Capítulo 4

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Anos depois...


Perfeito para um churrasco, pensou Hector enquanto estacionava em frente à entrada da casa onde viveu sua vida inteira.

Apesar de não morar mais com o pai, fazia questão de visitá-lo todo domingo, mesmo falando constantemente com ele durante a semana.

Saiu de seu SUV carregando as cervejas que ficara de levar e chegou no quintal a tempo de ver Ronald distribuindo os hambúrgueres, as salsichas, os legumes e as espigas de milho na churrasqueira.

— Bom dia, pai. Como está? — saudou Hector, abraçando-o.

— Tudo ótimo, meu filho, espero que esteja com fome.

— Faminto, mas não tem pressa — ponderou e lhe ofereceu uma long neck.

Abriu a própria cerveja, acomodou-se em uma das cadeiras de jardim e ficou apreciando a vista deslumbrante que tinha dali. A propriedade era ladeada por árvores de ambos os lados e por um lago que cortava os fundos. Era um belo cenário e ele nunca se cansava de apreciá-lo.

— Está tudo certo para reunião com os Dunlap? — questionou o homem mais velho.

— Amanhã às 9h. Eles vão fechar conosco, tenho certeza. Você sabe que foi indicação dos Rey, certo? — observou Hector.

— Sim, eles sempre nos trazem boas indicações, mas todo o mérito é seu. Você fez um ótimo trabalho com eles.

— De todos nós, pai — amenizou, pois acreditava muito no trabalho em equipe.

— E a mudança? Em que pé anda? — perguntou seu pai.

— Caminhando.

Hector nunca teve planos de sair de Port Yeil, mas a empresa que passara a conduzir depois que o pai se aposentou começara a gerar ainda mais lucros do que antes devido às inovações que conseguiu criar para a corporação ancestral e que acabaram chamando a atenção de grandes empresas de outros estados. E foi esse crescimento que o estimulou a fazer planos para uma possível expansão. Todavia, para conseguir atender a essas novas empresas, uma filial no estado que mais gerava dinheiro ao país seria necessária e ele contava com a ajuda do pai e do melhor amigo, Rick, para que tudo desse certo.

— O apartamento está quase pronto, mas houve um contratempo com a parte elétrica do escritório — continuou e deu de ombros. — Obra é assim mesmo, não é?

— Disso nós entendemos.

— Com certeza.

— Mas não vamos falar de trabalho hoje, quero saber de você. Achei que iria trazer aquela moça — comentou o pai, sentando-se ao seu lado e deixando a grelha quente fazer seu trabalho.

— Mia? Não estamos mais juntos — respondeu, pegando outra cerveja para si.

— Ela não era mulher para você, meu filho. E quanto a Trinity, continua no seu pé? — quis saber Ronald.

Hector respirou fundo e tomou um gole considerável de sua bebida antes de responder:

— Vira e mexe recebo uma mensagem ou e-mail dela. Eu bloqueio, mas ela sempre encontra uma forma de entrar em contato comigo.

— Meu Deus, essa moça precisa se tratar de verdade.

— Já nem sei quantas vezes falei isso a ela... Hoje eu só ignoro — disse e soltou um suspiro cansado. — Acho que essa mudança vai ser boa por conta disso também. Ela não vai atrás de mim em Nova York.

— Bom, só pelo que ela fez a você já precisaria estar internada, isso sim — asseverou o pai, revoltado. — Não sei como a mãe dela não tomou uma atitude.

DEGUSTAÇÃO - Amor & ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora