Caramel Macchiato

Capítulo 2

Na manhã de sábado, Nicolas acordou com suas irmãs pulando em sua cama e perguntando, aos gritos, sobre seu atraso na noite anterior. Levou algum tempo para processar o que estava acontecendo e, a claridade entrando pela janela o cegava e tornava tudo ainda mais confuso. Sentou-se enquanto esperava sua visão se acostumar com a luz do quarto, suas irmãs pareciam ter se acalmado um pouco e agora esperavam uma resposta ansiosamente.

– Acorde logo, seu bobo apaixonado! Qual o nome dela? Por que chegou tão tarde ontem? – A irmã mais nova falava alto enquanto balançava os braços animadamente.

– Nicolas, o nome Nicolas, precisamos de nomes! Qual o nome dela? Me diz que você conseguiu o nome dessa vez. – Natasha parecia a mais inquieta das duas. Mesmo sendo a mais velha, se animava feito criança com esse tipo de coisa.

– Alice! O nome é Alice. E eu cheguei tarde ontem porque acompanhei Alice até a casa dela, satisfeitas?! – Falava rápido sentindo o constrangimento subir até seu rosto – Agora, por gentileza, 'cai' fora do meu quarto! – As duas gargalharam, obviamente não dando a mínima para o que Nicolas dizia, mas, no fim, acabaram saindo do quarto.

Nicolas se jogou de novo na cama respirando fundo, tentando se acalmar um pouco. Engraçado como só pensar em Alice já fez seu coração acelerar desse jeito. Procurou o celular cegamente, rezando para ainda ter mais alguns minutinhos antes de ser obrigado a iniciar seu dia. Infelizmente, já estava na hora de levantar.

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Aos sábados, poucas aulas eram lecionadas na universidade que estudava. Entretanto, a biblioteca funcionava normalmente. Por isso, antes de ir para a cafeteria, Nicolas decidiu ir até lá pegar um livro que precisava para um trabalho. Era engraçado ver o campus vazio dessa forma em um horário que, normalmente, estaria lotado.

Enquanto caminhava para o café, percebeu uma movimentação perto das quadras. Nicolas se perguntava se estava acontecendo algum tipo de evento por lá. Decidiu matar a curiosidade, fazendo um pequeno desvio para passar perto do local e, como se o destino tivesse esquematizado tudo, lá estava Alice.

Ela estava com o cabelo preso e usava roupas largas. Estava parada perto da entrada da quadra conversando com algumas garotas vestidas como ela. Nicolas mal percebeu que havia simplesmente travado no lugar, encarando a garota com a boca aberta. Alice não levou muito tempo para notar - juntamente com as outras garotas - mas, assim que o reconheceu, ofereceu um sorriso simpático. Quando Nicolas percebeu o que estava acontecendo, Alice já estava parada em sua frente o observando curiosa.

– Ah, então você é capitã do time de vôlei? – Nicolas comentou, finalmente entendendo a situação um pouco melhor.

– Sim! Você já está indo ao café? Eu ainda tenho treino, só poderei ir para lá mais tarde hoje. – Explicou Alice enquanto se ajeitava no pequeno banco de pedra que tinha ali.

Nicolas estava realmente surpreso com a informação. Lembrou-se das vezes que Alice apareceu com o cabelo bagunçado no café, provavelmente por causa dos treinos. Nicolas ficou curioso, a garota que viu no café nas últimas semanas não parecia ser do tipo atlética e agora, mais do que nunca, ele queria ver como seria. Olhou de relance o horário em seu telefone, percebendo que ainda tinha um tempo até seu turno começar de fato

– Na verdade, ainda tenho um tempo livre. Será que eu posso me sentar aí? – Apontou para o lugar vago ao lado de Alice. Ela prontamente acenou e se moveu um pouco para o lado, dando um espaço mais do que o suficiente para Nicolas se sentar.

Sentou-se timidamente, respeitando o espaço que Alice havia colocado entre eles. Ela foi rápida em começar a conversar sobre o curso, o campus, e tudo que rondava em sua mente, provavelmente para não deixar aquele silêncio ensurdecedor prevalecer. A conversa fluiu leve, como no dia anterior. Nicolas percebeu que Alice tinha muito a falar sobre o curso, parecia realmente apaixonada pela psicologia e a facilidade com a qual ela dava informações que pareciam realmente complexas era adorável. A riqueza nos detalhes apenas deixava tudo mais interessante e vívido. Nicolas tinha certeza que, mesmo se o oferecessem um milhão de reais, não conseguiria falar de engenharia dessa forma.