Um bom sonho

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"I just sort of always feel sick without you, baby

I ain't got anything to lick without you, baby

Nothing seems to stick without you, baby

Ain't I fallen in love

It's just the pits without you, baby"

Sweet Dreams, TN - TLSP

A festa decorria, tal como o esperado quando heróis se reuniam sob flashes que buscavam captar a interação entre eles, entre os laços, se é que existiam, enquanto bebida era transportada em taças bonitas e bandejas de prata.

Na coluna que sustentava a sacada do prédio, outro tipo de festa acontecia. Uma de línguas e lábios, de palavras sujas ditas aos sussurros, de puxões de cabelo e de botões sendo abertos enquanto uma mão habilidosa infiltrava-se em meio à calça alheia, por dentro da peça íntima a tocar o membro quente e acariciá-lo com um toque mais firme.

Era a loucura que o forçava agir, o calor que emanava de Enji, mesmo quando este não estava em chamas, quando não usava seu uniforme, mas ainda assim ostentava a mesma expressão de fúria, agora intensificada pela cicatriz que lhe cobria parte do rosto bonito, que não deixara de ser por conta daquilo.

Empurrava-o contra a pilastra, tão próximo às janelas de vidro cobertas por cortinas que iam do varão ao chão, esfregando-se no piso marmóreo, dando privacidade — curiosamente — , a quem estava do lado de fora, naquela varanda que os deleitava com o ar fresco da noite e o som abafado da música que vinha de dentro.

Keigo beijava-o no pescoço, sentindo a mão de Enji fechar-se em seus cabelos, puxando-o de modo brusco deixando agora seu pescoço exposto aos lábios ferozes e língua lasciva que o marcava como se lhe pertencesse. Ouvia-o abafar o gemido em meio às mordidas em sua pele já sensível, mas não cessava a masturbação, o indicador e o médio chegando aos testículos enquanto o polegar insinuava-se na fenda da glande para então deslizar pelo falo ereto. A calça aberta, mas ainda no corpo, limitava os movimentos, tal como o modo como Enji puxava-o para sim, em meio à suas pernas no calor de consumí-lo, devorá-lo.

Deveriam ao menos saber esperar, deixar o sexo sujo para depois. Mas Hawks não o queria depois apenas. Queria naquele instante, no momento que viu o ídolo de infância naquele terno caro e feito sob medida, no olhar que mais assemelhava-se à gelo do que às chamas que sempre o consumiam. A soma de cada detalhe, da feição canalha de quem sempre parecia dizer não ter o que perder, com a certeza de uma boa foda contra o parapeito daquele prédio. Tudo era irresistível à Hawks, que como Ícaro se viu encantando pelo calor do sol, e também, queimado por ele.

— O que me diz de um boquete, aqui e agora? Sujo e indecente, como tudo em você. — Provocar era sua vocação, aquilo que fazia, talvez ainda melhor do que se infiltrar e ser agente duplo. Sorriu ladino enquanto Enji forçava-o para baixo, para que se ajoelhasse aos seus pés e chupasse seu pau. — Não resiste, não é?

— Não sou eu quem está implorando por um pau na boca, sou?

Não evitou o sorriso, como se a vitória fosse dele e não de Enji. Porque considerava-se vitorioso por conseguir o que queria, como e onde estivesse. E no momento, queria ele. Queria o pênis em sua boca, o gosto da porra e os tapas que vinham de brinde enquanto ele o chamava de bom garoto ao esfregar o pênis em sua boca e rosto, como se fosse dono e marcasse o território.

Fora a primeira da noite, nem de longe a última.

¨

Entre drinks e falsos sorrisos, Hawks se deixava guiar, como um pássaro em poleiro, cada hora num canto diferente. O drink já estava quente no copo, era uma bebida forte demais e queria manter a sobriedade para aproveitar o resto da noite e se lembrar dela, achava que todas as transas com Endeavor valiam a recordação, tal como os arroxeados que ficavam como medalhas de honra. Via-o de soslaio, quando menor achava que o álcool serviria de combustível à combustão dele. Que um copo de uísque faria seu herói de infância queimar ainda mais.

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