primavera eu e você [ jikook ]

Outono.

[ O meu twitter é @flytomyoongi e lá no meu fixado vocês encontram o trailer da fanfic e as playlists para ouvir em cada capítulo! ]

E caso queiram comentar sobre a fanfic no twitter, #ChinelosAzuis.

Sinto falta da estação passada. Sinto falta do verão. Muita. O outono é aquela estação onde não se é nem frio e nem calor, as folhas das árvores tornam-se secas e caem. E olhando por esse lado, tudo está morrendo, porque é no outono que a natureza diz adeus àquilo que não lhe serve mais para dar boas-vindas na próxima primavera, e que ficarão na memória como lembranças. As folhas que uma vez foram bonitas perdem cor, vida. Caem por entre os dedos. Relacionamentos também passam por isso. Eles florescem coloridos e cheios de vida na primavera, aquecem o coração com o sol de verão até que o outono chegue, transformando as cores e vida em seca, preparando o terreno para o gélido inverno que chegará em breve.

Passos apressados meus e do meu namorado soam no chão de madeira naquela manhã de sexta-feira. Jimin procura incansavelmente sua gravata, a xícara de café em mãos ao que anda pelo apartamento com uma expressão irritada.

"Você realmente não sabe onde está, Jungkook?" Ele me pergunta, gritando, do corredor.

Ouço seus passos aproximando da sala, onde estou sentado no sofá amarrando os tênis com as mãos e com a escova de dente na boca.

"Eu realmente não sei onde está." Respondo com a boca cheia de pasta. Jimin revira os olhos e bufa. "Talvez Dália tenha pego e escondido. Pegue outra."

Minha sugestão não foi muito boa ao julgar pelo modo que Jimin me olhou.

"Eu preciso daquela gravata. Aparentemente você se esqueceu que daqui a pouco tenho uma reunião importante e que eu só consigo ficar tranquilo usando aquela." Disse em um tom magoado e irritado.

O som de seus passos irritadiços voltaram a soar pelo amadeirado, um miado vindo da gata ecoando entre estes ao que ela se esfregou em minhas pernas e me olhou com seus grandes olhos azuis.

"Ei garota, foi você que pegou a gravata do seu pai?" Perguntei a acariciando. Dália começou a ronronar.

"Vai esperar ela te responder ou vai me ajudar a procurar?" Jimin perguntou alto e ríspido.

Era cedo demais para discutir, então concordei com a cabeça e me levantei para o ajudar.

Vou para o banheiro e termino de escovar os dentes, aproveitando para dar mais uma checada no cesto de roupas. Nada. Procurei pela sala, debaixo do sofá, na cozinha, e nada. Estava começando a ficar preocupado e temer pela minha vida e de Dália. Aquela gravata era o amuleto da sorte de Jimin, ele acreditava que se não a usasse nesses dias de reuniões, nada daria certo. Eu não o julgo, também tenho meus próprios amuletos da sorte. Adentro nosso quarto e uma luz acende em minha cabeça quando fito o guarda-roupa. Deito no chão e olho por baixo, segurando um grito de felicidade - e alívio, quando encontro a bendita gravata cheia de pelos e poeira.

"Encontrei." Anuncio quando volto para a sala, atraindo a atenção de Jimin que organizava sua maleta preta com pressa. "Estava debaixo do nosso guarda-roupa."

"Está um pouco suja, mas eu posso dar um jeito na empresa." Ele diz mais para si próprio do que para mim.

Seus olhos castanhos fitam meu rosto, um silêncio se instala por alguns segundos e o clima é estranho. Parecemos dois estranhos vivendo na mesma casa.

"Hum... Obrigado." Falou por fim juntando seus pertences e indo até a porta. "Te vejo no jantar?"

"Okay." Nos fitamos uma última vez e vejo sua cabeleira laranja sumir atrás da porta de nosso apartamento.