ANNE MALLOY
Eu corria desesperada em direção a biblioteca, quase caí ao chegar na porta mas consegui me equilibrar. Meu coração estava pulsando forte com receio, eu tinha muito medo de que alguém visse o meu caderninho. Corri para o canto onde estava sentada para procurar por lá mas não o achei e isso me preocupou terrivelmente.
Como fui perder algo tão importante assim?! Ele era para estar guardado a sete palmos de baixo da terra com mil e um cadeados. Mas não, eu tive a brilhante ideia de deixá-lo em minha mochila e agora eu não sabia onde ele estava. Eu não podia o perder, tinha muita coisa escrita lá, muita coisa que eu não queria que ninguém soubesse. E se caísse nas mãos erradas? Iriam fazer piada e rir de mim, eu não queria passar por isso.
Eu precisava encontrar aquele caderninho e talvez eu parasse de ser tão imbecil e começasse a escrever no celular mesmo os meus sentimentos. Como eu pude ser tão burra de escrever o que sinto num lugar tão fácil de abrir? Qualquer um podia achar e ler e era isso que estava me atormentando. Eu não queria que ninguém soubesse o que eu sentia por ele.
Me abaixava para procurar em baixo das mesas mas não estava, perguntava aos alunos que estavam ali mas eles só viravam a cara e pediam silêncio.
— Anne — Rose chamou minha atenção —, dá para se sentar e ficar em silêncio, por favor.
— Ah Rose — quase chorei indo em direção à ela —, você não viu um caderninho rosa por aí?
Minhas mãos estavam juntas em frente ao meu corpo e eu não conseguia parar de me mexer, parecia uma marionete. Meus olhos suplicavam por ajuda e Rose não entendia.
— Não, eu não vi nenhum caderninho rosa — disse e olhou por cima de meu ombro —, mas Thomas está me ajudando hoje como castigo então você terá que perguntar à ele. — Agora sua cara não estava mais séria e ela desmonstrava um certo sorrisinho.
— O quê? O Thomas Andrews? — perguntei com receio.
— É, olha ele ali.
Ela ria da minha cara, sabia dos meus sentimentos por ele desde sempre. Eu contava mais coisas para ela do que para minha melhor amiga já que eu vivia na biblioteca.
Eu olhei para o lado que ela estava apontando e o vi arrumando alguns livros. É sério, ninguém podia me jugar pelo o que escrevi sobre ele. Tão lindo. Tinha os cabelos curtos num castanho tão claro que quase pareciam loiros, os olhos eram perfeitamente azuis e ele era alto, corpo magrelo, braços longos e tudo que eu queria.
— Ah não, não, não. Não pode ser! — Quase gritei e ela fez sinal para que eu ficasse quieta. — É claro, é claro que ele estaria te ajudando no dia que eu perco o meu caderninho, é claro. — Olhei para o teto para tentar um contato com Deus — Sério?! Muito obrigada de verdade, mas não foi essa a ajuda que eu pedi.
— Quanto drama — disse me puxando para a parte de dentro do balcão amadeirado. — Vai falar com ele, Anne.
— Você está brincando? — Ela me olhou entediada. — E se ele achou? O que eu vou fazer?
— Se ele tivesse achado teria me entregado. — Começou a me empurrar para fora do balcão. — Agora vai lá perguntar.
— Mas acabou de dizer que ele não achou.
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O Caderninho De Anne Malloy
Teen FictionAnne Malloy acha que escrever sobre seus sentimentos em um caderninho de capa rosa é melhor do que simplesmente só pensar sobre, então ela escreveu tudo, tudo que sentia por Thomas Andrews. Mas ela nunca pensou que perderia aquele caderninho... "E...