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"Meu amor, por favor!" Ela gritou na minha direção, implorando.

Mas eu estava apático. Incapaz de pensar. A minha visão estava poluída e as minhas ações não pareciam corretas, mas eu não podia fazer nada.

Eu era fraco. Ele tinha razão. Sempre teve.

Os meus olhos vertiam lágrimas enquanto eu tentava descodificar o que quer que fosse que se estava a passar á minha frente. Eu estava confuso. A casa cheirava a álcool e o fumo do tabaco era demasiado, infiltrando-se nas minhas narinas e mexendo com minha cabeça, impedindo-me de pensar ou até de me mexer. Estremeci quando vi o corpo magro e degradado cair bem na minha frente, aos meus pés, fazendo o chão tremer por baixo de nós. O sangue escorria sem fim pelo seu estômago quando mais um tiro foi disparado, desta vez atingindo o seu peito. O barulho ecoou nos meus ouvidos e eu tremi novamente. A mulher caiu estendida no chão, deixando um gemido de dor fugir pela sua garganta arranhada.

"Zay -"

Mas ela foi incapaz de terminar a frase. E então eu vi tudo, sendo impossível para mim desviar o olhar, apesar de que era o que eu deveria ter feito no momento. Eu vi-a morrer. Aos poucos. Lenta e dolorosamente. Os seus braços ficaram relaxados de um momento para o outro, as suas pernas fletidas estavam agora coladas ao azulejo escuro, tremendo uma última vez. As lágrimas estavam já secas contra o meu rosto e uma expressão de raiva tomava agora conta de mim. Quando os seus olhos se fecharam eu senti o meu estômago andar ás voltas e tive uma súbida vontade de vomitar, mas não o fiz. O sangue parecia ter-se esgotado do seu corpo, coagulando-se aos poucos no chão, formando uma poça enorme que se espalhava progressivamente, chegando a tocar os meus pés descalços.

O barulho da porta a bater acordou-me da hipnoze e quando dei por mim eu estava de joelhos, com a arma na minha mão e o meu peito nú coberto por salpicos de sangue. As vozes atrás de mim estavam todas misturadas, confusas. A pistola escorregou por entre os meus dedos quando todo o meu corpo fraquejou, parecendo gelatina. Os meus braços foram amarrados atrás das minhas costas á medida que os meus olhos tomavam conta da situação á minha frente. Ainda pude ver os homens armados a entrar pela casa a dentro, senti uma dor na minha face quando um deles me empurrou contra a parede, esmagando a minha cara contra a mesma. Demorou alguns segundos até eu realmente perceber o que se estava a passar e finalmente as lágrimas começaram a cair.

"Zayn Malik, você está detido pelo homícidio de Patrícia Malik. Tudo o que disser poderá e irá ser usada contra si em tribunal..."

As palavras seguintes foram uma incógnita para mim, não conseguia de todo lembrar-me delas. Mas as imagens e sons anteriores não paravam de se repetir na minha mente, levando-me quase á loucura num espaço de segundos.

O que é que eu fiz?

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Beautiful Chaos || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora