Um reencontro

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   Depois de muito tempo me espreguiçando na cama em um sábado de manhã, tomo uma decisão repentina: vou escrever uma carta para os meus pais!
   Eu sei que eles talvez não queiram mais saber de mim, mas como faz muito tempo que eu não mantenho contato com eles acho bom eu dar um sinal de vida. Vou correndo até a minha mesa de cabeceira e pego uma caneta que estava próxima. Assim, começo a escrever:

   "Queridos papai e mamãe,

   Eu não esperava que iria ficar tanto tempo fora de casa, eu realmente tinha esperanças de que em algum momento vocês reconsiderariam...
Bom, o motivo desta carta não é me lamentar, eu só queria contar algumas novidades!
   Primeiramente, gostaria de dizer que depois de ser expulsa de casa, eu até pensei em esquecer essa história de teatro e estudar medicina. Mas sinto-lhês informar que eu não desisti e nem pretendo! Como já bem me conhecem, sabem que isso não é do meu feitio. Na primeira noite foi um pouco difícil, pois não tinha onde me alojar, mas depois uma alma bondosa ofereceu ajuda... e é graças à ela que eu estou numa pousada aconchegante.
   Além disso, depois de me organizar direitinho, decidi que era o momento de eu começar a agir: diariamente organizo e apresento pequenas peças de teatro na praça. Não é uma coisa muito grande, mas isso já é certamente um avanço. E presumo que já estou ficando conhecida pelas pessoas na cidade! Logo, logo eu espero estar no grande palco do teatro. Mas, voltando à realidade...eu espero que estejam se sentindo bem!

Beijos,

Amélia"

   Guardei a caneta e com a carta na mão, e me direcionei aos correios.

                              ***

   Mais tarde do dia, já estava me apresentando na praça com vários cidadãos que me observavam mas continuavam a caminhar depois de segundos. Na minha frente, havia umas 7 famílias apreciando atentamente a apresentação. Quando a peça finalizou, fui em direção ao camarim, mas, no caminho, avistei o homem que mais cedo na carta enviada aos meus pais, denominei de  "alma bondosa".
   Quando o vi, ele já estava olhando para mim com um sorriso no rosto. Sem pensar duas vezes fui em sua direção retribuindo o sorriso e o cumprimentei:
   -Olá!
   -Boa noite!
   -Hã...o que você está fazendo aqui? - digo ainda com um sorriso de orelha a orelha.
   -Ué, não se pode mais andar pela praça...?hã...hum...
   -Amélia! - afirmo - Meu nome é Amélia! E o seu?
   -Ethan. - Diz ele confuso mas com um sorriso irônico - É incrivel como nunca havia percebido que não sabia seu nome...
   -Não é?
   Depois disso, um silêncio constrangedor toma conta do lugar.
   -Hãm...há quanto tempo você está aqui? - digo tentando quebrar o gelo -.
   -Tempo suficiênte para saber que quero você na minha nova peça; assim você terá a oportunidade de retribuir o favor -quando diz isso, parece que está apenas anunciando qual o almoço do dia.
   Fico sem reação, tentando assimilar o que acabei de ouvir, até que finalmente alguma coisa sai da minha boca:
   -Oi? - ele começa a rir.
   -Quero você na minha peça.
   Eu sorrio incrédula.
   -Tá falando sério? Quer dizer, você produz peças?!
   -Aham. A propósito, você tem que me dar uma confirmação até amanhã.
   -Desculpa...hãm...eu ainda 'tô em choque...
   -Geralmente acontece. Sempre o mesmo tom de surpresa. Eu realmente não entendo o porquê de todos ficarem surpresos. -diz ele sorrindo.
   -Eu aceito! Com certeza...sim, sim!!! -digo sorrindo também.
   -O.K. Ainda bem, não posso perder uma atriz desse nível.
   Eu coro e viro a cabeça para o lado tentando disfarçar:
   -Obrigada.
   -Os ensaios começam amanhã! Esteja no teatro às 08:00! - diz ele já saindo.
   -Estarei lá! - grito ainda sem acreditar, mas muito feliz.
 

  
  
  

  
  

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