A (Triste) Vida de Amélia Fiorentino

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"Que dor de cabeça infernal!!"

Depois do que aconteceu na noite passada, Amélia acordou como se tivesse de ressaca, afinal, ela nunca chorou daquele jeito nem somando suas vidas.

- A srta. Anastácia me pediu para te entregar isso - Disse Marielle trazendo em uma bandeja um copo de água.

- Obrigada.

Amélia respirou fundo. Apesar da dor de cabeça e dos olhos inchados, ela sentiu como se tivesse tirado um enorme peso das costas. Ela se arrumou e foi tomar café da manhã.

- Não acredito que você ainda esteja me dando trabalho nessa idade - disse Anastácia quando Amélia entrou na sala de jantar.

- Cadê todo mundo?

- O papai está trabalhando e o Arthur esta tendo aulas de etiqueta. Cansaram de te esperar.

- Obrigada por me ajudar ontem.

Anastácia deu um sorriso com o canto da boca e mudou de assunto.

- Eu mandei um mensageiro avisando para sua amiga que você tiraria o dia de folga hoje, afinal, não acho que você gostaria de aparecer em público com a cara inchada desse jeito.

- Valeu - disse Amélia rindo.

Pelas duas semanas seguintes, ela sonhou com o restante das memórias de Amélia. Depois da morte da marquesa, a personalidade de Amélia mudou completamente. A garotinha alegre se tornou uma pessoa fechada e séria, que não se importava com ninguém. Sua mãe era a pessoa mais importante em sua vida e vê-la morrer na sua frente foi traumatizante.

Outra cena que ela viu foi como ela conheceu o príncipe herdeiro Connor Sole Martinozzi. Ela tinha apenas 7 anos quando eles ficaram noivos, o que era uma coisa bem comum na nobreza, por causa de casamentos políticos. A primeira vez que eles se viram foi no palácio real, quando foram formalmente apresentados um para o outro. Connor era um ano mais velho que Amélia, e tina uma pele escura como chocolate, com olhos amarelo-alaranjados, como o mel e cabelos de um louro escuro (ou castanho claro, dependendo da luminosidade). O príncipe foi educado com Amélia, mas não parecia muito interessado nela.

Depois do noivado, os dois se encontraram algumas vezes, sendo que Amélia não gostava dele realmente, mas também não o odiava. Ela não se importava em se casar com ele, e nem tinha a grande ambição de subir ao trono. Ela seguiria o que seu pai pedisse, pois não se importava com o que aconteceria com ela. Ela não conseguia se sentir genuinamente feliz.

A medida que crescia, Amélia foi se afastando das pessoas, estando sempre sozinha, não sentia o prazer da esgrima, que praticava desde os três anos, sendo que quando o príncipe Connor pediu para ele parar de praticar, ela não se sentiu incomodada. Anastácia saiu para estudar quando Amélia tinha doze anos, mas mesmo partindo, a irmã mais nova não se despediu. Viu o irmão mais novo se afastar, assim como ela. Um dia, Amélia simplesmente desistiu de viver e desejou por uma vida melhor, um novo começo. Isso foi um dia antes de Lúcia acordar em seu corpo.

Amélia sentiu toda a dor das lembranças, todo o pesar no coração. Mas também teve esperança.

"Eu espero que você tenha a vida que sempre desejou"

Mas... Tinha algo errado nas lembranças. Amélia sentiu que algo não estava certo, mas ela não sabia exatamente o que.

"Será que..?"

Ela afastou o pensamento. Não poderia ser isso. 

"Talvez eu só não me lembre da história direito".

Amélia foi se arrumar para visitar sua loja, mas esse incômodo não desapareceu de sua mente.



A Segunda Chance de AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora