita para mim e me ajudaria a superar o que tinha acontecido comigo minutos atrás.
Passei por entre paredes arranhando meu rosto e latejando ainda mais meus machucados das costas. Ali tinha um corredor e um buraco, onde me deitava de bruços e chegava até o meu cantinho da espionagem. Dois homens lutavam bravamente, o chão já estava manchado com sangue e pessoas torciam de forma escandalosa. Um deles eu conhecia, sempre estava presente, mas o outro não. Poucas tatuagens, postura mais ereta, ele parecia fora de casa, apesar de estar ganhando a luta.
Imaginei que amanhã eu estaria ali embaixo limpando tudo e suspirei cansada. Quando teria alguma folga? Se dependesse de Átila, nunca.
O soco final do desconhecido derrubou o adversário e a vitória foi anunciada com euforia. Nem soube explicar o motivo do meu sorriso e continuei assistindo as lutas até cansar, sair do meu esconderijo e ir para casa sonhando acordada com o homem que me ajudou e o estranho que ganhou a luta.
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Meu Protetor - Degustação
ChickLitEm breve na Amazon. Deveria ser mais um trabalho para o agente secreto Adam. Disfarçado de lutador, para prender o chefe de uma quadrilha perigosa, ele não esperava que seu inimigo tivesse uma filha refém de suas crueldades, desviando a atenção do f...