Passo 1

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P. O. V. Katsuki Bakugou

Era noite de domingo e eu estava indo em direção de casa, cansado, com sono e acabado, queria ir tomar um banho, mandar mensagens para o meu namorado e ir dormir tranquilo, sabendo que na manhã seguinte eu iria ver o mesmo. Só que eu vi aquilo.

Meu rosto se contraiu de raiva e meu nariz começou a formigar, dando sinal de que logo logo as lágrimas não iriam mais se segurar. Tive vontade de gritar, mas o bolo que se formou em minha garganta não deixava. As lágrimas começaram a cair, e eu me perguntava como eu me deixei rebaixar-me a esse nível.
Eu me sentia péssimo, e, pela primeira vez, me senti vulnerável. Estava ali, com olheiras, o corpo tremendo pelo cansaço, as lágrimas que corriam meu rosto, para logo depois caírem no chão, olhando aquela cena que me dava desprezo.

O meu melhor amigo, o cara que eu sempre confiei. O cara que me ajudou a pedir meu namorado em namoro. A primeira pessoa para quem eu me assumi. Denki Kaminari, o loiro em quem eu tanto confiava a mim mesmo. E meu namorado, o cara que eu amei durante todo o fundamental e começo do ensino médio. O cara pelo qual eu confiei o meu amor. O cara que tirou a minha virgindade. O cara que tirou o meu BV. O cara que eu pretendia pedir em casamento daqui alguns anos. Kirishima Eijiro.

Os dois, o loiro e o ruivo. Na minha frente. Fazendo aquilo na minha frente. Os dedos do meu namorado, os dedos que me levavam à loucura, tocando a cintura de outra pessoa. Os lábios que já tinham percorrido todo o meu corpo, tocando o pescoço e a boca de outra pessoa. Ele estava ali, segurando o outro entre seus dedos grossos, enquanto espalhava chupões por toda a pele do meu melhor amigo. As lágrimas caiam abundantes e turvavam meus olhos, mas não me impediram de ver mais um detalhe que eu ainda não tinha visto.

Mina Ashido e Sero Hanta. Os dois estavam ali, do lado do que os dois traidores faziam. Estavam perto daquilo com tanta indiferença, como se aquilo já fosse... normal? Todos do squad sabiam sobre nós, vulgo eu e aquele filho da puta, mas porque estavam deixando aquilo acontecer?
A minha força voltou, mas eu não tive coragem de ir até lá pedir satisfações. Apenas corri, esquecendo absolutamente que antes daquilo eu queria ir para casa. Corri sem rumo algum, apenas pensando em encontrar algum lugar que ninguém iria me achar, onde eu poderia chorar e dormir em paz. Minhas forças estavam se esgotando e meu ritmo começava a ficar lento. Eu estava em frente à praça, não tinha ninguém ali. E o que as pessoas achariam quando verem um garoto em um estado deplorável como eu chorando? Que seria um morador de rua. E quem iria se aproximar de um morador de rua? Na realidade, muitas pessoas gostariam de ajudar, mas não no estado em que eu estou.
Eu sentei no banco mais afastado, o que tinha menos iluminação também, abracei minhas pernas e descansei a cabeça sobre os joelhos. Chorei mais, bem mais. Não sei quanto tempo depois, mas ele parou. Eu fui me acalmando, mas a dor continuava ali, e eu sabia que não iria embora tão cedo. Me ajeitei no banco, tentando ficar o menos desconfortável possível, e deitei.

...

Minha cabeça está doendo e meu coração está apertado, mas não estou mais na rua. Posso saber disso mesmo de olhos fechados, pois minhas costas estão sobre algo macio. Abro devagar meus olhos, com medo da claridade. Quando já estão abertos, mesmo que bem embaçados, tento erguer meu corpo, mas sou impedido por uma mão delicada me empurrando levemente de volta à cama macia.

- Shhh... fica quietinho, está bem? Vou pegar uma água...

Os passos foram ficando distantes, me dando a noção de que a pessoa que estava cuidando de mim estava indo fazer o que havia me falado. Eu reconhecia aquela voz, por isso não me preocupei muito, apenas fechei novamente os olhos. Os passos começaram a ficar mais audíveis, ele voltou.

- Consegue se sentar, Kacchan? - me apoiei nos cotovelos e tentei me impulsionar para cima, o que não deu muito certo, e o Deku deve ter percebido isso - Eu vou te ajudar!

Manual de instruções para fazer Kacchan se sentir melhor; bakudeku Onde histórias criam vida. Descubra agora