O torneio estava se aproximando. Alice comentou que, apesar de ficar um pouco ansiosa para os jogos, não se preocupava muito já que havia se acostumado com esse tipo de situação e, desde que tivesse tempo para se preparar antes, estaria tudo bem.
Nicolas ficava impressionado com a calma que Alice tinha, principalmente quando se tratava de se organizar emocionalmente, saber seus limites e como lidar com isso. Nicolas, no máximo, ficaria dois dias sem dormir, choraria e então iria fazer o que tivesse que ser feito ignorando o fato de que está quase desmaiando de nervosismo.
– O maior problema dessas coisas normalmente é o barulho da torcida. Algumas quadras fazem tanto eco que eu chego a ficar tonta, minha audição é bem sensível. Mas o pior de todos é quando, além de alto, o barulho vem de surpresa. Às vezes eu até acabo saindo do jogo por um tempo para me recuperar.
Alice falar sobre si mesma havia virado a música de fundo favorita de Nicolas. Ela sempre falava sobre algo que estava lendo ultimamente ou sobre alguma memória sua e, em outros dias, fazia Nicolas responder perguntas até que sua garganta secasse de tanto falar. Era uma troca equilibrada.
Na sexta, Nicolas estava inquieto. Percebera tarde demais que não sabia informação alguma do torneio – que, por acaso, era no dia seguinte. Não sabia direito onde seria, ou qual o horário. Claro, ele poderia simplesmente descobrir, já que seria no campus da faculdade, no entanto, as possibilidades de isso dar errado eram muitas. E o fato de que Alice não apareceu lá a tarde toda apenas deixava tudo pior.
Não que não fosse comum ela ficar um ou dois dias sem aparecer, ainda mais nas sextas quando ela normalmente tinha a tarde cheia, mas Nicolas esqueceu de perguntar sobre sábado e só agora percebeu que não tinha informação alguma sobre nada e que, se realmente quisesse ir, precisava falar com ela. Mentalmente, estava se estapeando incansavelmente por ainda não ter criado coragem para pedir o número dela.
Foi apenas no início da noite que Alice entrou no café, o cabelo preso em um rabo de cavalo alto e a jaqueta caindo dos ombros enquanto carregava seu notebook desajeitadamente nos braços. Ela cumprimentou Laura com um sorriso e foi direto para a mesa de sempre. Viu a garçonete se aproximar do balcão apenas para dizer que Alice iria querer o macchiato de sempre, com uma colher e meia de canela.
Enquanto preparava o pedido, espremia seu cérebro tentando formular um roteiro para conseguir pedir as informações do jogo sem maiores problemas. Nessas horas, desejava ser falante como as irmãs e não se importar nem um pouco com erros ocasionais. Mas lá estava ele, sentindo a cabeça ficar leve demais e as mãos começarem a suar.
– Aqui está. – Disse colocando a bebida delicadamente sobre a mesa enquanto respirava fundo e rezava em silêncio para conseguir dizer tudo certo.
Respirou fundo uma última vez, apertando com força a bandeja entre os dedos, mas, antes que pudesse proferir qualquer palavra, Alice o olhou como se tivesse levado um choque e então começou a explicar como seria o evento do dia seguinte. Por um lado, Nicolas se sentia aliviado, mas por outro, sentia uma certa decepção por ela ter falado antes que ele pudesse perguntar o que estava se preparando há tanto tempo para perguntar.
Mas com certeza não comentaria sobre isso com as irmãs.
Sábado chega e Nicolas imaginava que estaria muito mais agitado do que realmente estava. Queria ver Alice jogar, queria saber se, como jogadora, era calma e pensativa como a garota que passava horas lendo sem sequer se mover ou se era um completo oposto, como se se transformasse quando colocasse o uniforme. Pensar em uma Alice completamente diferente da que via sempre no café o deixava estranhamente ansioso.
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Caramel Macchiato
RomanceA presente estória nada mais é do que um bom e curto clichê romântico entre um atendente de uma cafeteria e uma cliente completamente apaixonada por Caramelo Macchiato. Nicolas, no auge de sua juventude, precisava de um emprego e a oportunidade apar...