A cena que se revelava na minha frente era tudo, menos apropriada. Tudo o que eu queria hoje era um dia tranquilo, sem muitas emoções, sem acidentes e de preferência sem essa pouca vergonha dentro da sala de exames.
O homem a minha frente agarrado pelas pernas da morena, escorado na parede em uma confusão de roupas amassadas deixava extremamente claro o que eles estavam fazendo há poucos segundos.
Uma pequena voz dentro de mim zomba da minha cara e ainda me faz questionar se deu tempo de terminarem. Faço uma estranha careta com esse pensamento.
Mas a maior parte de mim está frustrada e irritada com tudo o que está acontecendo.
Quão deprimente que até na sala de exames do Centro Médico algumas pessoas conseguem tempo para um pouco de diversão, enquanto eu não tenho a mesma disposição há bons anos.
Eles continuam me encarando, ela completamente vermelha e provavelmente querendo se enfiar em um buraco pela vergonha e ele... Ele está sorrindo para mim. Inclino levemente a cabeça para o lado e semicerro os olhos, ele sofreu algum derrame ou um AVE para estar lidando com a situação de maneira tão insuportável?
— Nunca viu duas pessoas aos beijos? — Ele pergunta, com um sorrisinho cínico no canto dos lábios cheios.
Lábios cheios? É sério isso, Brianna? Vai ficar analisando as feições do homem agora?
— É claro que já, quero saber o que estão fazendo dentro da sala de exames. Não conhecem a palavra "respeito"? — Cruzo os braços e encaro o casal pervertido, enquanto a morena desce lentamente do colo dele e começa a ajeitar as pequenas peças de roupas que estavam emboladas no seu corpo.
Evito prestar muita atenção nele, mas é completamente inútil enquanto ele continua me olhando e sorrindo, fazendo minhas pernas bambearem e meu coração acelerar. Quero enfiar os dedos dentro dos seus olhos azuis, esmagar suas íris e acabar com essas sensações ridículas que ele está me fazendo sentir com apenas um olhar.
— Por quê? Quer se juntar a nós, loirinha? — Ele pisca e ajeita as calças, para onde, infelizmente, meus olhos caem diretamente. A calça escura modelando as pernas grossas e terminando em um coturno preto, criando a perfeita imagem de um badboy descolado e rebelde. Como se soubesse para onde meus pensamentos estão indo, ele pigarreia e sorri mais uma vez para mim. — Perdeu algo aí embaixo?
Me sentindo completamente desconcertada pela cena anterior e pela situação que ele está me manipulando a sentir, balanço a cabeça para expulsar as imagens do seu corpo da minha mente e aponto o dedo para a porta à esquerda.
— Vocês precisam sair daqui. Isso é um Centro Médico e não um motel, façam um favor a si mesmos e tenham vergonha na cara. — Falo e continuo apontando para a porta, evitando olhar mais uma vez para ele.
— Sinto muito, Dra. — A mulher tenta se desculpar, mas não sinto um pingo de remorso em suas palavras, então tenho certeza de que ela não tem arrependimento nenhum do que aconteceu aqui, talvez apenas arrependimento por ter sido interrompida por mim. — Vamos, bonitinho.
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Céu Vermelho
Ficción GeneralEm alto mar o céu vermelho pode indicar a chegada de uma inesperada tempestade ou a calmaria de um dia tranquilo. Posso entender os marinheiros que passam os seus dias em expectativa pelo inesperado. Na incerteza do destino. Na ansiedade pelo novo. ...