sᴏʟᴇᴍɴʟʏ (𝑤𝑜𝑙𝑓𝑠𝑡𝑎𝑟)

𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝑪𝒊𝒏𝒄𝒐

𝕷𝖚𝖒𝖔𝖘 

S I R I U S

— Eu me casaria com James, mataria Bellatrix e beijaria Regina Abbot — digo, dando o último trago em meu cigarro antes de apagá-lo na parede da Sala Comunal. — Essa foi fácil.

— Sério? Você não tem nem um pouco de vontade de me beijar? — Potter franze as sobrancelhas, ofendido.

Passamos as últimas horas nos entretendo e escolhendo pessoas para beijar, casar ou matar - ideia de Lily, que estava entediada e decidiu que seria uma boa distração. A princípio, odiei, mas depois de fazer James escolher entre Malfoy, Snape e Goyle, entendi a graça do jogo. James e a almofada que arremessou em meu rosto não acharam tão divertido assim.

— Claro que não, que nojo. Seria praticamente incesto. Além disso, já passei uns bons momentos com a Abbot antes e, se é que vocês me entendem, ela é bem experiente com a língua — Lily torce o nariz com meu comentário, enquanto James deixa escapar uma risada abafada. Remus, do meu lado, revira os olhos. — Oh, Moony, você sabe que ainda é minha vida, certo? Isso é só uma brincadeira.

— Sei, sei. Já me acostumei em esbarrar com uma das suas ex namoradas por todo o castelo. É a terrível consequência de se namorar Sirius Black, eu suponho — responde, com a voz desanimada, apesar do meio sorriso.

— Você deveria fazer uns exames, já que tocamos no assunto. Eu com certeza não confiaria em uma boca que já esteve em outras bocas e partes dos corpos espalhadas por todas as quatro Casas de Hogwarts.

— Porra, Evans, você pensa que eu sou algum tarado sem autocontrole? — Digo, arqueando uma sobrancelha.

— Hum... resumidamente, sim. Ótima definição.

Os outros, inclusive Remus, caem numa gargalhada, me deixando com a cara amarrada. Talvez eu fosse sim um pouco precipitado. Mas nem tudo o que dizem por aí é verdade. Eu nem mesmo cheguei a beijar a maior parte dessas garotas - mas elas ficavam ressentidas com o não de Sirius Black e saiam espalhando boatos exagerados.

Não gosto nem de me recordar do transtorno que a fofoca sobre eu ter transmitido caxumba para cinco pessoas diferentes causou em minha vida. Não é nada agradável passar duas horas ouvindo um monólogo de Minerva McGonagall sobre educação sexual. O paciente zero, no final das contas, foi um dos batedores da Lufa-Lufa. Eu era totalmente inocente - ao menos dessa vez.

— Só estamos te enchendo, Pads — a ruiva acrescenta.

— Terríveis. É isso o que vocês são. Pessoas terríveis — murmuro, encostando meu rosto no ombro de Remus, que se vira e deposita um beijo delicado em meus cabelos.

Fecho os olhos, mantendo meus dedos e os de Moony entrelaçados sobre sua perna, enquanto eles conversam sobre as provas e exames próximos. O cheiro do sabonete adocicado em sua pele invade minhas narinas e o calor do seu corpo próximo ao meu logo abafa qualquer som externo. Só o que sinto são as familiares borboletas no estômago toda vez que estamos tão perto.

Sua mão aperta a minha de forma reconfortante, enquanto seu polegar acaricia lentamente meus dedos, como se Remmy estivesse me fazendo saber que ele está ali. Seu toque simples e delicado consegue arrepiar meu corpo inteiro com uma facilidade que somente Remus Lupin é capaz.

Talvez porque eu seja perdidamente apaixonado por ele.

Mal percebo quando todos sobem para o dormitório e nos deixam sozinhos. Quando abro os olhos, depois do que me pareceram poucos minutos, só o que encontro é a lareira trepidante em nossa frente. Continuamos ali, sentados lado a lado no chão, encostados no sofá e em completo silêncio.